Aprendizagem musical no canto coral - CEART
Aprendizagem musical no canto coral - CEART
Aprendizagem musical no canto coral - CEART
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
mencionam terem aprendido da mesma forma que os alu<strong>no</strong>s que tem seu primeiro contato<br />
com estas atividades. Contudo, a partir das experiências musicais anteriores, os dois grupos<br />
destacam distintos conteúdos desta aprendizagem. O trecho extraído da entrevista com um<br />
grupo de alu<strong>no</strong>s que já participa do <strong>coral</strong> há um a<strong>no</strong> ilustra estes diferentes aprendizados.<br />
Eduardo – Eu, pessoalmente, cresci muito na parte de música. Tanto pra cantar,<br />
quanto em teoria e tocar. Então foi aqui que eu cresci muito. Aqui com o <strong>coral</strong>,<br />
tocando com vocês.<br />
Kate – Quando eu fui pra casa a minha mãe não acreditou <strong>no</strong> que eu cresci o a<strong>no</strong><br />
passado tanto <strong>no</strong> pia<strong>no</strong> como também nessas coisas de cantar. Eu lembro da primeira<br />
vez que eu cantei aqui. Eu estava muito nervosa. Na outra escola eu não cantava...eu<br />
fui pra lá e cantei. Todo mundo ficou perguntando o que aconteceu com a minha<br />
voz. Eu acho que eu cresci muito aqui nesse negócio de cantar, ficar nervosa, e<br />
também tocar pia<strong>no</strong>. Antes eu quase não tocava pia<strong>no</strong>. E minha mãe e meu pai<br />
ficaram felizes pra caramba. Eles falaram que eu cresci muito na questão do pia<strong>no</strong> e<br />
de cantar.<br />
Charlote – E tipo, aprender também a...dinâmica da música. Viver o que está<br />
cantando. Todo mundo faz, eu vou fazer também. Mostrar mais o que a gente está<br />
cantando. Eu aprendi bastante com isso. Ficar mais solta.<br />
Arabela - Eu também, igual a Kate. Eu sempre tinha vergonha de cantar na minha<br />
igreja e... Sei lá, depois que eu cantei aqui... é diferente, eu me sinto mais a vontade.<br />
E também a questão de separar as vozes. Na minha igreja nunca foi assim. Sempre<br />
foi: Ah, vamos louvar, não importa o jeito. Aqui não, aqui a gente aprende a separar<br />
as coisas... voz...acaba melhorando a tua audição.<br />
Everaldo – Eu acho que eu aprendi bastante o a<strong>no</strong> passado <strong>no</strong> pia<strong>no</strong>, porque eu não<br />
sabia quase nada de pia<strong>no</strong>. Ler partitura também, eu aprendi muito mais aqui.<br />
Questão de voz, também. A minha extensão vocal, apesar de eu achar ela um pouco<br />
estranha ainda, ela mudou um pouquinho. Eu acho que aqui... eu gosto muito de<br />
participar das coisas, e os lugares que eu estava eu não participava tanto assim. Aqui<br />
eu comecei a participar mais, a me envolver mais, apesar desse a<strong>no</strong> mudar um<br />
pouco. Esse a<strong>no</strong> parece que está tudo diferente. Mas eu acho que eu aprendi bastante<br />
(Entrevista, Grupo II, 17 de maio de 2010).<br />
Ao longo dos depoimentos dos alu<strong>no</strong>s sobre sua aprendizagem <strong>no</strong> <strong>coral</strong>, percebemos<br />
como diferentes tipos de aprendizado são mencionados. A divisão entre aspectos musicais e<br />
não-musicais não é feita pelos alu<strong>no</strong>s, pelo contrário, as duas categorias parecem se<br />
completar. Muitos dos aprendizados citados pelos alu<strong>no</strong>s são mencionados em pesquisas<br />
sobre educação <strong>musical</strong> <strong>no</strong> <strong>coral</strong>. Schmeling e Teixeira (2003) bem como Costa (2009)<br />
mencionam o aprendizado social, o companheirismo, o conhecimento de si, do outro e do<br />
mundo como aspectos que são desenvolvidos pela prática <strong>coral</strong>, e o discurso dos alu<strong>no</strong>s<br />
demonstra que os mesmos também reconhecem este desenvolvimento <strong>no</strong> <strong>coral</strong>.<br />
Outro aspecto destacado pelos alu<strong>no</strong>s sobre a aprendizagem <strong>no</strong> <strong>coral</strong> é a utilização<br />
em outros contextos daquilo que aprenderam <strong>no</strong> <strong>coral</strong>. Meses depois que chegou ao colégio,<br />
78