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Jean Piaget no século XXI - Faculdade de Filosofia e Ciências ...

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Vejamos <strong>de</strong>talhadamente.<br />

J E A N P I A G E T N O S É C U L O X X I<br />

Ele está <strong>de</strong> acordo que a passagem da igualda<strong>de</strong> (homogêneo) para a diferença<br />

(heterogêneo) produz a diferenciação e, <strong>de</strong>sse modo, a complexida<strong>de</strong> do social. Por<br />

isso, o <strong>de</strong>senvolvimento do ser e do social só é possível se se admitir a diferença<br />

como motor imprescindível.<br />

Assim, diferentemente dos a<strong>de</strong>ptos da <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> diferença, o estruturalista/<br />

genético/construtivista/interacionista <strong>Piaget</strong> não concebe a igualda<strong>de</strong> moral como<br />

sinônimo <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong>; portanto, uma forma <strong>de</strong> aprisionamento e apagamento<br />

ou <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração das diferenças. Pelo contrário!<br />

Nesse ponto, ele – como tantos outros – concorda com os sociólogos que é<br />

por causa das diferenças que se rompe com a tradição, possibilitando-se a liberda<strong>de</strong> e a<br />

conseqüente, auto<strong>no</strong>mia dos sujeitos. São os embates entre o indivíduo e a socieda<strong>de</strong><br />

que justamente enriquecem a personalida<strong>de</strong>, a ponto <strong>de</strong> os seres se reconhecerem<br />

como sociais; em <strong>de</strong>corrência, construídos e construtores <strong>de</strong> sua história. “Esta<br />

diferenciação, como os sociólogos o <strong>de</strong>monstraram, é precisamente condição da<br />

ruptura dos conformismos <strong>de</strong>vidos à coação e, por conseqüência, condição <strong>de</strong><br />

liberda<strong>de</strong> das personalida<strong>de</strong>s.” (PIAGET ([1932], 1994, p. 295). Dessa maneira, é<br />

justamente o oposto que se verifi ca, quando <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> intervir com a fi nalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

auxiliar os sujeitos a construírem o pensamento racional.<br />

Aqui cabe fazer uma advertência. Nota-se que <strong>Piaget</strong> não propõe a intervenção<br />

junto aos sujeitos heterô<strong>no</strong>mos, com o objetivo <strong>de</strong> mantê-los nessa condição.<br />

Igualmente é verda<strong>de</strong>iro que <strong>Piaget</strong> – em <strong>no</strong>me <strong>de</strong> uma suposta não <strong>no</strong>rmatização<br />

– busca exatamente oferecer refl exões que, <strong>de</strong> posse dos educadores, possam orientálos<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s capazes <strong>de</strong> auxiliar os sujeitos na construção<br />

da moral autô<strong>no</strong>ma – justamente a baseada <strong>no</strong> respeito mútuo. Nesse sentido, ele não<br />

<strong>de</strong>ixa – como <strong>de</strong>i a enten<strong>de</strong>r, em vários momentos do presente texto – <strong>de</strong> emitir juízo<br />

<strong>de</strong> valor (como se fosse possível a qualquer pessoa não fazê-lo) e, em <strong>de</strong>corrência,<br />

consi<strong>de</strong>rar a construção do pensamento racional como mero preciosismo <strong>de</strong> sua<br />

parte ou algo natural.<br />

Advém <strong>de</strong>sse raciocínio uma das críticas às teorias das diferenças culturais, pois<br />

não interferir em <strong>no</strong>me da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se emitir juízo <strong>de</strong> valor, impor verda<strong>de</strong>s,<br />

<strong>no</strong>rmatizar ou algo equivalente é privar as pessoas <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados saberes e tornálas<br />

reféns das pessoas dotadas <strong>de</strong> pensamento racional, para ele, o mais <strong>de</strong>senvolvido<br />

que se conhece.<br />

Soma-se a isso o fato <strong>de</strong> que, quando os sujeitos se reconhecem como diferentes<br />

– e isso apenas se dá por causa do outro – apresentam condições para compreen<strong>de</strong>r a<br />

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