40nas <strong>da</strong> área, frequentemente reduz a aprendizagemà situação de resolução de exercíciosque decorrem <strong>da</strong> imitação de um modelo, oque na<strong>da</strong> mais é <strong>do</strong> que um treinamento queprescinde de reflexão.Também na disciplina de Química, são inúmerosos cálculos de concentração de soluçõesque os estu<strong>da</strong>ntes realizam, mas é restritaa compreensão sobre os processos de formaçãode soluções e os modelos teóricos de ligaçõesquímicas que os fun<strong>da</strong>mentam. O entendimentosobre as condições que determinama ocorrência de uma transformação químicaem um esta<strong>do</strong> termodinâmico de equilíbrio éminimiza<strong>do</strong>, frente à utilização majoritária deequações matemáticas para cálculo de valoresde constantes de equilíbrio e concentraçãode reagentes e produtos no esta<strong>do</strong> de equilíbrioquímico, aspectos que não favorecem aconstrução de conhecimentos químicos.Na Biologia, a ênfase na classificação edesignação <strong>do</strong>s seres vivos, denominan<strong>do</strong>ospor nomes científicos, a partir <strong>da</strong>s suascaracterísticas, sem considerar os critérios dediferenciação, de organização e as interaçõesentre si e com o meio em que vivem, tornaári<strong>do</strong> e sem significa<strong>do</strong> esse conhecimento. Épreciso compreender a sistemática e a taxonomiacomo modelos para explicar os diferentesseres vivos, suas semelhanças, diferenças erelações.Na área de Ciências <strong>da</strong> Natureza, a leiturae a produção de textos não se limitam somentea materiais escritos. Aprender Ciências éaprender uma linguagem constituí<strong>da</strong> de símbolos,gráficos, tabelas, que se constituem emrepresentações que se valem de outras linguagensalém <strong>da</strong> verbal. Existem ain<strong>da</strong> os modeloscientíficos, que são metáforas e analogiasconstruí<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, muitas vezescomplexa demais e inacessível para ser trata<strong>da</strong>de forma exata. Se for toma<strong>do</strong> como exemploum objeto microscópico (um átomo, umvírus ou uma molécula), é possível detectá-loe realizar muitos experimentos que revelemalgumas de suas proprie<strong>da</strong>des. No entanto,por mais conhecimento que exista a respeitodessas estruturas, ele está fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong> emum modelo teórico sempre limita<strong>do</strong>. A compreensãode que, na Ciência, o trabalho sefaz por meio de incertezas e é necessáriopropor modelos explicativos para os fenômenosem estu<strong>do</strong> é fun<strong>da</strong>mental para relativizarcertezas, especialmente quan<strong>do</strong> se apresentao conhecimento <strong>da</strong>s Ciências no currículoescolar. Desse mo<strong>do</strong>, a leitura e a escritade textos, que privilegiem uma sistematizaçãomais elabora<strong>da</strong>, permitirão aos estu<strong>da</strong>ntes aformação <strong>do</strong> pensamento e <strong>da</strong> consciência de“saber que sabe”, ou seja, de que conhecemais profun<strong>da</strong>mente o mun<strong>do</strong> na perspectiva<strong>da</strong>s Ciências <strong>da</strong> Natureza.b. Resolução de problemas: é umacompetência que possibilita aos estu<strong>da</strong>ntesorganizarem e refletirem sobre suas práticas, apartir <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des propostas pelos professores,de mo<strong>do</strong> fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong> e questiona<strong>do</strong>r,superan<strong>do</strong> as sequências presentes nos livrosdidáticos, que muitas vezes são coloca<strong>da</strong>scomo a única possibili<strong>da</strong>de de aprendizagem.Uma leitura menos fragmenta<strong>da</strong> e linear, quesupere a organização curricular escolar vigente,será possível pela opção <strong>do</strong>s professoresem mu<strong>da</strong>rem suas meto<strong>do</strong>logias, inter-relacionan<strong>do</strong>os conhecimentos e buscan<strong>do</strong> situaçõesreais, próximas à reali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s alunos eque possam ser problematiza<strong>da</strong>s, permitin<strong>do</strong>que suscitem aos estu<strong>da</strong>ntes uma análise <strong>da</strong>questão a partir <strong>do</strong>s conceitos <strong>da</strong>s Ciências<strong>da</strong> Natureza, para compreendê-la e proporsoluções. Dessa maneira, o ambiente escolarconstitui-se em um lugar para crescimento intelectual,por meio <strong>da</strong> pesquisa e <strong>da</strong> reflexãosobre a reali<strong>da</strong>de de to<strong>do</strong>s os sujeitos <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>deescolar, <strong>do</strong> local e <strong>do</strong> global, construin<strong>do</strong>situações de ensino que possam resultarem uma apropriação mais completa <strong>do</strong>sconceitos envolvi<strong>do</strong>s.Segun<strong>do</strong> Pozo (1998):Ensinar os alunos a resolver problemas supõe<strong>do</strong>tá-los <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de aprender a aprender,no senti<strong>do</strong> de habituá-los a encontrar por simesmos respostas às perguntas que os inquie-Referencial Curricular 4.indd 40 25/8/2009 11:10:23
tam ou que necessitam responder, em vez deesperar uma resposta já elabora<strong>da</strong> por outrose transmiti<strong>da</strong> pelo livro texto ou pelo professor(p. 9).A possibili<strong>da</strong>de de que os alunos desenvolvamhabili<strong>da</strong>des e competências, que os capacitema utilizar os seus conhecimentos anteriorespara a construção de novos, indica que,para resolver problemas, ocorre uma aprendizagemde conceitos mais ampla, em que osmesmos são busca<strong>do</strong>s a partir <strong>da</strong> questão aser resolvi<strong>da</strong> e não apenas como eluci<strong>da</strong>ção<strong>da</strong> sequência de relações preestabeleci<strong>da</strong>spelo ordenamento <strong>do</strong>s livros didáticos. As informações,já disponibiliza<strong>da</strong>s pelas Ciênciase estrutura<strong>da</strong>s no conhecimento escolar a serdiscuti<strong>do</strong>, devem ser acessa<strong>da</strong>s pelos estu<strong>da</strong>ntespara que possam compreender melhor osproblemas encontra<strong>do</strong>s que exigem soluçõesde curto, médio e longo prazos, referencia<strong>da</strong>sno conhecimento disponível ou motiva<strong>do</strong>resde novas pesquisas. Assim, a participação <strong>da</strong>escola na construção de ci<strong>da</strong>dãos mais capazesde expor suas ideias e respeitar as <strong>do</strong>sdemais com quem convivem torna-se o foco<strong>da</strong>s ações, já que as discussões relativas asquestões socioambientais e sociocientíficotecnológicasnão serão mais desconheci<strong>da</strong>s<strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes, mas exigirão uma postura derespeito para com o outro e de toma<strong>da</strong> dedecisão qualifica<strong>da</strong> quanto ao que fazer frenteao problema enfrenta<strong>do</strong>.Nesta perspectiva, é essencial o <strong>do</strong>mínio<strong>da</strong> linguagem, <strong>do</strong>s símbolos <strong>da</strong>s diversasCiências e de outros tipos de representações(gráficos, tabelas, figuras, modelos, etc.). Resolverproblemas envolve, também, a comunicaçãoescrita, por meio de textos, símbolos erepresentações, e a interação social. Não hácomo resolver um problema sem leitura e semcomunicação, seja escrita ou oral.• Investigaçãoe compreensãoa. Leitura e produção de textos: investigaçãoé uma característica fun<strong>da</strong>mental<strong>da</strong>s Ciências <strong>da</strong> Natureza e não existe sem leiturae escrita. Como já foi dito, a leitura, nestaárea, envolve compreensão de textos, símbolose representações gráficas sobre temas relativosà Ciência e Tecnologia. No âmbito <strong>da</strong>pe<strong>da</strong>gogia geral, as discussões sobre as relaçõesentre educação e socie<strong>da</strong>de se associarama tendências progressistas, que, no Brasil<strong>do</strong>s anos 80, organizaram-se em correntesimportantes que influenciaram o ensino deCiências Naturais, enfatizan<strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>s socialmenterelevantes e processos de discussãocoletiva de temas e problemas de significa<strong>do</strong>e importância reais. Questionou-se tanto aabor<strong>da</strong>gem quanto a organização <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s,identifican<strong>do</strong>-se a necessi<strong>da</strong>de de umensino que integrasse os diferentes conteú<strong>do</strong>s,com um caráter também interdisciplinar, o quetem representa<strong>do</strong> importante desafio para adidática <strong>da</strong> área que marca as escolhas apresenta<strong>da</strong>sneste Referencial.Esses temas podem ser veicula<strong>do</strong>s na mídia,livros didáticos, internet ou publicaçõesespecializa<strong>da</strong>s. Não é intenção formar pesquisa<strong>do</strong>resnesse nível de ensino, mas, sim,incentivar a ín<strong>do</strong>le investigativa, que faz comque os cientistas formulem perguntas e percorramum instrutivo e apaixonante caminhode aprendiza<strong>do</strong>. Os alunos, embora sem omesmo compromisso de serem produtores deconhecimento, devem ser estimula<strong>do</strong>s a desenvolverpostura investigativa diante <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>em que vivem, ou seja, a perguntarem-secontinuamente quais são e como estão sen<strong>do</strong>disponibiliza<strong>do</strong>s os artefatos tecnológicosproduzi<strong>do</strong>s para a socie<strong>da</strong>de, e como podeminterferir ou não nesse processo. Essa atitudenão se resume apenas a uma questão deaprendizagem de conteú<strong>do</strong>s, mas de exercíciopleno de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.b. Resolução de problemas: como jáfoi dito, não é o mesmo que resolver exercícios;resolver problemas é a ativi<strong>da</strong>de primordial<strong>da</strong> Ciência (LAUDAN, 1986). Procurar estabelecerum problema e buscar suas soluçõesrequer uso de leitura, escrita, contextualizaçãoe investigação. Um problema supõe invenção4141Referencial Curricular 4.indd 41 25/8/2009 11:10:23
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