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Haveria, portanto, uma tendência de organizar as consciências estilhaçadas <strong>do</strong> que era a<br />
identidade humana durante a <strong>em</strong>ergência da burguesia e <strong>do</strong> indivíduo e as pessoas se apoiaram <strong>em</strong><br />
um fundamento ainda greco-romano: a razão. “A racionalização geralmente ocorre quan<strong>do</strong> há a<br />
fragmentação da consciência” (REIS, 2003, p.23).<br />
2.2 Racionalismo e Individualismo: Entrelaçamentos<br />
A cultura ocidental cont<strong>em</strong>porânea, que t<strong>em</strong> alicerce na cultura greco-romana e sua<br />
posterior expansão aliada ao cristianismo, como delimita Reis (2003), começa a d<strong>em</strong>onstrar certas<br />
incoerências com a nova fase histórica representada principalmente por sua visão <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po e da<br />
história a partir <strong>do</strong> final <strong>do</strong> século XVI. A dualidade <strong>em</strong> que o individuo estava imerso, gerava<br />
tensões com a perspectiva anterior baseada no universalismo cristão da salvação.<br />
A nova possibilidade religiosa, baseada no protestantismo, não era diferente <strong>do</strong><br />
cristianismo somente devi<strong>do</strong> a <strong>do</strong>gmas religiosos, mas sim por um formato de conduta, basea<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
racionalismo 11 , planejamento e sist<strong>em</strong>atização. Para Weber (2001), o Deus <strong>do</strong>s calvinistas exigia de<br />
seus crentes não boas ações isoladas, como no caso <strong>do</strong>s católicos, mas uma vida de boas ações<br />
combinadas <strong>em</strong> um sist<strong>em</strong>a unifica<strong>do</strong>. O calvinismo se mostrou racional e basea<strong>do</strong> <strong>em</strong> fatos reais,<br />
não somente <strong>do</strong>gmas ou crenças. Objetivava livrar o hom<strong>em</strong> <strong>do</strong> poder <strong>do</strong>s impulsos irracionais e de<br />
sua dependência <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e da natureza, colocan<strong>do</strong> o seu agir sob constante e meticuloso<br />
autocontrole. Para o autor, até mesmo o méto<strong>do</strong> para induzir o arrependimento para obtenção da<br />
graça divina tornou-se objeto da atividade humana sist<strong>em</strong>atizada.<br />
11 Trata-se <strong>do</strong> racionalismo a partir da perspectiva de Kant (2003), que atribui a este, um meio de conhecimento <strong>do</strong>s<br />
objetos da realidade não por meio de <strong>do</strong>gmas pré-fabrica<strong>do</strong>s ou percepções s<strong>em</strong> crítica, mas sim <strong>em</strong> um <strong>em</strong>pirismo<br />
calca<strong>do</strong> na necessidade de discernimento objetivo, que busque a universalidade efetiva da causa/efeito (causalidade).<br />
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