Jean Piaget no século XXI - Faculdade de Filosofia e Ciências ...
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J E A N P I A G E T N O S É C U L O X X I<br />
Com efeito, a função semiótica é bem anterior a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operar, ela marca<br />
o inicio do Período Pré-Operatório cujo fi nal se dá com o surgimento das operações<br />
concretas; neste ponto, ela possibilita as “ações interiorizadas” e as “operações”.<br />
<strong>Piaget</strong> <strong>de</strong><strong>no</strong>mina<br />
interiorizada à uma ação executada em pensamento sobre os objetos simbólicos,<br />
seja pela representação <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senrolar possível e sua aplicação aos objetos reais<br />
evocados por imagens mental (tendo então a imagem o papel do símbolo), seja<br />
pela aplicação direta aos sistemas simbólicos (sig<strong>no</strong>s verbais, etc.) (APOSTEL;<br />
MANDELBROT; PIAGET, 1957, p. 44-45).<br />
As operações são, por <strong>de</strong>fi nição, segundo <strong>Piaget</strong> (APOSTEL; MANDELBROT;<br />
PIAGET, 1957, p. 45) “[...] ações interiorizadas ou interiorizáveis, reversíveis e<br />
coor<strong>de</strong>nadas em estruturas totais [...]”, cujas leis, segundo <strong>Piaget</strong> (BETH; PIAGET,<br />
1961, p. 169) “[...] o observador po<strong>de</strong> <strong>de</strong>screver em termos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> grupos, etc.,<br />
breve, na linguagem da álgebra geral”.<br />
No período operatório concreto, que é aquele que <strong>no</strong>s interessa aqui, o<br />
agrupamento seria o mo<strong>de</strong>lo das estruturas operatórias.<br />
<strong>Piaget</strong> escreve:<br />
A observação e a experiência <strong>no</strong>s tem mostrado, com efeito, que, se chamamos<br />
“operações” às ações interiorizadas, reversíveis (<strong>no</strong> sentido <strong>de</strong>: po<strong>de</strong>ndo ser<br />
executada <strong>no</strong>s dois sentidos) e coor<strong>de</strong>nadas em estruturas <strong>de</strong> conjunto, e se<br />
chamamos “concretas” às operações que intervêm nas manipulações dos objetos<br />
ou nas suas representações acompanhadas <strong>de</strong> linguagem, mas não atuando apenas<br />
sobre proposições ou enunciados verbais (as operações sobre estes, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> toda manipulação, sendo chamadas “hipotético-<strong>de</strong>dutivas” ), todas as estruturas<br />
do nível das operações concretas se reduzem a um só mo<strong>de</strong>lo, que po<strong>de</strong>mos<br />
<strong>de</strong>signar com o <strong>no</strong>me <strong>de</strong> “agrupamento” (BETH; PIAGET, 1961, p. 185).<br />
Por outro lado, po<strong>de</strong>mos <strong>no</strong>s perguntar: se toda operação concreta é uma ação<br />
interiorizada, será que, inversamente, toda ação interiorizada é uma operação?<br />
O próprio <strong>Piaget</strong> <strong>no</strong>s diz que:<br />
Na realida<strong>de</strong>, uma operação concreta não é apenas uma ação interiorizada e que<br />
se combina com outras, em sistemas <strong>de</strong> conjuntos reversíveis; é também, e por<br />
isso mesmo, uma ação que é acompanhada por uma tomada <strong>de</strong> consciência <strong>de</strong> seu<br />
mecanismo e <strong>de</strong> suas coor<strong>de</strong>nações (INHELDER; PIAGET, 1976, p. 4).<br />
Ora, essa distinção, entre ação interiorizada e operação, cria espaço para uma<br />
análise mais <strong>de</strong>talhada que possibilita <strong>de</strong>terminar quais estruturas estariam em jogo na<br />
constituição das operações concretas e respon<strong>de</strong>r à questão da existência <strong>de</strong> uma única<br />
estrutura fundamental, alicerce das operações <strong>de</strong> classe e <strong>de</strong> relações do Agrupamento.<br />
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