22.12.2016 Views

MUHM - Museu de História da Medicina

Um acervo vivo que faz ponte entre o ontem e o hoje.

Um acervo vivo que faz ponte entre o ontem e o hoje.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O ENSINO MÉDICO NO RIO GRANDE DO SUL<br />

recém-nascidos, higiene e história <strong>da</strong> medicina e medicina legal<br />

eram algumas <strong>da</strong>s matérias lista<strong>da</strong>s. O juramento proferido<br />

pelos que se graduavam incluía “[...] fazer bem à humani<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e contribuir para os progressos <strong>da</strong> medicina no Império, cuja<br />

constituição política juro, outrossim, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r”. O nível do ensino<br />

médico se elevava e prova disso são os numerosos compêndios<br />

<strong>de</strong> autores nacionais que passam a ser publicados.<br />

É a partir <strong>de</strong> 1840 que, na Bahia, cresce o número <strong>de</strong> teses<br />

<strong>de</strong>fendi<strong>da</strong>s. Entre elas está a <strong>da</strong> Dra. Rita Lobato Velho Lopes,<br />

nasci<strong>da</strong> em Rio Gran<strong>de</strong>, Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, que, em <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 1887, se torna a primeira mulher médica forma<strong>da</strong> no Brasil,<br />

tendo <strong>de</strong>fendido a tese intitula<strong>da</strong> Paralelos entre os métodos<br />

preconizados na operação cesariana.<br />

Foto 1. Rita Lobato Velho Lopes<br />

Fonte: Acervo <strong>MUHM</strong><br />

Se as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s para graduar-se eram gran<strong>de</strong>s, os médicos<br />

brasileiros não mediam esforços para alcançar suas metas<br />

e aten<strong>de</strong>r suas vocações. Muitos foram para a Europa enfrentando<br />

as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s inerentes a esta busca; outros foram<br />

estu<strong>da</strong>r nas Facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s do Rio e <strong>da</strong> Bahia. Até que chegou o<br />

momento <strong>de</strong> o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul criar e <strong>de</strong>senvolver o seu<br />

próprio ensino médico.<br />

ENSINO MÉDICO NO RIO GRANDE DO SUL<br />

Em fins do século XIX, o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul tinha pouco<br />

mais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> habitantes. Porto Alegre tinha em torno<br />

<strong>de</strong> 70 mil moradores, oito mil moradias, lampiões a gás e trem<br />

até Novo Hamburgo, passando por Canoas, Sapucaia e São<br />

Leopoldo. O transporte municipal era feito por bon<strong>de</strong>s puxados<br />

a burro, aproximando os bairros mais distantes. Contava<br />

com cerca <strong>de</strong> 40 médicos, formados nas facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Bahia<br />

e do Rio <strong>de</strong> Janeiro, ou na Europa.<br />

Já em 1853, há relato <strong>de</strong> ter ocorrido uma “discussão<br />

<strong>de</strong> caso” abor<strong>da</strong>ndo o quadro <strong>de</strong> um paciente com volumoso<br />

tumor sacral, com a presença <strong>de</strong> sete médicos e três cirurgiões-mores.<br />

Em 1886, foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Médico-Cirúrgica Rio-<br />

Gran<strong>de</strong>nse, o que mostra que os médicos <strong>de</strong> então já tinham<br />

compreensão <strong>de</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se unirem para reforçar seu<br />

entendimento bem como a visão científica e política <strong>da</strong> sua<br />

condição <strong>de</strong> trabalho.<br />

A terceira facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> medicina do Brasil foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

em Porto Alegre, iniciando aí a trajetória do ensino médico no<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. A partir <strong>da</strong> união <strong>de</strong> dois cursos, em 1897,<br />

que nasceram na área <strong>da</strong> farmácia e na dos partos, surge a Facul<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Livre <strong>de</strong> Farmácia e Química Industrial. Na sequência<br />

<strong>de</strong>ste entendimento e <strong>de</strong>sta união, em 25 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1898,<br />

surge a Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Medicina</strong> e Farmácia.<br />

Já eram claras as posições dos médicos <strong>de</strong> então quanto<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s: eram contra o positivismo<br />

comtista, que liberava o exercício profissional a qualquer<br />

um e em qualquer área <strong>de</strong> conhecimento mediante pagamento<br />

<strong>de</strong> taxa e inscrição nos órgãos governamentais, não sendo<br />

necessária comprovação <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong> e conhecimento. Este<br />

era um preceito expresso na Constituição Estadual <strong>de</strong> 1891,<br />

positivista, no governo <strong>de</strong> Júlio <strong>de</strong> Castilhos que, ain<strong>da</strong>, não<br />

admitia privilégios <strong>de</strong> diplomas escolásticos.<br />

74<br />

MUSEU DE HISTÓRIA DA MEDICINA - <strong>MUHM</strong>: um acervo vivo que se faz ponte entre o ontem e o hoje

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!