120não coincidem com o que já conhecem.O papel <strong>do</strong> professor, dentro deste contexto,é de coordena<strong>do</strong>r <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des quevão surgin<strong>do</strong> nas discussões, disponibilizan<strong>do</strong>recursos e favorecen<strong>do</strong> a participação,expressão e comunicação de to<strong>do</strong>s os alunos,fugin<strong>do</strong> assim de posturas <strong>do</strong>gmáticasque caracterizem um conhecimento absolutoe inquestionável. Desta forma, imaginaseque a tendência <strong>do</strong>s alunos à passivi<strong>da</strong>depode ser supera<strong>da</strong>, já que são livres paramanifestar-se em classe.Para favorecer a participação ativa <strong>do</strong>aluno, o professor precisa tomar consciência<strong>da</strong>s ideias <strong>do</strong>s alunos, o que significa escutá-las.Contu<strong>do</strong>, este escutar vai além decompreender a semântica de suas palavras;envolve tomar as ideias <strong>do</strong>s alunos comováli<strong>da</strong>s, isto é, considerá-las como coerentesdesde a compreensão deles. Quan<strong>do</strong> osescutamos assim, é gera<strong>do</strong> um espaço deconversação reflexiva e libera<strong>do</strong>ra, possibilitan<strong>do</strong>uma convivência respeitosa e colaborativa.Por isso, é importante criar espaços deconvivência nos quais os estu<strong>da</strong>ntes nãose sintam temerosos em ser nega<strong>do</strong>s pelasdificul<strong>da</strong>des ou pelas ideias que possam ter(mesmo que erra<strong>da</strong>s desde a compreensão<strong>do</strong> professor). Neste senti<strong>do</strong>, o ato decorrigir passa a ser não mais um apontar oerro <strong>do</strong> aluno, mas um questionar sua ideia,buscan<strong>do</strong> com que ele próprio perceba avali<strong>da</strong>de desta dentro <strong>do</strong> espaço reflexivono qual ele e o professor estão atuan<strong>do</strong>.Corrigir, portanto, passa a ser convi<strong>da</strong>r aum olhar que permite ver o fato e em qual<strong>do</strong>mínio o fato não é o espera<strong>do</strong> e por que éum erro (MATURANA, 2002, p. 142).Para melhor compreender o papel <strong>do</strong>professor na sala de aula, vale recorrera uma metáfora <strong>do</strong>s viajantes: Quan<strong>do</strong>saímos para conhecer algum lugar novo, econtamos com um parceiro de viagem maisexperiente, acompanhamos este amigo confiantes,mesmo que ele também não conheçao lugar a ser visita<strong>do</strong>. O amigo mais “viaja<strong>do</strong>”,por ser mais experiente, a<strong>da</strong>pta-se aocaminho e nos leva com ele, mas não nosguia, porque, afinal, também não conheceo caminho. Do mesmo mo<strong>do</strong>, o professorque se propõe a trabalhar com problemasabertos atua não como um guia, com umplano predetermina<strong>do</strong> sobre o caminho porele escolhi<strong>do</strong>, mas como um parceiro deviagem que convi<strong>da</strong> o estu<strong>da</strong>nte a conhecerum <strong>do</strong>mínio explicativo diferente – o <strong>da</strong>Química –, e o acompanha em um caminhoque eles vão trilhan<strong>do</strong> juntos, com a diferençaque o professor tem mais experiência em“viagens”.Um processo avaliativo coerente com aproposta apresenta<strong>da</strong> até o momento deveser processual e formativo. Para Ibañes eGómez (2005), a avaliação formativa objetivaque a regulação <strong>da</strong> aprendizagem seja,de forma progressiva, responsabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>salunos. A autorregulação <strong>da</strong> aprendizagemimplica que o aluno aceite e perceba os próprioserros como oportuni<strong>da</strong>des legítimas demu<strong>da</strong>nça, ou seja, de aprendizagem. Uma<strong>da</strong>s estratégias possíveis de ensinar os alunosa se autorregularem é propor uma autoavaliaçãoatravés <strong>da</strong> comparação <strong>da</strong>s própriasproduções em várias etapas <strong>da</strong> formação.Esta comparação também pode ser utiliza<strong>da</strong>pelo professor para identificar a evolução<strong>da</strong>s ideias <strong>do</strong>s alunos (avaliação processual),reconhecen<strong>do</strong> avanços e obstáculos noprocesso de aprendizagem, como forma derealizar uma avaliação diagnóstica.A autorregulação <strong>da</strong> aprendizagem podeser estimula<strong>da</strong>, também, através de umaproposta de avaliação entre iguais, através<strong>da</strong> qual o estu<strong>da</strong>nte compara sua produçãoindividual com as de seus companheiros ereconhece mais facilmente seus erros. Alémdisso, a comparação <strong>da</strong>s produções individuaisentre os alunos (que pode ser realiza<strong>da</strong>em pequenos grupos) promove a discussão,o questionamento e a explicitação,propician<strong>do</strong> o conhecimento <strong>da</strong>s diferentesformas possíveis de ver, explicar e entenderum determina<strong>do</strong> fenômeno.O quadro a seguir resume as sugestõesde estratégias apresenta<strong>da</strong>s acima:Referencial Curricular 4.indd 120 25/8/2009 11:10:45
Estratégias para ação – Química – ensino médio- Contextualização <strong>do</strong> conhecimento químico, através <strong>da</strong> vinculação <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s às dimensõessocial, política, econômica, cultural e ambiental.- Elaboração de ativi<strong>da</strong>des em uma sequência flexível que considere as ideias e os interesses <strong>do</strong>salunos.- Partir <strong>da</strong>s experiências e concepções <strong>do</strong>s alunos sobre o mun<strong>do</strong> macroscópico, para entãoseguir para a proposição de modelos explicativos em nível microscópico.- Retorno constante ao mun<strong>do</strong> macroscópico, a fim de que os alunos possam reconhecer as relaçõesabstratas estabeleci<strong>da</strong>s na situação de parti<strong>da</strong> e utilizá-las em novas e distintas situações.- A experimentação é essencial para o desenvolvimento <strong>do</strong> pensamento químico, e não se restringe aoespaço <strong>do</strong> laboratório.- Resolução de problemas abertos: situações relaciona<strong>da</strong>s com o cotidiano <strong>do</strong> aluno que geram algumtipo de incerteza e para as quais não existe uma resposta única e rotineira.- O papel <strong>do</strong> professor é de coordena<strong>do</strong>r <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des que vão surgin<strong>do</strong> nas discussões, disponibilizan<strong>do</strong>recursos e favorecen<strong>do</strong> a participação, expressão e comunicação de to<strong>do</strong>s os alunos.- Criar espaços de convivência nos quais os estu<strong>da</strong>ntes se sintam seguros para expressar as própriasideias e dúvi<strong>da</strong>s.- Corrigir passa a ser entendi<strong>do</strong> como questionar a ideia <strong>do</strong> aluno, buscan<strong>do</strong> com que ele próprioperceba a vali<strong>da</strong>de desta.- Processo avaliativo:a) processual: comparação <strong>da</strong>s produções de ca<strong>da</strong> aluno para identificar a evolução <strong>da</strong>s ideias;b) diagnóstico: reconhecimento <strong>do</strong>s avanços e obstáculos no processo de aprendizagem, através <strong>da</strong> comparação<strong>da</strong>s produções <strong>do</strong>s alunos ao longo <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des;c) formativo: autoavaliação através <strong>da</strong> comparação <strong>da</strong>s próprias produções <strong>do</strong> aluno em várias etapas <strong>da</strong>formação, objetivan<strong>do</strong> o desenvolvimento <strong>da</strong> autorregulação <strong>da</strong> aprendizagem;d) avaliação entre iguais, na qual o estu<strong>da</strong>nte pode comparar sua produção individual com as de seus companheiros,e reconhecer mais facilmente seus erros: promove a explicitação, a discussão e o questionamento<strong>da</strong>s ideias.121 121ReferênciasBRASIL. Ministério <strong>da</strong> Educação. Secretaria de EnsinoBásico. Orientações curriculares para o ensino médio:ciências <strong>da</strong> natureza, matemática e suas tecnologias.Brasília, 2006.______. Ministério <strong>da</strong> Educação. Secretaria de EnsinoBásico. PCN + ensino médio: orientações educacionaiscomplementares aos parâmetros curricularesnacionais – ciências <strong>da</strong> natureza, matemática e suastecnologias. Brasília, 2002.BOLHUIS, S.; VOETEN, M. J. M. Teachers’ conceptionsof students learning and own learning. Teachers and Teaching:theory and practice, v. 10, n.1, 2004, p. 77-98.IBAÑEZ, V. E.; GÓMEZ, I. La interacción y la regulaciónde los procesos de enseñanza-aprendizaje en la clasede ciencias: análisis de una experiencia. Enseñanza dela Ciencias, v. 10, n. 1, 2005. p. 97-110.LIMA, M. M. C. C.; BARBOZA, L. C. Ideias estrutura<strong>do</strong>ras<strong>do</strong> pensamento químico: uma contribuição ao debate.Química Nova na Escola, v. 21, 2005. p. 39-43.LOCH, J. M. P. Avaliação – uma perspectiva emancipatória.Química Nova na Escola, v. 12, 2000. p. 30-33.MATURANA, H. Transformación en la convivencia.Santiago de Chile: Dolmen, 2002.MORTIMER, E. F.; MACHADO, A. H.; ROMANELLI,L. I. A proposta curricular de química <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> deMinas Gerais: fun<strong>da</strong>mentos e pressupostos. QuímicaNova, v. 23, n. 2, 2000. p. 273-283.POZO, J.I.; CRESPO, M.A. Aprender y enseñar ciencia.Madrid: Morata, 2000.SANTOS, W. L. P.; MORTIMER, E. F. Uma análisede pressupostos teóricos <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem C-T-S (Ciência– Tecnologia – Socie<strong>da</strong>de) no contexto <strong>da</strong>educação brasileira. Ensaio – Pesquisa em Educaçãoem Ciências, Belo Horizonte, v. 2, n. 2, 2002,p. 1-23.SANTOS, W. L. P.; SCHNETZLER, R. P. Função social –o que significa ensino de química para formar o ci<strong>da</strong>dão?Química Nova na Escola, v. 4, 1996, p. 28-34.Referencial Curricular 4.indd 121 25/8/2009 11:10:45
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