MUHM - Museu de História da Medicina

I
NTRODUÇÃO
A medicina missioneira entre a ciência europeia e os saberes nativos
Um observador curioso, ao pensar na medicina atual, rodeada
de aparatos tecnológicos e em avanço constante, pode
não ter claras as dificuldades que cercaram a área historicamente.
A evolução dos conhecimentos foi permeada de erros
e acertos, progressos e retrocessos, muitas vezes acompanhados
do cerceamento das possibilidades de estudo e, consequentemente,
do ritmo com que o ser humano se apropriou
das potencialidades da natureza e de um aparato científico
que nos permitisse chegar ao estágio atual.
Entre os séculos XVII e XVIII, os saberes ligados à área
médica, principalmente em se tratando da Península Ibérica
e suas colônias ultramarinas, ainda estavam amplamente
conectados aos conhecimentos clássicos que remontam à
Grécia e Roma, tendo como expoentes máximos os autores
Hipócrates 1 e Galeno 2 . Porém, isso não impedia que muitos
dos escritores de medicina do período estivessem abertos às
1 Sobre Hipócrates, “sabe-se que nasceu na ilha de Cós, de uma família de antigas
tradições médicas, filho de um médico que foi o seu primeiro mestre. Os autores
concordam em fixar a data do seu nascimento cerca do ano 460 a.C. Testemunho
da sua existência, que alguns chegaram a pôr em dúvida, é a citação que dele faz
Platão, seu contemporâneo embora mais novo, em alguns dos Diálogos” (TAVARES
DE SOUZA, 1996, p. 51).
2 “Nasceu em Pérgamo, cidade grega da Ásia Menor, cerca do ano 130 da era
cristã.” (TAVARES DE SOUSA, 1996, p. 110.) “Faleceu cerca do ano 200, [...] escrevera,
além das obras de medicina, 125 livros sobre filosofia, matemática, direito
e gramática. Calcula-se em cerca de quatrocentas o número das suas obras, uma
grande parte das quais se perdeu sem que delas existissem cópias.” (TAVARES DE
SOUSA, 1996, p. 113.)
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