13.04.2013 Views

Jean Piaget no século XXI - Faculdade de Filosofia e Ciências ...

Jean Piaget no século XXI - Faculdade de Filosofia e Ciências ...

Jean Piaget no século XXI - Faculdade de Filosofia e Ciências ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

M O N T O Y A , A . O . D . et al. (ORG.)<br />

impõe suas restrições, nas quais o pensamento e a linguagem vêm se moldar. E se o<br />

pensamento está em interação constante com seus conteúdos, ele não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />

fazê-lo com a própria língua nas estruturas da qual ele se vê obrigado a penetrar. Se<br />

existe um vínculo dialético entre pensamento e linguagem, não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> haver<br />

um também entre pensamento e língua. Todos aqueles que tentam se expressar em<br />

uma língua estrangeira sabem disso muito bem. Isto dito, se a linguagem é o modo<br />

<strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> um pensamento, parece evi<strong>de</strong>nte que este cria sua linguagem.<br />

Para sintetizar essas poucas refl exões que fi zemos <strong>no</strong> contexto da epistemologia<br />

e da psicologia genéticas, diremos que a partir do momento em que se manifesta na<br />

criança a distinção entre signifi cante e signifi cado, surge a fala, ou seja, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>no</strong>mear. E como a língua faz parte <strong>de</strong> seu ambiente, ela se apropria das palavras que<br />

<strong>de</strong>signam as coisas ou os objetos, palavras que fazem parte da língua ou sistema <strong>de</strong><br />

sig<strong>no</strong>s organizados com suas regras <strong>de</strong> composição e <strong>de</strong> transformações, externas a ele<br />

e à disposição <strong>no</strong> meio. Ao falar, a criança, segundo o nível alcançado pelas estruturas<br />

<strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong>, monta as palavras para comunicar-se com aqueles que estão a sua<br />

volta, expressar ou dizer suas representações imagéticas e <strong>de</strong>pois conceituais. Assim<br />

fazendo, ela cria e recria a linguagem porque diz algo que adquire sentido e veicula<br />

signifi cações, em outras palavras, conteúdos, que são criação sua. Seu pensamento<br />

se alimenta das representações e as coloca em relação através <strong>de</strong> transformações ou<br />

operações que, quando se equilibram entre elas, apresentam a particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser<br />

reversíveis ou passíveis <strong>de</strong> se autotransformar para passar <strong>de</strong> um equilíbrio a outro,<br />

em um sistema <strong>de</strong> equilibrações-<strong>de</strong>sequilibrações sem fi m, em adaptação ao meio. O<br />

conteúdo ou os conteúdos do pensamento alimentam a linguagem que é sua expressão.<br />

Segundo a natureza <strong>de</strong>stes, a linguagem toma a coloração do pensamento que se nutre<br />

<strong>de</strong>la e se transforma, criando assim seus objetos <strong>no</strong> contexto das adaptações ao meio.<br />

Com isto, o pensamento em interação com seus conteúdos entra em um ciclo dialético<br />

adaptativo e autotransformador que enriquece uma e outro.<br />

Segundo a natureza do objeto sobre o qual inci<strong>de</strong> o pensamento, a linguagem<br />

assume um caráter particular e muitas vezes especializado. Nascem daí, <strong>no</strong> contexto<br />

da língua, linguagens tais como a religiosa, a fi losófi ca, a política, etc. Quanto mais<br />

se aprofunda a linguagem, graças às interações entre ela e o pensamento, mais ela se<br />

especializa e se especifi ca. Mas, além disso, ela solicita as estruturas da ativida<strong>de</strong> ou as<br />

operações mentais, e as leva a <strong>de</strong>senvolver ao máximo suas capacida<strong>de</strong>s. Em um ciclo<br />

sem fi m.<br />

Há, pois, não apenas uma gênese da linguagem pela maturação neurológica<br />

e o uso interativo com a língua, mas também uma gênese do pensamento em todas<br />

as suas formas. Ela nunca atingirá o equilíbrio que se dá pelo aprofundamento dos<br />

114

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!