42e criativi<strong>da</strong>de, não possui solução conheci<strong>da</strong>,é desafio, que pode ter ou não solução. Porisso, os problemas são extremamente instrutivos.Ao propor a elaboração e resolução desituações-problema, é favoreci<strong>da</strong> a formulaçãode novas perguntas, muitas vezes maispreciosas <strong>do</strong> que as soluções apresenta<strong>da</strong>s.Como cita Pozo (1998), “os problemas deflagramum ciclo evolutivo, no qual é precisoaprender para resolvê-los e resolvê-los paraaprendê-los”.• Contextualizaçãosocioculturala. Leitura e produção de textos: énecessário perceber a Ciência também comoparte <strong>da</strong> cultura contemporânea, como resulta<strong>do</strong>de uma construção humana inseri<strong>da</strong> emum processo histórico e social (BRASIL, 2002).Além disso, é enriquece<strong>do</strong>r identificá-la em diferentesâmbitos e contextos culturais: literatura,artes plásticas, teatro, música, além de seruma forma de mostrar às pessoas o quantoelas estão imersas em um mun<strong>do</strong> permea<strong>do</strong>pela Ciência e pela Tecnologia. Esse reconhecimentose dá pela leitura de textos publica<strong>do</strong>sna mídia, ou em revistas especializa<strong>da</strong>s, oupela apreciação <strong>da</strong> arte, entre outros recursos.O papel social <strong>da</strong> Ciência e <strong>da</strong> Tecnologia nomun<strong>do</strong> contemporâneo também deve ser problematiza<strong>do</strong>.Para isso, a produção de textosé uma competência fun<strong>da</strong>mental: por meiodela, os alunos podem emitir juízos de valor arespeito de notícias veicula<strong>da</strong>s pelas diferentesmídias relativas à Ciência e Tecnologia, argumentan<strong>do</strong>sobre o ponto de vista a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>.As controvérsias científicas e questões éticassobre o uso de transgênicos, células-tronco,biocombustíveis, fontes alternativas de energiaou os volumosos recursos financeiros investi<strong>do</strong>sem equipamentos, como o Large HadronCollider – LHC (CERN, 2009) ou supertelescópiosespaciais como o Hubble (NASA,2009) são questões mobiliza<strong>do</strong>ras de problemasde base ética que merecem ocuparlugar na escola.b. Resolução de problemas: ninguémresolve um problema sozinho, mesmo quetrabalhe só. Os alunos vivem em um contextosociocultural, e seu conhecimento é construí<strong>do</strong>nas interações sociais. Ciência e Educaçãoem Ciências são modernamente vistascomo ativi<strong>da</strong>des sociais humanas inseri<strong>da</strong>snum sistema social, cultural e institucional, oque implica atribuir um peso teórico significativoao papel <strong>da</strong> interação social (VYGOTSKI,1984; 1989). Há sempre uma herança cultural,profun<strong>da</strong>mente vincula<strong>da</strong> às questõessociais e históricas <strong>da</strong> Ciência, que guiam otrabalho científico e devem também nortearo trabalho em sala de aula. To<strong>do</strong> aluno carregaconsigo uma bagagem cultural, seja <strong>da</strong>sua comuni<strong>da</strong>de ou <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de como umto<strong>do</strong>. Problemas científicos devem ser identifica<strong>do</strong>slevan<strong>do</strong>-se em conta tal contexto, ejamais devem ser abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s a partir de umúnico méto<strong>do</strong> científico – sequência rígi<strong>da</strong> deetapas que começa na observação neutra eculmina na descoberta científica (MOREIRA;OSTERMANN, 1993). A visão de que existeum único méto<strong>do</strong> para a Ciência é tão ingênuaquanto pensar que exercício é o mesmoque problema. O exercício na<strong>da</strong> mais é <strong>do</strong>que aplicar méto<strong>do</strong>s. Problemas científicossão aqueles que uma comuni<strong>da</strong>de de cientistasreconhece como merece<strong>do</strong>res de umasolução e, como já foi dito, constituem-seem desafios. A tentativa de solução de umproblema segue sempre um caminho tortuoso,impossível de ser descrito por regras rígi<strong>da</strong>s,mas que vai sen<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>, questiona<strong>do</strong>,aponta<strong>do</strong> e sistematiza<strong>do</strong> na medi<strong>da</strong>em que vai se transforman<strong>do</strong> em aprendizagem.Para trabalhar em um problema, épreciso aprender a usar modelos teóricos,reconhecen<strong>do</strong>, utilizan<strong>do</strong>, interpretan<strong>do</strong> epropon<strong>do</strong> explicações para fenômenos ousistemas naturais (BRASIL, 2002). Antes disso,é fun<strong>da</strong>mental identificar informações ouvariáveis relevantes, estabelecer hipóteses,interpretar resulta<strong>do</strong>s, identificar regulari<strong>da</strong>dese invariantes, transformações que sejamcapazes de construir estratégias para resolvera situação-problema.Referencial Curricular 4.indd 42 25/8/2009 11:10:23
Integração entre as áreasA área de Ciências <strong>da</strong> Natureza é compostapor elos de integração entre as disciplinasque a compõem, asseguran<strong>do</strong> a uni<strong>da</strong>dede princípios em Ciências, Biologia, Física eQuímica. Os três eixos básicos anteriormentedescritos são elementos de comunicaçãoimportantes entre as disciplinas, pois estabelecemuma transversali<strong>da</strong>de com as competênciasbásicas de ler, escrever e resolver problemas,pois permitem o diálogo entre elasa partir de conceitos estruturantes. A área deCiências <strong>da</strong> Natureza faz uso de uma linguagemcomum, embora não ignore a especifici<strong>da</strong>dede ca<strong>da</strong> disciplina. Os conceitos estruturantes<strong>da</strong> área são: Origem e Evolução;Sistema; Interação; Invariantes; Regulari<strong>da</strong>des;Modelos Explicativos e Representativos;Simetrias. Eles favorecem a transversali<strong>da</strong>de<strong>da</strong> área e são importantes para a alfabetizaçãocientífica. Segun<strong>do</strong> Brasil (2002):O conhecimento <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> investigaçãocientífica de seus procedimentos e méto<strong>do</strong>s,assim como a compreensão de queestão associa<strong>do</strong>s à continui<strong>da</strong>de entre elese os méto<strong>do</strong>s e produção tecnológicos, éalgo que se desenvolve em ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>sdisciplinas <strong>da</strong> área e no seu conjunto. Issose traduz na realização de medi<strong>da</strong>s, naelaboração de escalas, na construção demodelos representativos e explicativos essenciaispara a compreensão de leis naturaise de sínteses teóricas. A distinção entremodelo e reali<strong>da</strong>de, entre interpretação efenômeno, e o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s conceitos deinteração e de função, de transformaçãoe conservação, de evolução e identi<strong>da</strong>de,de uni<strong>da</strong>de e diversi<strong>da</strong>de, de equivalênciae complementari<strong>da</strong>de, não são prerrogativasdesta ou <strong>da</strong>quela Ciência, são instrumentosgerais, desenvolvi<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong>o aprendiza<strong>do</strong> científico, que promovem,como atributo <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, a competênciageral de investigação e compreensão(p. 24-25).O conceito de sistema, por exemplo, estende-sepor to<strong>da</strong>s as disciplinas <strong>da</strong> área etem fun<strong>da</strong>mental importância. Na Física, especificamentena Mecânica, o movimento <strong>da</strong>Terra em muitas circunstâncias não pode serpensa<strong>do</strong> como o movimento de um ponto noespaço (ponto, na Mecânica, é partícula –não possui dimensão espacial). A Terra temvolume. O movimento de um ponto é de tratamentorelativamente simples. Essa simplici<strong>da</strong>depode ser útil se a Terra for considera<strong>da</strong>como um conjunto de muitos pontos (porexemplo, átomos como pontos, nesse caso)uni<strong>do</strong>s entre si por interações, ou seja, a Terrapode ser vista como um sistema de partículas.Um sistema em geral pressupõe interação,outro conceito importante. Os sistemassão defini<strong>do</strong>s consideran<strong>do</strong>-se as interaçõesentre seus constituintes. Se os diversos átomosque constituem a Terra não se separamindividualmente, é porque interagem entre sie isso constitui o sistema de partículas Terra.O sistema nunca é estático: teve uma origeme sofre mu<strong>da</strong>nças no tempo, <strong>da</strong>í a importância<strong>do</strong>s conceitos de origem e evolução. Esseprocesso lança luz na construção <strong>do</strong>s modelosteóricos que explicam a origem e a evolução,ou seja, os modelos representativos eexplicativos. O sistema Terra não é simplesmenteum sistema de partículas. Há vi<strong>da</strong> naTerra, portanto, é possível pensar na origeme evolução <strong>do</strong>s seres vivos – um sistema Biológico.Na Terra, há uma atmosfera, com estruturacomplexa. A compreensão dessa estruturaenvolve conhecimento químico e tempapel decisivo na evolução <strong>do</strong> planeta e navi<strong>da</strong> nele constituí<strong>da</strong>.A Ciência como um to<strong>do</strong> busca regulari<strong>da</strong>dese invariâncias. Regulari<strong>da</strong>des foramdecisivas, por exemplo, na construção<strong>da</strong> Tabela Periódica por Mendeleev. Tambémsão importantes na Paleontologia, aopossibilitar que certos comportamentos deanimais extintos sejam supostos a partirde comportamento de descendentes vivos,4343Referencial Curricular 4.indd 43 25/8/2009 11:10:23
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José Cláudio Del PinoMichelle Câ
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alcançar a abstração de conceito
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