Jean Piaget no século XXI - Faculdade de Filosofia e Ciências ...
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M O N T O Y A , A . O . D . et al. (ORG.)<br />
Dito <strong>de</strong> maneira formal, para atingirem o status <strong>de</strong> estruturas operatórias, os<br />
três, número, classifi cação e seriação, são construídos solidariamente, num processo<br />
<strong>de</strong> inter<strong>de</strong>pendência, conforme <strong>Piaget</strong> e seus colaboradores reafi rmam <strong>no</strong> livro<br />
Problèmes <strong>de</strong> la construction du <strong>no</strong>mbre:<br />
[...] o número não é construído antes das classes e das relações e nem após elas<br />
(isto é, após sua aparição ou após sua estruturação em agrupamento), porém,<br />
todos os três são construídos juntos, por etapas progressivas e suce<strong>de</strong>ndo-se<br />
sincronicamente, pelas mesmas etapas <strong>de</strong> estruturação. É assim que já se encontram<br />
igualizações numéricas momentâneas por correspondência ótica ao nível on<strong>de</strong> as<br />
classifi cações proce<strong>de</strong>m por coleções fi gurais e on<strong>de</strong> as seriações apresentam as<br />
estruturas análogas, enquanto que as correspondências operatórias se constituem<br />
ao mesmo nível das classifi cações e das seriações operatórias (com avanços e recuos<br />
<strong>de</strong> uns e <strong>de</strong> outros). (PIAGET et al, 1960, p. 63).<br />
POR QUE A ENUMERAÇÃO NÃO É CONSIDERADA NA INVESTIGAÇÃO DE PIAGET E<br />
SZEMINSKA?<br />
Para respon<strong>de</strong>r a esta questão, <strong>no</strong>vamente recorremos ao caráter epistemológico<br />
da investigação realizada o que implica em consi<strong>de</strong>rar os aspectos históricos. De<br />
maneira geral, as pesquisas realizadas por <strong>Piaget</strong> e seus colaboradores quase sempre<br />
estabelecem (mesmo que <strong>de</strong> maneira não explícita) um paralelo entre a história dos<br />
conhecimentos na sua globalida<strong>de</strong> e a evolução dos conhecimentos na criança e,<br />
portanto, toda experimentação piagetiana, até 1970, pelo me<strong>no</strong>s, tenta encontrar as<br />
origens da <strong>no</strong>ção que avalia.<br />
Para encontrar a gênese do número, então, não é solicitado às crianças que<br />
contem ou se sabem contar, pois <strong>Piaget</strong> e Szeminska, <strong>de</strong> acordo com Chalon-Blanc<br />
(2008) jamais fariam esta questão aos “criadores” o número. Além disso, o que<br />
eles tinham em m ente, em função <strong>de</strong> sua hipótese, era a busca pela construção<br />
da quantida<strong>de</strong> discreta irredutível à manipulação <strong>de</strong> um número aprendido ou à<br />
avaliação trivial <strong>de</strong> pequenas quantida<strong>de</strong>s, como algumas pesquisas atuais proce<strong>de</strong>m.<br />
A contagem não <strong>de</strong>spertou o interesse <strong>de</strong> <strong>Piaget</strong>, porque essa ativida<strong>de</strong> não<br />
lhe pareceu essencial para compreen<strong>de</strong>r a construção do conceito do número.<br />
Para os pesquisadores, o que seria fundamental em uma investigação que busca as<br />
origens do número é i<strong>de</strong>ntifi car em que momento as crianças passam <strong>de</strong> raciocínios<br />
fundamentados apenas nas qualida<strong>de</strong>s dos objetos para raciocínios sustentados nas<br />
quantida<strong>de</strong>s que estabelecem.<br />
Se por concentrarem seus estudos <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento intelectual das crianças<br />
(pressupondo operações), <strong>Piaget</strong> e Szeminska não <strong>de</strong>senvolveram maiores análises<br />
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