MUHM - Museu de História da Medicina

No final do século XIX e nas décadas iniciais do século passado,
o Rio Grande do Sul recebeu um grande contingente imigratório
proveniente da Itália. Deve-se considerar que os fluxos
imigratórios incluem, em sua composição, trabalhadores altamente
qualificados. Indivíduos possuidores de talentos especiais
influenciam na circulação de ideias e conhecimentos e ocasionam
repercussões diretas no país de acolhimento. Entre estes
imigrantes havia um importante grupo de médicos. Mainardi
(1996) computou 120 médicos formados na Itália. Não existem
números oficiais, mas presume-se que o número de médicos
seja bem maior, com sua entrada no sul do país ocorrendo principalmente
na segunda década do século passado.
A vinda de médicos, contudo, é bem mais precoce, datando
da época colonial do Brasil. Um dos primeiros doutores
em medicina a atuar no Rio Grande do Sul foi Júlio César Muzzi,
que assumiu como físico-mor das tropas da Capitania em
1809. Muzzi foi encarregado da introdução da inoculação da
vacina antivariólica nos habitantes daquela capitania. Para o
encargo de vacinador na Vila de Santo Antônio, foi proposto
o cirurgião italiano Marcos Cristino Fioravanti (FRANCO, 2003,
p. 160; PORTO ALEGRE, s.d.). Fioravanti participou do início da
Revolução Farroupilha (1835-1845), quando comandou uma
força composta por cidadãos armados oriundos de Nossa Senhora
da Conceição do Arroio. Atuava como cirurgião militar
até ser promovido pelo presidente da República Rio-Grandense,
Bento Gonçalves da Silva, ao cargo de cirurgião-mor do
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