Jean Piaget no século XXI - Faculdade de Filosofia e Ciências ...
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J E A N P I A G E T N O S É C U L O X X I<br />
Os resultados <strong>de</strong> Karmiloff-Smith, segundo Chalon-Blanc (1991) indicam que<br />
crianças com um a<strong>no</strong> <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m or<strong>de</strong>nar conjuntos com diferentes quantida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> elementos, po<strong>de</strong>ndo dar conta <strong>de</strong> pequenas mudanças numéricas <strong>no</strong> conjunto que<br />
está observando e ig<strong>no</strong>rar outros dados perceptivelmente interessantes como cor e<br />
forma. Seria um sentido numérico intuitivo, muito semelhante ao senso numérico do<br />
homem primitivo.<br />
De acordo com Gelman e Gallistel (1978), a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contagem é dirigida<br />
por cinco princípios: o princípio da or<strong>de</strong>m estável, segundo o qual as palavras-números<br />
<strong>de</strong>vem constituir uma sequência estável; o princípio da correspondência termo a<br />
termo, segundo o qual, a cada elemento contado correspon<strong>de</strong> uma e só uma palavranúmero;<br />
o princípio cardinal, segundo o qual a última palavra-número utilizada numa<br />
sequência <strong>de</strong> contagem representa o número <strong>de</strong> elementos do conjunto contado; o<br />
princípio da abstração, segundo o qual o conjunto em que inci<strong>de</strong> a contagem po<strong>de</strong><br />
ser constituído por elementos heterogêneos, todos eles tomados como unida<strong>de</strong>s e o<br />
princípio da não pertinência da or<strong>de</strong>m, segundo o qual a contagem dos elementos<br />
po<strong>de</strong> ser feita em qualquer or<strong>de</strong>m, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os outros princípios sejam respeitados.<br />
Os três primeiros princípios <strong>de</strong>fi nem o procedimento <strong>de</strong> contagem, o quarto<br />
<strong>de</strong>termina o tipo <strong>de</strong> conjunto em que a contagem po<strong>de</strong> incidir e o quinto permite<br />
distinguir a contagem da simples etiquetagem. Segundo Gelman e Meck (1991), a<br />
criança muito pequena possuiria um conhecimento implícito <strong>de</strong>stes cinco princípios,<br />
que consistiriam competências pré-formadas, que orientariam os <strong>de</strong>sempenhos das<br />
crianças.<br />
Diversos autores argumentam a favor dos argumentos inatistas <strong>de</strong> Gelman,<br />
<strong>no</strong> entanto, nada é acrescentado aos princípios em si mesmos, os quais po<strong>de</strong>m<br />
perfeitamente ser “traduzidos” para a teoria piagetiana e também não discutem a<br />
importância da contagem <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do número.<br />
Segundo Chalon-Blanc (2008), Karen Wynn investigou, em 1992, se as<br />
operações com números peque<strong>no</strong>s são inatas e, utilizando a técnica da fi xação visual,<br />
procurou saber se bebês <strong>de</strong> 4/5 meses realizam sem difi culda<strong>de</strong> a adição 1 + 1 = 2 e a<br />
subtração 2 – 1 = 1. Seus resultados são positivos. Porém, é importante <strong>de</strong>stacar que<br />
o que Wynn consi<strong>de</strong>ra como adição e subtração não possuem o caráter das operações<br />
reversíveis <strong>de</strong> <strong>Piaget</strong> e seus resultados estariam <strong>de</strong>ntro da teoria piagetiana, ligados à<br />
questão do objeto permanente.<br />
De maneira geral, as pesquisas que buscam i<strong>de</strong>ntifi car as capacida<strong>de</strong>s numéricas<br />
precoces, <strong>de</strong> maneira geral procuram estabelecer a “existência” <strong>de</strong> número antes da<br />
síntese entre a classifi cação e a seriação. <strong>Piaget</strong> e Szeminska, ao estabelecerem os<br />
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