MUHM - Museu de História da Medicina
Um acervo vivo que faz ponte entre o ontem e o hoje.
Um acervo vivo que faz ponte entre o ontem e o hoje.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
MÉDICOS ALEMÃES, HÚNGAROS E AUSTRÍACOS NO RIO GRANDE DO SUL<br />
Figura 30. Man<strong>da</strong>do <strong>de</strong> segurança impetrado pelos médicos<br />
CCom o término <strong>da</strong> guerra em maio <strong>de</strong> 1945, a que<strong>da</strong><br />
do Estado Novo e a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> Getúlio Vargas em outubro<br />
do mesmo ano, amainaram os dispositivos legais existentes<br />
contra os estrangeiros.<br />
O Decreto-Lei n° 7.955, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1945,<br />
criou os Conselhos <strong>de</strong> <strong>Medicina</strong> e, a partir <strong>de</strong> então, tornou-se<br />
obrigatório o registro dos médicos nestas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />
A partir <strong>de</strong> 1948, conforme autorização con<strong>de</strong>di<strong>da</strong> pelo<br />
Parecer 251/48, do Conselho Nacional <strong>de</strong> Educação, os médicos<br />
estrangeiros tiveram a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> revali<strong>da</strong>r seus<br />
diplomas. Finalmente, assim, foi-lhes facultado o direito <strong>de</strong><br />
exercer legalmente a medicina em todo o território nacional.<br />
Foram suas vi<strong>da</strong>s proveitosas, suas vastas e incessantes<br />
realizações, o estudo permanente e a competência <strong>da</strong>í <strong>de</strong>corrente,<br />
a <strong>de</strong>dicação e o amor ao próximo e o <strong>de</strong>sprendimento<br />
dos valores materiais a razão mobilizadora do relato <strong>da</strong>s histórias<br />
<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>sses médicos que, <strong>de</strong> forma direta ou indireta,<br />
cruzaram com a trajetória <strong>de</strong>ste autor, que é filho <strong>de</strong> médico<br />
imigrante alemão.<br />
De qualquer maneira, não conheceram outro leitmotiv<br />
– motivo principal – que não fosse o bem – o bem-estar e o<br />
bem-querer – <strong>de</strong> seus semelhantes.<br />
Deixaram vasta <strong>de</strong>scendência <strong>de</strong> profissionais brasileiros<br />
natos que hoje distingue o comércio e a economia do país, enriquece<br />
a contribuição <strong>da</strong>s profissões liberais, aprimora a pesquisa<br />
científica, revoluciona os meios acadêmicos, amplia nossa<br />
cultura, lota os palcos e salões <strong>de</strong> apresentações artísticas e<br />
concertos musicais, confere quali<strong>da</strong><strong>de</strong> aos nossos exames vestibulares<br />
e ao provimento <strong>de</strong> cargos públicos, políticos e administrativos,<br />
enfim, que orgulha todos os segmentos que compõem<br />
a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> gaúcha e a gran<strong>de</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira.<br />
Humanitários e sábios foram os diplomatas brasileiros<br />
que conce<strong>de</strong>ram vistos <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> no território brasileiro aos<br />
discípulos <strong>de</strong> Hipócrates, Avicena e Vesalius, recém-formados,<br />
à procura <strong>de</strong> melhores oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou a fim <strong>de</strong> esgueirar-se<br />
por outras plagas, na tentativa <strong>de</strong> escapar <strong>de</strong> um fim trágico<br />
imposto pelas loucuras hedion<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s guerras mundiais que<br />
assolaram seus países <strong>de</strong> origem.<br />
Equivocados, porém, estavam os funcionários <strong>de</strong> nossos<br />
consulados e embaixa<strong>da</strong>s ao anotarem em seus passaportes:<br />
“Bom para o Brasil”. Neste jogo insólito <strong>de</strong> exportação <strong>de</strong> cabeças<br />
e competências, ganhou o Brasil porque não foram simplesmente<br />
bons os que aqui chegaram, foram ótimos, e com distinção!<br />
REFERÊNCIAS<br />
ALBERSHEIM, Erich. Um pouco <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>. Porto Alegre: Autobiografia<br />
não publica<strong>da</strong>, Setembro/1980<br />
ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém. São Paulo: Companhia<br />
<strong>da</strong>s Letras, 1999.<br />
BOFF, Ana Vera. Memória: imigração ju<strong>da</strong>ica no Brasil, no século<br />
XX. Porto Alegre: Instituto Cultural Ju<strong>da</strong>ico Marc Chagall; <strong>Museu</strong><br />
Ju<strong>da</strong>ico <strong>de</strong> Porto Alegre, 1999.<br />
MUSEU DE HISTÓRIA DA MEDICINA - <strong>MUHM</strong>: um acervo vivo que se faz ponte entre o ontem e o hoje 139