Aprendizagem musical no canto coral - CEART
Aprendizagem musical no canto coral - CEART
Aprendizagem musical no canto coral - CEART
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
atividades vocais. Nenhum alu<strong>no</strong> relatou ter estudado <strong>canto</strong> formalmente. Isto indica que a<br />
maioria aprendeu a cantar sem o auxílio de um professor, embora reconheçamos que a<br />
participação em <strong>coral</strong> possa contribuir grandemente para o desenvolvimento da técnica vocal<br />
e do <strong>canto</strong> e é um espaço legítimo de ensi<strong>no</strong> e aprendizagem <strong>musical</strong>.<br />
Relacionando os dados deste Gráfico 2 (p. 53) com o Gráfico 1 (p. 52), podemos<br />
também inferir que a influência dos familiares para a prática vocal é um fator importante.<br />
Mais da metade dos alu<strong>no</strong>s, 52%, que responderam ao questionário afirmaram que pai, mãe<br />
ou irmãos cantam. A partir destes dados e dos relatos dos próprios alu<strong>no</strong>s, percebemos a<br />
influência dos familiares <strong>no</strong> desenvolvimento <strong>musical</strong> dos alu<strong>no</strong>s, de forma a incentivarem<br />
experiências musicais e até mesmo transmitirem seus saberes nesta área.<br />
Este influência familiar <strong>no</strong> desenvolvimento <strong>musical</strong> é mencionada também por<br />
Waslawick e Maheirie (2009). Ao analisarem as atividades de criação <strong>musical</strong> de um meni<strong>no</strong><br />
de seis a<strong>no</strong>s, as autoras consideram a família como uma comunidade de prática <strong>musical</strong>. Para<br />
elas, “se forma, então, na família, um movimento de mão dupla <strong>no</strong> incentivo ao fazer<br />
<strong>musical</strong>” (WASLAWICK e MAHEIRIE, 2009, p. 106). Este ir e vir reflete-se <strong>no</strong> estímulo<br />
dado pelos pais para o desenvolvimento <strong>musical</strong> dos filhos, que, por sua vez, trazem para o<br />
círculo familiar os aprendizados nestas experiências. O depoimento de Marie (entrevista, 19<br />
de maio de 2010) ilustra o que acima foi mencionado. Ao explicar os motivos que a levaram a<br />
participar do <strong>coral</strong>, ela diz: “Quando eu vim pra cá, o meu pai falou: „vou ficar mais feliz se<br />
além das tuas <strong>no</strong>tas boas, tu entrares <strong>no</strong> <strong>coral</strong>. É um grande sonho pra mim‟”. A aluna, que<br />
veio de uma família onde cantar é a principal prática <strong>musical</strong>, mostrou em seu discurso a<br />
importância atribuída pelo pai a essa atividade e o incentivo que os mesmos deram a ela para<br />
que continuasse cantando.<br />
O último fator que gostaríamos de considerar ao justificar a maior quantidade de<br />
alu<strong>no</strong>s com experiências de prática vocal é o aspecto religioso. O Instituto Adventista de<br />
Ensi<strong>no</strong> de Santa Catarina, apesar de ser uma instituição confessional, admite alu<strong>no</strong>s de<br />
qualquer opção religiosa. Contudo, a maior parte dos alu<strong>no</strong>s vem de famílias que pertencem à<br />
mesma religião do Instituto. Nos cultos e outras atividades que acontecem na Igreja<br />
Adventista, a música é muito presente. As observações na rotina dos alu<strong>no</strong>s na Instituição,<br />
bem como dos momentos de atividades religiosas mostrou o papel da música nestes<br />
acontecimentos. Nos cultos, há momentos em que todos cantam juntos e momentos dedicados<br />
a músicas especiais, apresentadas por corais, grupos vocais, ou solistas incumbidos de tais<br />
funções. Desde pequenas, as crianças são incentivadas a cantar canções que contem histórias<br />
da Bíblia ou que apresentem temas relacionados ao aspecto religioso.<br />
54