96Concepções préviasAntes de iniciar a leitura e a discussão<strong>do</strong> texto sobre a origem <strong>do</strong> Universo, o professorpode aproveitar as questões iniciais:“O Universo sempre existiu ou teve um início?Se ele teve um início, quan<strong>do</strong> e comoocorreu? O que existia antes <strong>do</strong> Universo?Ele tem um tamanho ou é infinito?”, paraconhecer as concepções prévias <strong>do</strong>s alunossobre o assunto e retomá-las mais tarde,confrontan<strong>do</strong>-as com as científicas sempreque possível e necessário ao longo <strong>da</strong>aprendizagem <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s.Pode-se também pedir aos alunos querealizem, em grupos, uma enquete comamigos e parentes sobre a opinião destesúltimos sobre a origem <strong>do</strong> Universo (seriainteressante variar bastante a faixa etária<strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s). Os alunos podem entãoorganizar esses <strong>da</strong><strong>do</strong>s e apresentá-losà classe. Para explorar ain<strong>da</strong> mais os potenciais<strong>do</strong>s alunos, pode-se propor queredijam individualmente uma espécie desíntese <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s e discussões a seremretoma<strong>do</strong>s depois, confrontan<strong>do</strong> as concepçõesprévias observa<strong>da</strong>s com aquelaspresentes nos mitos antigos, religião e naprópria Ciência. A partir dessas sugestões,além de serem explora<strong>da</strong>s as competênciasde leitura e produção de textos, são abarca<strong>da</strong>stambém as competências gerais, já queos alunos representam suas ideias e as comunicam,investigan<strong>do</strong> e compreenden<strong>do</strong>as concepções prévias <strong>da</strong>s pessoas, dentro<strong>do</strong> contexto sociocultural em que vivem.Perguntas e enquetes não são os únicosrecursos para conhecer as concepções prévias<strong>do</strong>s alunos com relação aos fenômenose conteú<strong>do</strong>s estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s pela Física. Pode-setambém usar situações cotidianas varia<strong>da</strong>spara compreender o pensamento <strong>do</strong>s alunossobre a natureza física. Também ao seutilizar imagens, representações e símbolosnessas situações, o professor pode perceberse os alunos estão interpretan<strong>do</strong>-os de maneiraadequa<strong>da</strong>, o que pode indicar a necessi<strong>da</strong>dede desenvolver outras estratégiasde leitura.É preciso também estar atento ao fato deque não basta apenas conhecer as concepçõesprévias, se elas não forem utiliza<strong>da</strong>s nasestratégias de ensino/aprendizagem, de maneiraque é necessário sempre discutir e retomaressas concepções ao longo <strong>do</strong> processoeducativo.Estratégiasdiversifica<strong>da</strong>s de leituraA leitura em classe de um texto a serdiscuti<strong>do</strong> pode acontecer de diversas maneiras.Quan<strong>do</strong> é pequeno e de grandeimportância dentro <strong>do</strong>s objetivos pe<strong>da</strong>gógicos<strong>do</strong> professor, convém que a leitura<strong>do</strong> texto seja feita junto com os alunos: emvoz alta e com o destaque <strong>do</strong> professorpara os pontos fun<strong>da</strong>mentais e focos <strong>da</strong>discussão. O professor pode também pedirpara que ca<strong>da</strong> aluno leia em voz altauma parte pequena. Textos mais longosou mais densos podem ser dividi<strong>do</strong>s emseções e trabalha<strong>do</strong>s com questões e ativi<strong>da</strong>descomplementares.É importante também que existam momentosde leitura coletiva em pequenosgrupos e leituras individuais. Nesse caso,é necessário programar ativi<strong>da</strong>des específicase fugir ao esquema de respostasóbvias e copia<strong>da</strong>s <strong>do</strong> texto. As questõesdevem remeter o aluno a reler e se aprofun<strong>da</strong>rmais no texto, ou mesmo extrapolá-loao procurar outras fontes e fazercomparações.Dessa maneira, a ativi<strong>da</strong>de de leitura ea resposta às questões propostas podemser muito mais significativas para a aprendizagem.Uma abor<strong>da</strong>gem mais conceitual per-Referencial Curricular 4.indd 96 25/8/2009 11:10:38
mite também que se recorra a exercíciosricos em textos e informações para seremmanipula<strong>do</strong>s e trabalha<strong>do</strong>s com os alunos(como pode ser nota<strong>do</strong> nas questõespropostas no texto “A Origem <strong>do</strong> Universo”).Uma estratégia de leitura muito útiltambém é a utilização de textos cui<strong>da</strong><strong>do</strong>samenteescolhi<strong>do</strong>s pelo professor (oupesquisa<strong>do</strong>s pelos alunos) para fomentardebates na sala de aula.Representação matemática,símbolos, gráficos e tabelasMesmo numa abor<strong>da</strong>gem mais conceitual,a Física não se pode furtar <strong>da</strong> sua linguagemespecífica. Assim, qualquer queseja o conteú<strong>do</strong> abor<strong>da</strong><strong>do</strong>, é sempre possívelexplorar as grandezas físicas e suasuni<strong>da</strong>des e se utilizar de tabelas e gráficospara organizar e explorar os conteú<strong>do</strong>s.Por exemplo, no texto introdutório sobre aorigem <strong>do</strong> universo, muitas grandezas físicase suas uni<strong>da</strong>des (além <strong>da</strong>s transformaçõesentre elas) já podem ser explora<strong>da</strong>s,como a temperatura em Kelvin (K), o tempoem segun<strong>do</strong>s (s), noções sobre calor,radiação eletromagnética e gravi<strong>da</strong>de. Oprofessor pode ain<strong>da</strong> propor o desafio depensar e pesquisar outras grandezas físicasrelaciona<strong>da</strong>s, assim como suas uni<strong>da</strong>dese transformações.O trabalho com gráficos e tabelas podeser simples, mas deve sempre exigir queo aluno interprete o gráfico e saiba fazeranálises, comparações e manipulaçõesdiversas com essas representações. Porexemplo, no texto sobre a origem <strong>do</strong> Universo,está descrito que o Universo esfriouconforme se expandiu. Essa afirmaçãopode ser forneci<strong>da</strong> também ao aluno naforma de gráfico e, nesse caso, é precisoinstigá-lo a compreender essa mesmainformação no gráfico, analisan<strong>do</strong>-o, obten<strong>do</strong>informações dele e confrontan<strong>do</strong>-ascom outras fontes, como o próprio textoou uma equação matemática.Natureza sociocultural<strong>da</strong> FísicaA to<strong>do</strong> momento, o professor de Físicapode contextualizar os conteú<strong>do</strong>strabalha<strong>do</strong>s, apresentan<strong>do</strong> e destacan<strong>do</strong>,sempre que possível, a Ciência comoconstrução humana e, portanto, diferente<strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de absoluta.As teorias sobre a origem <strong>do</strong> Universo,por exemplo, perfazem um campo ricopara o professor explorar as transformaçõesque o pensamento humano sofreu aolongo de sua existência.Com a pesquisa e o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mitossobre a origem <strong>do</strong> Universo, como os indígenas,a Gênesis <strong>da</strong> Bíblia e a teoriacientífica <strong>do</strong> Big Bang, o aluno começa acompreender a natureza mutável e evolutiva<strong>do</strong> pensamento humano e científico,distinguin<strong>do</strong>-o entre as concepções míticas,místicas e religiosas. Um texto bemelabora<strong>do</strong> sobre o Big Bang permite discutircom os alunos a natureza <strong>do</strong>s modelose teorias científicas e seus limites.O professor pode até mesmo pedir paraos alunos pesquisarem essas informaçõese procurarem por textos para leitura eaprendiza<strong>do</strong>s conjuntos.Ain<strong>da</strong> falan<strong>do</strong> sobre o enfoque sociocultural,é possível compreender e apresentaraos alunos a Física como cultura earte. No caso sobre a origem <strong>do</strong> Universo,pode-se atingir esse intento ao pedir quecomparem a obra de arte “Gênesis”, pinta<strong>da</strong>por Michelangelo na Capela Sistina,no Vaticano, que sintetiza a compreensãobíblica sobre o assunto, com a compreensãocientífica atual para a criação <strong>do</strong>mun<strong>do</strong> e <strong>do</strong> homem. Dessa maneira, apartir <strong>da</strong> Física, são instiga<strong>do</strong>s a respeitaras ideias alheias e os tesouros artísticos eculturais <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de.Esse mesmo texto pode fomentar ain<strong>da</strong>mais a natureza socio-histórica <strong>da</strong> Física,9797Referencial Curricular 4.indd 97 25/8/2009 11:10:38
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