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Percebe-se a relevância extr<strong>em</strong>ada dada ao indivíduo e o Esta<strong>do</strong> precisou muito <strong>do</strong>s<br />
mesmos na sua intenção de governamentalidade das populações. Suas táticas se cristalizam nas<br />
idéias de justiça, administração e governabilidade.<br />
Em primeiro lugar o Esta<strong>do</strong> de justiça, nasci<strong>do</strong> <strong>em</strong> uma territorialidade de tipo<br />
feudal e que corresponderia grosso mo<strong>do</strong> a uma sociedade da lei; <strong>em</strong> segun<strong>do</strong><br />
lugar, o Esta<strong>do</strong> administrativo, nasci<strong>do</strong> <strong>em</strong> uma territorialidade de tipo fronteiriço<br />
nos séculos XV <strong>–</strong> XVI e que corresponderia a uma sociedade de regulamento e<br />
disciplina; finalmente, um Esta<strong>do</strong> de governo que não é mais essencialmente<br />
defini<strong>do</strong> por sua territorialidade, pela superfície ocupada, mas pela massa da<br />
população, com seu volume, sua densidade, e <strong>em</strong> que o território que ela ocupa é<br />
apenas um componente. Este Esta<strong>do</strong> de governo que t<strong>em</strong> essencialmente como alvo<br />
a população e utiliza a instrumentalização <strong>do</strong> saber econômico, corresponderia a<br />
uma sociedade controlada pelos dispositivos de segurança (FOUCAULT, 1979, p.<br />
292).<br />
É importante destacar que os pontos fundamentais destas três estratégias da<br />
governamentalidade são individualizantes. O Esta<strong>do</strong>: de justiça pela analise e observação de cada<br />
pessoa diante da lei, que pode resultar <strong>em</strong> punição, mas individual; o administrativo, pela<br />
<strong>em</strong>ergência da ciência <strong>do</strong> governo, pois passou a observar a família e própria população como<br />
instrumento, sen<strong>do</strong> seu objetivo final a continuidade da existência <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> 23 ; o de governo, que,<br />
diante da probl<strong>em</strong>ática da gestão da população lança mão de dispositivos de segurança, como seus<br />
mecanismos essenciais. Há uma forte tendência ao uso <strong>do</strong>s engenhos disciplina<strong>do</strong>res, apoia<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />
grande medida na individualidade que, crescente e estimulada, levam a particularização, a<br />
diferenciação.<br />
A sociedade t<strong>em</strong>, portanto, através de certo conhecimento racional construí<strong>do</strong>,<br />
possibilidades e forças de aglomeração, mesmo diante da probl<strong>em</strong>ática <strong>do</strong> esfacelamento das<br />
comunidades e pequenos grupos. Seus efeitos mesmo <strong>em</strong> face <strong>do</strong>s mais diversos mecanismos,<br />
resultam <strong>em</strong> um individuo que é muito mais relevante <strong>do</strong> que fora anteriormente. Agora é a vida<br />
que é levada <strong>em</strong> consideração. Como define Foucault (1988), se antes o soberano poderia definir<br />
23 Emerge aqui a disciplina.<br />
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