12.04.2013 Views

Aprendizagem musical no canto coral - CEART

Aprendizagem musical no canto coral - CEART

Aprendizagem musical no canto coral - CEART

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

num processo de ensi<strong>no</strong> e aprendizagem. Esse envolvimento resulta numa relação mais<br />

prazerosa e significativa com a construção do saber”.<br />

A Questão 10 buscou mais detalhes sobre o estudo de música. Ao perguntar se já<br />

tinham tido aulas de música, 38 (trinta e oito) alu<strong>no</strong>s responderam afirmativamente. Pedimos<br />

que, se afirmativa a resposta, mencionassem qual curso fizeram e por quanto tempo. Nenhum<br />

alu<strong>no</strong> mencio<strong>no</strong>u o estudo de música na educação básica. Foram mencionados vários<br />

instrumentos e cursos de percepção e teoria <strong>musical</strong>.<br />

Embora os outros 22 (vinte e dois) alu<strong>no</strong>s participantes tenham respondido nunca<br />

terem estudado música formalmente, as observações e entrevistas revelaram que vários destes<br />

tiveram acesso a uma educação <strong>musical</strong> em contextos não-formais e informais. Um destes<br />

exemplos é mencionado na observação abaixo, a partir do diário de campo da pesquisadora,<br />

relato este que foi a<strong>no</strong>tado <strong>no</strong>s primeiros dias da coleta de dados e da pesquisa de campo.<br />

Do quarto onde estou alojada, há quase uma hora escuto o som de um teclado.<br />

Alguns trechos de músicas são tocados (Pour Elise, Hi<strong>no</strong> Nacional Brasileiro, Ticotico<br />

<strong>no</strong> fubá, Passa-passa Gavião – Cirandas Villa-Lobos). Como já lecionei aqui <strong>no</strong><br />

a<strong>no</strong> anterior para vários alu<strong>no</strong>s de pia<strong>no</strong>, pude tentar identificar, a partir do<br />

repertório tocado, quem era a aluna. Contudo, após algum tempo o repertório<br />

sugeriu a mudança de quem estava tocando.<br />

Passado algum tempo decidi descer do meu quarto a fim de conversar e observar um<br />

pouco os alu<strong>no</strong>s que estão lá embaixo. A professora de Educação Física realiza a sua<br />

aula com os meni<strong>no</strong>s do primeiro a<strong>no</strong>. Como estou alojada <strong>no</strong> dormitório femini<strong>no</strong>,<br />

desço as escadas em direção ao pátio e área de lazer. No caminho, me deparo com a<br />

porta aberta da capela do dormitório femini<strong>no</strong>. Este local, improvisado, por hora, é<br />

utilizado para os cultos e reuniões das meninas pela manhã e à <strong>no</strong>ite. Dentro da sala,<br />

encontro várias cadeiras de plástico brancas, enfileiradas e, na frente, um teclado<br />

Cássio peque<strong>no</strong> sobre duas carteiras escolares.<br />

Duas alunas encontram-se na sala. Uma delas, a Ema<strong>no</strong>ela, toca „Jesus alegria dos<br />

homens‟ ao teclado enquanto a amiga parece cantar a melodia. Quando percebe a<br />

minha presença, Ema<strong>no</strong>ela sai rapidinho do teclado. Fica com vergonha porque tem<br />

alguém ali e afirma que não sabe tocar. A amiga, Karen, assume o teclado. Dedilha<br />

as <strong>no</strong>tas de uma melodia simples, que aprendeu na aula de pia<strong>no</strong>. Ela disse que o<br />

professor esperava que levasse um tempão pra tocar, mas aprendeu rapidinho. E já<br />

estava decor. Em alguns momentos ela parava um pouquinho para se lembrar o que<br />

viria depois. Quando termina, a amiga a elogia, e eu também. Ela segue tocando<br />

mais uma música (a melodia) de uma canção de uma banda conhecida. Toca a<br />

introdução e parte das primeiras frases da música. A Ema<strong>no</strong>ela reconhece a música e<br />

incentiva a colega. – “Continua, está certinho”, diz ela. Depois, a Karen sai da sala,<br />

sem dar muitas explicações.<br />

Com me<strong>no</strong>s vergonha, a Ema<strong>no</strong>ela volta para o pia<strong>no</strong>. Começa a tocar Pour Elise<br />

(Beethoven). No começo, com as duas mãos. Depois, continua “descobrindo” as<br />

<strong>no</strong>tas com a mão direita. Em uma das partes, o teclado é insuficiente, e ela imita o<br />

que estaria tocando <strong>no</strong> restante da mesa. Damos risadas juntas. – “É, faltou teclado<br />

pra continuar a música”, comento eu.<br />

Antes de concluir a música, ela desiste. Pergunto se podemos tocar juntas. Ela toca a<br />

direita e eu a esquerda. Então, a Ema<strong>no</strong>ela fica toda sem graça. Não sabia que eu<br />

tocava. Diz que se soubesse nem teria sentado <strong>no</strong> teclado. Eu digo que já estava<br />

escutando ela tocar lá do meu quarto. E decidi descer pra ouvir melhor. Digo que<br />

estava bonito. Ela me disse que errou muito. Falo que isso acontece com todo<br />

56

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!