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MÉDICOS ALEMÃES, HÚNGAROS E AUSTRÍACOS NO RIO GRANDE DO SUL
denunciados e posteriormente encarcerados. Porém, as autoridades
em geral faziam vistas grossas em razão da necessidade
das populações do interior do Estado no que tange à assistência
médica e do prestígio já alcançado por esses profissionais
altamente competentes, após anos de atividade útil, dedicada
a seus pacientes.
Muitos deles recorreram à Justiça e impetraram mandado
de segurança, concedido em maio de 1938 pelo Tribunal
de Justiça Estadual, com o objetivo de readquirir o direito a
exercer sua profissão (Figura 30). Não cessaram aí as atribulações
dos médicos alemães, austríacos e húngaros e de suas
famílias. Com a declaração pelo Brasil de estado de guerra
contra o Eixo, em agosto de 1942, em razão do afundamento
de vários navios mercantes pelos submarinos alemães, o uso
da língua germânica foi definitivamente proibido no território
nacional. Não era mais permitido falar em alemão nas ruas e
em locais públicos – o húngaro era confundido com a língua
alemã –, possuir livros escritos neste idioma, ouvir estações de
rádio alemãs, denominar pessoas ou instituições com vocábulos
alemães. Inclusive o Hospital Alemão, em Porto Alegre,
onde se falava corrente e habitualmente o alemão, em razão
das determinações governamentais, mudou rapidamente seu
nome para Hospital Moinhos de Vento.
Houve médicos alemães que tiveram invadidas suas residências
e confiscados livros, aparelhos, instrumentos e os rádios
que possuíssem faixa de ondas curtas. Algumas pessoas
que continuaram a falar o idioma alemão nas ruas também
foram presas, mas posteriormente soltas por seus advogados
com o argumento de que eram imigrantes que ainda não haviam
aprendido satisfatoriamente a língua nacional e que eram
inimigas do governo alemão e de sua ideologia.
Por outro lado, não há termo de comparação entre as
vicissitudes passadas por tais imigrantes em nosso país e a perseguição
sistemática, que culminou com a supressão da vida
dos familiares remanescentes na Alemanha, Áustria e demais
países ocupados pelas forças nazistas e que não puderam
emigrar. Também é necessário reconhecer que as imposições
de cunho nacionalista interromperam o processo linguístico e
cultural germânico que vinha se mantendo havia décadas no
interior do Rio Grande do Sul.
Quadro 5. Decretos e fatos que complicaram o livre exercício
profissional dos médicos de língua alemã
Figura 29. Licença profissional a “título precário”
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