18é, antes de mais na<strong>da</strong>, uma estratégia paracontinuar estu<strong>da</strong>n<strong>do</strong> e melhorar de vi<strong>da</strong>. Sãojovens que vivem num tempo em que a a<strong>do</strong>lescênciaé tardia e o preparo para trabalharmais longo e que, contraditoriamente,por sua origem social, precisam trabalharprecocemente para melhorar de vi<strong>da</strong> nolongo prazo. O currículo precisa identificare propor às escolas conhecimentos e competênciasque podem ser relevantes para osucesso desse projeto complexo, envolven<strong>do</strong>o trabalho precoce e a constituição <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>dede continuar aprenden<strong>do</strong> para, nofuturo, inserir-se nesse mesmo merca<strong>do</strong> commais flexibili<strong>da</strong>de.Nesse projeto, o fortalecimento <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio<strong>da</strong> própria língua é indispensável paraorganizar cognitivamente a reali<strong>da</strong>de, exercera ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e comunicar-se com os outros.Além disso, a competência de leitura e escritaé condição para o <strong>do</strong>mínio de outras linguagensque precisam <strong>da</strong> língua materna comosuporte – literatura, teatro, entre outras.O mun<strong>do</strong> contemporâneo disputa o universosimbólico de crianças e a<strong>do</strong>lescentes,lançan<strong>do</strong> mão de suportes os mais varia<strong>do</strong>s– imagens, infográficos, fotografia, sons, música,corpo –, veicula<strong>do</strong>s de forma tambémvaria<strong>da</strong> – a internet, a TV, a comunicaçãovisual de ambientes públicos, a publici<strong>da</strong>de,o celular. A escola precisa focalizar a competênciapara ler e produzir na própria língua eabrir oportuni<strong>da</strong>des para que os alunos acessemoutros tipos de suportes e veículos, como objetivo de selecionar, organizar e analisarcriticamente a informação aí presente.O currículo é um recorte <strong>da</strong> cultura científica,linguística e artística <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de,ou seja, o currículo é cultura. Os frequentesesforços de sair <strong>da</strong> escola, buscan<strong>do</strong> a“ver<strong>da</strong>deira cultura”, têm efeitos devasta<strong>do</strong>res:estiola e resseca o currículo, tira-lhea vitali<strong>da</strong>de, torna-o aborreci<strong>do</strong> e desmotiva<strong>do</strong>r,um ver<strong>da</strong>deiro “zumbi” pe<strong>da</strong>gógico.Em vez de perseguir a cultura é premente<strong>da</strong>r vi<strong>da</strong> à cultura presente no currículo, situan<strong>do</strong>os conteú<strong>do</strong>s escolares no contextocultural significativo para seus alunos. Emnosso País, de diversi<strong>da</strong>de cultural marcante,revitalizar a cultura recorta<strong>da</strong> no currículoé condição para a construção de umaescola para a maioria. Onde se aprende acultura universal sistematiza<strong>da</strong> nas linguagens,nas ciências e nas artes sem perdera aderência à cultura local que dá senti<strong>do</strong>à universal.Finalmente, o grande desafio, diante <strong>da</strong>mu<strong>da</strong>nça curricular que o Brasil está promoven<strong>do</strong>,é a capaci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> professor paraoperar o currículo. Também aqui é importantedesfazer-se de concepções passa<strong>da</strong>sque orientaram a definição de cursos decapacitação sem uma proposta curricular,qualquer que fosse ela, para identificar asnecessi<strong>da</strong>des de aprendizagem <strong>do</strong> professor.Cursos de capacitação, geralmentecontrata<strong>do</strong>s de agências externas à educaçãobásica, seguiram os padrões e objetivosconsidera<strong>do</strong>s valiosos para os gestores eforma<strong>do</strong>res dessas agências. Independentemente<strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de pe<strong>da</strong>gógica dessescursos ou programas de capacitação, a ver<strong>da</strong>deé que, sem que o sistema tivesse umcurrículo, ca<strong>da</strong> professor teve acesso a conteú<strong>do</strong>se ativi<strong>da</strong>des diferentes, muitas vezesdescola<strong>da</strong>s <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> escola na qualesse professor trabalhava.Venci<strong>da</strong> quase uma déca<strong>da</strong> no novo século,a Secretaria de Educação <strong>do</strong> RS tem clarezade que a melhor capacitação em serviçopara os professores é aquela que faz parte integrante<strong>do</strong> próprio currículo, organicamentearticula<strong>da</strong> com o <strong>do</strong>mínio, pelo professor, <strong>do</strong>sconteú<strong>do</strong>s curriculares a serem aprendi<strong>do</strong>spor seus alunos e <strong>da</strong> organização de situaçõesde aprendizagem compatíveis.Este <strong>do</strong>cumento, ao explicar os fun<strong>da</strong>mentos<strong>do</strong>s Referenciais Curriculares,inaugura essa nova perspectiva <strong>da</strong> capacitaçãoem serviço.Referencial Curricular 4.indd 18 25/8/2009 11:10:16
IV - Princípios e fun<strong>da</strong>mentos <strong>do</strong>s Referenciais CurricularesImportância <strong>da</strong> aprendizagemde quem ensinaQuem ensina é quem mais precisa aprender.Esse é o primeiro princípio destes Referenciais.Os resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s avaliações externasrealiza<strong>da</strong>s na última déca<strong>da</strong>, entre asquais o SAEB, a PROVA BRASIL, o ENEM eagora o SAERS, indicam que os esforços e recursosaplica<strong>do</strong>s na capacitação em serviço<strong>do</strong>s professores não têm impacta<strong>do</strong> positivamenteo desempenho <strong>do</strong>s alunos. Essa faltade relação entre educação continua<strong>da</strong> <strong>do</strong>professor e desempenho <strong>do</strong>s alunos explicasepelo fato de que os conteú<strong>do</strong>s e formatos<strong>da</strong> capacitação nem sempre têm referêncianaquilo que os alunos desses professoresprecisam aprender e na transposição didáticasdesses conteú<strong>do</strong>s.Dessa forma, estes Referenciais têm como princípiodemarcar não só o que o professor vai ensinar,mas também o que ele precisa saber paradesincumbir-se a contento <strong>da</strong> implementação <strong>do</strong>currículo e, se não sabe, como vai aprender.É por esta razão que, diferentemente demuitos materiais didáticos que começam peloslivros, cadernos ou apostilas destina<strong>da</strong>saos alunos, estes Referenciais começam commateriais destina<strong>do</strong>s aos professores. Tratasenão de repetir os acertos ou desacertos<strong>da</strong> formação inicial em nível superior, mas depromover a aderência <strong>da</strong> capacitação <strong>do</strong>sprofessores aos conteú<strong>do</strong>s e meto<strong>do</strong>logiasindica<strong>do</strong>s nos Referenciais.E como devem aprender os que ensinam? Aresposta está <strong>da</strong><strong>da</strong> nos próprios Referenciais:em contexto, por áreas e com vinculação àprática. Se a importância <strong>da</strong> aprendizagemde quem ensina for observa<strong>da</strong> no trabalhoescolar, os Referenciais devem ser base paradecidir ações de capacitação em serviço paraa equipe como um to<strong>do</strong> e para os professoresde distintas etapas e disciplinas <strong>da</strong> educaçãobásica. E os princípios <strong>do</strong>s Referenciais devemorientar as estratégias de capacitação em nívelescolar, regional ou central.Aprendizagem comoprocesso coletivoNa escola, a aprendizagem de quem ensinanão é um processo individual. Mesmono merca<strong>do</strong> de trabalho corporativo, as instituiçõesestão valorizan<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> vez mais acapaci<strong>da</strong>de de trabalhar em equipe. A vantagem<strong>da</strong> educação é que poucas ativi<strong>da</strong>deshumanas submetem-se menos à lógica <strong>da</strong>competitivi<strong>da</strong>de quanto a educação escolar,particularmente a <strong>do</strong>cência. O produto <strong>da</strong>escola é obrigatoriamente coletivo, mesmoquan<strong>do</strong> o trabalho coletivo não é uma estratégiavaloriza<strong>da</strong>.Diante <strong>do</strong> fracasso <strong>do</strong> aluno, a responsabili<strong>da</strong>derecai em algum coletivo – o governo,a educação em geral ou a escola, dificilmentesobre um professor em particular. Na <strong>do</strong>cência,o sucesso profissional depende menos<strong>do</strong> exercício individual <strong>do</strong> que em outrasativi<strong>da</strong>des, como, por exemplo, as artísticas,a medicina, sem falar em outras mais óbvias,como a publici<strong>da</strong>de, ven<strong>da</strong>s ou gestão <strong>do</strong> setorprodutivo priva<strong>do</strong>. Os professores atuamem equipe mesmo que não reconheçam.Esse caráter coletivista (no bom senti<strong>do</strong>)<strong>da</strong> prática escolar quase nunca é aproveita<strong>do</strong>satisfatoriamente. Ao contrário, muitasvezes, serve de escu<strong>do</strong> para uma responsabilizaçãoanônima e diluí<strong>da</strong>, porque, emborato<strong>do</strong>s sejam responsabiliza<strong>do</strong>s pelo fracasso,poucos se empenham coletivamentepara o sucesso. Espera-se que estes Referenciaisajudem a reverter essa situação,servin<strong>do</strong> como base comum sobre a qualestabelecer, coletivamente, metas a seremalcança<strong>da</strong>s e indica<strong>do</strong>res para julgar se o foramou não e o porquê. Sua organização poráreas já é um primeiro passo nesse senti<strong>do</strong>.1919Referencial Curricular 4.indd 19 25/8/2009 11:10:16
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Essa explosão criou a matéria que
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José Cláudio Del PinoMichelle Câ
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formações que ocorrem nestes sist
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