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Jean Piaget no século XXI - Faculdade de Filosofia e Ciências ...

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M O N T O Y A , A . O . D . et al. (ORG.)<br />

Para seguir a primeira, não é necessário munir-se <strong>de</strong> concepção teórica, com<br />

fundamentação científi ca. Basta seguir os costumes escolares, reproduzir o senso<br />

comum que acredita que tudo se resolve na prática, que basta conhecer o conteúdo,<br />

ter bom senso e seguir a própria intuição: (a) ensinar, e exigir a repetição do ensinado<br />

ou (b) <strong>de</strong>ixar que o alu<strong>no</strong> aprenda por si mesmo se ele for, presumivelmente, bem<br />

dotado, pre<strong>de</strong>stinado por sua herança genética. O recurso indispensável para isso<br />

é a disciplina, isto é, o controle do comportamento do alu<strong>no</strong>, <strong>de</strong> forma explícita<br />

(diretivismo) ou <strong>de</strong> forma velada (não diretivismo). Para dar conta da segunda<br />

(interativida<strong>de</strong> ou construtivida<strong>de</strong>), é necessário, ao contrário, progredir na construção<br />

<strong>de</strong> uma concepção teórica, com fundamentação multidisciplinar: psicológica,<br />

sociológica, epistemológica; partir do caos na direção da organização. Essa forma<br />

implica interdisciplinarida<strong>de</strong>, organização metodológica e disciplina intelectual, pois<br />

envolve ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sujeitos em busca da cooperação.<br />

É dispensável dizer que seguir a primeira modalida<strong>de</strong> é simples e fácil. A<br />

segunda, ao contrário, é muito trabalhosa, pois consi<strong>de</strong>ra a complexida<strong>de</strong> das ações<br />

humanas buscando continuamente coor<strong>de</strong>ná-las.<br />

Embora a primeira modalida<strong>de</strong> constitua a forma incontestavelmente<br />

hegemônica <strong>de</strong> trabalho escolar (BECKER, 2009), as limitações que ela apresenta,<br />

enquanto minimiza a criativida<strong>de</strong>, impe<strong>de</strong> a invenção, esbanja energia docente<br />

com a disciplina, <strong>de</strong>sperdiça energia discente com ativida<strong>de</strong>s repetitivas, são<br />

também incontestáveis. Não são poucos os <strong>de</strong>fensores <strong>de</strong> tal escola que bran<strong>de</strong>m o<br />

conteudismo como ban<strong>de</strong>ira e até elogiam o fazer cego. “Pelas mesmas razões que<br />

não é necessário ser engenheiro automobilístico para ver quem chegou em primeiro<br />

numa corrida, po<strong>de</strong>mos medir qual método alfabetiza melhor sem enten<strong>de</strong>r suas<br />

teorias.” (CASTRO, 2008, p. 20).<br />

Essa interpretação obscurantista da ativida<strong>de</strong> docente caracteriza-se por uma<br />

visão antiteórica e anticientífi ca do trabalho escolar. Enten<strong>de</strong> que a educação é área<br />

<strong>de</strong> domínio do senso comum para a qual não se precisa <strong>de</strong> ciência – o engenheiro<br />

po<strong>de</strong> ensinar Resistência dos materiais ou Eletromagnetismo, o bacharel em<br />

matemática po<strong>de</strong> ensinar Cálculo diferencial e integral, o jurista po<strong>de</strong> ensinar Direito<br />

internacional, o literato po<strong>de</strong> ensinar Literatura contemporânea sem nenhuma<br />

fundamentação teórica em epistemologia, didática ou pedagogia. Entrega-se ao<br />

empirismo o que <strong>de</strong>veria contar com o melhor que as ciências têm produzido <strong>no</strong><br />

âmbito <strong>de</strong> metodologias epistemologicamente críticas. Entrega-se ao apriorismo<br />

vulgar ou ao inatismo o que <strong>de</strong>veria aparecer como resultado das construções<br />

humanas enquanto progri<strong>de</strong>m na direção da auto<strong>no</strong>mia.<br />

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