Jean Piaget no século XXI - Faculdade de Filosofia e Ciências ...
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J E A N P I A G E T N O S É C U L O X X I<br />
exclusivamente sobre os fenótipos enquanto constituem as “respostas” do genótipo<br />
às perturbações do meio. Aqui então, a seleção leva essencialmente a mudanças<br />
<strong>no</strong> ge<strong>no</strong>ma e estas reagiriam <strong>no</strong> curso das gerações seguintes por recombinações<br />
genéticas <strong>de</strong> importância bem superior às simples mutações, ou mutações simples.<br />
Assim, o ge<strong>no</strong>ma é consi<strong>de</strong>rado como a fonte <strong>de</strong> pré-formações e das variações<br />
e não um simples instrumento <strong>de</strong> registros das modifi cações somáticas, como<br />
<strong>de</strong>ixa transparecer o lamarckismo ortodoxo, afi rma <strong>Piaget</strong>. O ge<strong>no</strong>ma, como <strong>no</strong>s<br />
diz Waddington, é um sistema ativo <strong>de</strong> “respostas” e <strong>de</strong> reorganizações em que há<br />
“escolhas”. Um sistema que não somente sofre a infl uência do meio, mas que o<br />
enfrenta utilizando suas informações.<br />
Então, repitamos, para <strong>Piaget</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> suas pesquisas com as limnaea stagnalis,<br />
as mudanças fe<strong>no</strong>típicas aparecem em função das pressões e agressões do meio que<br />
passando pelo RNA chegam ao ge<strong>no</strong>ma, on<strong>de</strong> acontecem as mudanças intracelulares.<br />
Diz ele que (1967a, p. 920): [...] Essas mudanças fe<strong>no</strong>típicas seriam, então, transmitidas<br />
ao DNA por intermédio do RNA que carregaria as informações até o núcleo da<br />
célula, (pois para ele, o núcleo da célula era já permeável em relação ao seu meio;<br />
coisa, na sua época, totalmente inaceitável, mas agora comprovada) e continua na<br />
mesma obra e à mesma página acima citadas, em <strong>no</strong>ssa própria tradução:<br />
A genética molecular <strong>no</strong>s ensina que um gene é uma seqüência <strong>de</strong> 500 a 6000<br />
nucleotí<strong>de</strong>os (on<strong>de</strong> cada um po<strong>de</strong> ser alterado por mutação) or<strong>de</strong>nados segundo<br />
um código e on<strong>de</strong> uma bactéria é uma continuida<strong>de</strong> (suite) <strong>de</strong> n genes. Dentre esses<br />
é necessário distinguir “operadores” que dão origem a uma estrutura <strong>de</strong> proteína e<br />
agem assim sobre a morfogênese segundo uma direção irreversível centrífuga (do<br />
ADN ao organismo em crescimento por intermédio do RNA).<br />
Mas existem também, segundo ele, os genes “reguladores”, já vimos, que<br />
modifi cam o funcionamento dos outros e que comportam processos retroativos<br />
(feedback) pondo em marcha os termos iniciais. As bruscas “mutações” não ocorreriam<br />
diretamente em função do meio, ao contrário, como já dissemos, haveria “escolha”<br />
<strong>no</strong> núcleo da célula. As perturbações do meio levariam à produção <strong>de</strong> mutações, mas<br />
em função do que já havia dado <strong>no</strong> ge<strong>no</strong>ma. “No princípio, era o genótipo” com suas<br />
possibilida<strong>de</strong>s da espécie.<br />
A terceira possibilida<strong>de</strong> entre Darwin e Lamarck, esse tertium ao qual já <strong>no</strong>s<br />
referimos, diz respeito ao fato <strong>de</strong> que <strong>no</strong> ge<strong>no</strong>ma, em <strong>de</strong>terminado momento, estariam<br />
contidas todas as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> cada espécie, mas que se atualizariam, ou<br />
não, em função das exigências do meio para a sobrevivência daquela mesma espécie.<br />
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