Jean Piaget no século XXI - Faculdade de Filosofia e Ciências ...
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M O N T O Y A , A . O . D . et al. (ORG.)<br />
Assim, para respon<strong>de</strong>r à questão e introduzir os elementos <strong>de</strong>ssa estrutura<br />
fundamental, que permite enten<strong>de</strong>r a passagem da ação sobre a experiência sensível<br />
à estruturação lógico-matemática do Real, <strong>de</strong>fi nimos abaixo uma <strong>no</strong>ção que, como<br />
veremos, possibilita diferenciar melhor e coor<strong>de</strong>nar as <strong>no</strong>ções <strong>de</strong> ação interiorizada<br />
e operação concreta.<br />
Chamaremos <strong>de</strong> transfi guração, por <strong>de</strong>fi nição, uma ação, realizada<br />
endogenamente pelo sujeito epistêmico, que consiste em passar <strong>de</strong> uma imagem<br />
mental (que representa uma situação ou objeto que chamaremos estado 1) a<br />
outra imagem mental (estado 2) e que permite comparar os objetos ou situações<br />
representados, sendo que as imagens não po<strong>de</strong>m estar fundidas uma representação<br />
imagética única, ou seja, o sujeito <strong>de</strong>ve expressar em seu comportamento (o que<br />
mostra haver a consciência <strong>de</strong>) que se trata <strong>de</strong> dois objetos ou situações diferentes e<br />
que são ligados por essa própria ação endógena que os compara.<br />
A transfi guração é condição tanto das classes individuais (pois ela estabelece<br />
a individualida<strong>de</strong> estrita da representação dos objetos), quanto da representação<br />
precisa <strong>de</strong> uma transformação do real (já vivida ou não pela criança).<br />
Usamos o termo transfi guração, pois, na falta <strong>de</strong> um melhor, ele permite<br />
<strong>de</strong>signar as ações interiorizadas (pertencentes, pois, ao aspecto operativo do<br />
conhecimento) sobre os elementos do aspecto fi gurativo do conhecimento (trans =<br />
movimento para além <strong>de</strong>, fi gura = imagem) 3 . A <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> transfi guração especifi ca<br />
aquela <strong>de</strong> ação interiorizada que intervêm nas manipulações concretas.<br />
Sendo um aspecto das operações, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar transfi gurações é<br />
condição necessária às operações.<br />
Quanto a saber se a existência <strong>de</strong> transfi gurações é condição sufi ciente para<br />
as operações, temos que não, pois segundo a citação acima <strong>de</strong> <strong>Piaget</strong>, para que o<br />
sistema <strong>de</strong> transfi gurações se torne um sistema operatório, não basta se combinar<br />
“com outras, em sistemas <strong>de</strong> conjuntos reversíveis”, mas também <strong>de</strong>ve também<br />
ser “acompanhada por uma tomada <strong>de</strong> consciência <strong>de</strong> seu mecanismo e <strong>de</strong> suas<br />
coor<strong>de</strong>nações”.<br />
Por fi m, da mesma forma que diferenciamos uma ação e seu esquema, é<br />
importante diferenciar entre uma transfi guração e seu esquema.<br />
3 <strong>Piaget</strong> (BETH; PIAGET, 1961, p. 169) <strong>de</strong><strong>no</strong>mina operativo a “[...] este aspecto do conhecimento que é relativo<br />
às ações e às operações [...]” e fi gurativo ao aspecto “[...] relativo às confi gurações sensíveis (por exemplo, à<br />
percepção e à imagem mental)”.<br />
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