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MUHM - Museu de História da Medicina

Um acervo vivo que faz ponte entre o ontem e o hoje.

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<strong>Medicina</strong> militar no rio gran<strong>de</strong> do sul<br />

mentos no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Pela palavra empenha<strong>da</strong> a São<br />

Paulo, republicanos como Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros e João Neves<br />

<strong>da</strong> Fontoura juntaram-se a libertadores como Raul Pilla e Batista<br />

Lusardo e partiram para luta <strong>de</strong>sigual contra o governo<br />

central e contra Flores <strong>da</strong> Cunha, interventor no Estado e que<br />

optara pelo apoio ao governo provisório <strong>da</strong> República. Houve<br />

no Rio Gran<strong>de</strong> alguns levantes, poucos combates, mortes e<br />

prisões, sobretudo no combate final no Cerro Alegre. Não<br />

faltou assistência médica, e na reduzi<strong>da</strong> coluna Borges-Lusardo,<br />

por exemplo, os médicos <strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar coronel<br />

João Krusser e capitão Domingos Crossetti acompanhavam<br />

o antigo chefe e seus companheiros. A principal participação<br />

do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul foi fora <strong>de</strong> seus limites e ao lado <strong>da</strong>s<br />

forças governistas (SOUZA; CHAVES, 2012). Chama a atenção<br />

que entre os gaúchos mortos em São Paulo estava o<br />

capitão médico reformado do Exército Jerônimo Teixeira Braga,<br />

que coman<strong>da</strong>va o 17° Corpo Auxiliar <strong>da</strong> Briga<strong>da</strong> Militar,<br />

comissionado como tenente-coronel, e faleceu <strong>de</strong> espa<strong>da</strong> na<br />

mão à frente <strong>de</strong> seus homens às margens do Rio <strong>da</strong>s Almas,<br />

afluente do Paranapanema (SILVEIRA, 1989). Também como<br />

<strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> Revolução <strong>de</strong> Trinta-e-Dois, foi morto em Sole<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

o senhor Kurt Spalding, lí<strong>de</strong>r político, dono <strong>de</strong> farmácia<br />

e que exercera a medicina em tempos <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> profissional<br />

e fora médico <strong>da</strong>s forças revolucionárias no Combate do<br />

Fão e outros confrontos.<br />

Na Segun<strong>da</strong> Guerra Mundial, foi importante a participação<br />

dos gaúchos na Força Expedicionária Brasileira (FEB), bastando<br />

dizer que seu coman<strong>da</strong>nte era o general Mascarenhas<br />

<strong>de</strong> Moraes, nascido em São Gabriel, e que o coronel Cor<strong>de</strong>iro<br />

<strong>de</strong> Farias <strong>de</strong>ixou o governo do Estado para ir à guerra. Na FEB,<br />

mais <strong>de</strong> 25.000 brasileiros, incorporados ao V Exército Americano,<br />

lutaram assistidos por um Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> constituído<br />

por 1.359 homens e mulheres. O ponto mais alto ocupado por<br />

um brasileiro foi o comando do 32º Hospital <strong>de</strong> Campo. Nele,<br />

o professor Alípio Corrêa Neto comandou brasileiros e americanos<br />

no atendimento <strong>de</strong> politraumatizados e <strong>de</strong> feridos no<br />

crânio. Médicos, farmacêuticos, <strong>de</strong>ntistas, enfermeiros, padioleiros<br />

e outros auxiliares fizeram com que houvesse apenas 49<br />

óbitos <strong>de</strong> brasileiros nos hospitais, quando foram socorridos<br />

mais <strong>de</strong> 3.000 mil feridos em combates ou aci<strong>de</strong>ntes. Todos<br />

participavam com entusiasmo <strong>da</strong>s observações a respeito <strong>de</strong><br />

um novo remédio que surgia: a penicilina. Dos 443 brasileiros<br />

mortos, 364 morreram em ação <strong>de</strong> combate, sem chance para<br />

qualquer atendimento (GUIO, 2008).<br />

A partir <strong>de</strong> 1930, a profissionalização e o constante<br />

evoluir <strong>da</strong>s forças militares fe<strong>de</strong>rais, aliados a limitações impostas<br />

às forças estaduais, que só po<strong>de</strong>riam agir no policiamento<br />

e para garantir segurança à população, diminuíram<br />

em muito as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> revolução num país continental.<br />

Após solução <strong>de</strong> gabinete para a crise <strong>da</strong> Legali<strong>da</strong><strong>de</strong> em<br />

1961, o Movimento Armado <strong>de</strong> 1964, com poucas baixas,<br />

instituiu um governo <strong>de</strong> exceção que durou até 1985. Nesses<br />

anos houve movimentos subversivos à or<strong>de</strong>m vigente e que<br />

produziram mortes e prisões. Entre os mortos, houve um médico<br />

gaúcho, o Dr. João Carlos Haas Sobrinho, que faleceu<br />

nas Guerrilhas do Araguaia em setembro <strong>de</strong> 1972. Sem consi<strong>de</strong>rar<br />

i<strong>de</strong>ologias e sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar condutas mais<br />

ou menos absur<strong>da</strong>s, os amigos e colegas <strong>de</strong>le, <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Sarmento Leite e <strong>da</strong> Santa Casa <strong>de</strong> Porto Alegre jamais o<br />

esquecerão.<br />

A medicina <strong>de</strong> apoio a ações militares pela sua própria<br />

natureza é móvel, ao menos no primeiro contato com feridos<br />

e doentes nos campos <strong>de</strong> batalha. Tal aspecto explica a simplici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

dos primeiros hospitais e que eram chamados <strong>de</strong> enfermarias.<br />

E ca<strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> tinha a sua. As ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Jaguarão<br />

e Bagé, por exemplo, surgiram em 1808 e 1811, respectivamente,<br />

como acampamentos <strong>da</strong>s forças que se reuniam para<br />

invadir o Uruguai. Nos acampamentos havia abrigos para as<br />

mulheres que acompanhavam os exércitos e que ali permaneceriam,<br />

armazém e local para atendimentos médicos, as enfermarias.<br />

Parece razoável que a <strong>de</strong> Jaguarão, então conheci<strong>da</strong><br />

por Cerrito, ganhasse maior importância em função <strong>de</strong> estar<br />

à margem <strong>de</strong> um rio navegável. Relatórios e livros ressaltam<br />

o significado <strong>da</strong> enfermaria <strong>da</strong> antiga Guar<strong>da</strong> do Cerrito para<br />

o atendimento <strong>de</strong> feridos e doentes e que permitia prever a<br />

construção <strong>de</strong> prédio mais a<strong>de</strong>quado para ela. Em livro escrito<br />

por oficial <strong>da</strong> Marinha, fica evi<strong>de</strong>nte a participação <strong>da</strong> enfermaria<br />

do Cerrito na conexão com naves e hospitais embarcados.<br />

Na Guerra do Paraguai, ela fez parte <strong>de</strong> um sistema que<br />

incluía as enfermarias <strong>de</strong> Paysandu e Buenos Aires (Rua Esme-<br />

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