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1 INTRODUÇÃO<br />
Esta pesquisa é resulta<strong>do</strong> de viagens para Salinas, uma pequena cidade <strong>do</strong> norte <strong>do</strong><br />
esta<strong>do</strong> de Minas Gerais, onde o pesquisa<strong>do</strong>r acessou, trabalhou e fomentou a formação de<br />
instituições cooperativistas. Estas s<strong>em</strong>pre se mostraram perpassadas pela força de vontade <strong>do</strong>s<br />
indivíduos <strong>em</strong> se libertar de certa realidade de pobreza e exclusão, identifica<strong>do</strong>s por relatos <strong>do</strong>s<br />
participantes sobre as parcas oportunidades de <strong>em</strong>prego e renda.<br />
Naqueles momentos muitas coisas pareciam ser relevantes para o sucesso ou fracasso <strong>do</strong><br />
<strong>em</strong>preendimento, como condições ambientais favoráveis, a existência de recursos e fomentos<br />
governamentais, distância de grandes centros de decisão ou mesmo interesses políticos. Mas uma<br />
característica específica chamava a atenção e parecia ser comum <strong>em</strong> grande medida: o desinteresse<br />
particular <strong>em</strong> se submeter a um paradigma diferente de organização. As cooperativas exigiam uma<br />
dedicação muito grande para o grupo; um envolvimento radical de t<strong>em</strong>po e interesse, na maioria das<br />
vezes, s<strong>em</strong> nenhum tipo de retorno pelo <strong>em</strong>penho no perío<strong>do</strong> de anos, uma mudança radical para<br />
qu<strong>em</strong> acredita dever ser “r<strong>em</strong>unera<strong>do</strong>” por um trabalho presta<strong>do</strong>. Certos participantes se adaptaram<br />
mais rapidamente, outros a seu próprio t<strong>em</strong>po, alguns não acreditaram naquela proposta quan<strong>do</strong> a<br />
enfrentaram face a face e saíram, outros não saíram.<br />
Nesse ínterim, outra adaptação que chamava a atenção era que, até certo limite,<br />
precisava-se da subordinação efetiva de interesses individuais <strong>do</strong>s participantes à uma realidade<br />
grupal. As decisões não eram mais individuais, as pessoas eram tratas estritamente da mesma<br />
forma, e não eram mais <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s, mas <strong>do</strong>nos 1 , s<strong>em</strong>, no entanto, uma posição hierárquica de<br />
coman<strong>do</strong>, ou uma condição de decisão maior ou menor. Para a cooperativa, to<strong>do</strong>s são iguais. Uma<br />
sujeição a qual algumas pessoas poderiam ser muito individualistas para se adaptar.<br />
Assim, se percebeu que o individualismo e o cooperativismo são <strong>do</strong>is pontos que<br />
perpassam a sociedade ocidental cont<strong>em</strong>porânea, mas que pod<strong>em</strong> ter alguns pontos divergentes.<br />
Para Velho (1999), o individualismo está presente por toda a sociedade e levaria o ser<br />
humano a se perceber como uma unidade valorativa principal. Por meio desta observação <strong>do</strong><br />
hom<strong>em</strong> enquanto centro, <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> certas contrariedades relacionadas aos grupos onde se encontra,<br />
como competições internas e a tentativa de diferenciação, de distinção <strong>do</strong>s próximos.<br />
1 Para Singer (2008a) a cooperativa é um local por excelência, onde capital e trabalho estão <strong>em</strong>aranha<strong>do</strong>s entre si.