MUHM - Museu de História da Medicina

Luciano Raul PANATIERI e Veridiano Farias
morrer ou meu filho, tu não sai vivo daqui [...] e fechou
a porta [...] ele e a parturiente. Meu pai ficou
[...] um ou dois dias [...] e conseguiu então trazer a
vida à tal da criança [...] ele foi liberado, então ele
pode ir embora pra casa [...] mas ele foi muito bem
recompensado financeiramente [...] ele conseguiu
comprar metade da casa [...] (ELVIRA, 2015, p. 7).
A outra parte da casa foi adquirida pela mediação de
um padre, pois lá funcionava uma escola de freiras chamada
Coração de Maria, que estava ficando muito pequena para
servir como escola. Panatieri comprou todo o imóvel, e as freiras
foram para um espaço maior (ELVIRA, 2015). Atualmente,
mantido pela família, funciona na mesma casa o Solar dos
Panatieri, um espaço cultural destinado a preservar a memória
do médico.
Segundo os dados biográficos de Panatieri, localizados
no acervo privado de Dona Elvira (A.P.E, 2015), seu pai “atuou
no desenvolvimento do Hospital da Irmandade do Senhor
Bom Jesus dos Passos [...]”, considerado ótimo orador, e “participou
de Congressos Eucarísticos em Santa Maria (1935) e
em Rio Pardo (1939); no Rio de Janeiro fez cursos de especialização
em cirurgia, ginecologia e obstetrícia”.
Luciano Panatieri publicou livros em Rio Pardo e transitou
nos meios intelectuais de Porto Alegre, sobretudo na companhia
de Dante de Laytano (1908-2000), historiador e pesquisador
da identidade do negro sul-rio-grandense. Juntos publicaram
livro editado pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio
Grande do Sul.
Na década de 1940, Panatieri escreveu a Contribuição ao
estudo do desenvolvimento da criança em Rio Pardo (1944) e
foi colaborador de revistas científicas como Arquivos de Biologia,
editada em São Paulo, Revista Brasileira de Medicina e
Farmácia e Revista de Medicina e Higiene Militar, além de ter
sido correspondente da Revista O Observador Econômico e
Financeiro. Publicou também o ensaio intitulado A propósito
do temperamento de Dom Pedro II (1943) (A.P.E, 2015). Estas
produções bem como a sua atuação como médico caracterizam
a sua intensa atividade intelectual e profissional. 18
Imagem 5. Médicos reunidos (Luciano em pé, à esquerda, com
os colegas médicos; o quarto, sentado, da esquerda à direita,
é o médico Gabino) 19
Fonte: Acervo MUHM
Imagem 4. Luciano Panatieri com a esposa, Jacy, e o filho Raul
Fonte: Acervo MUHM
18 Luciano teve dez filhos com Jacy. Destes, dois seguiram a profissão do pai,
médico: Romeu, clínico geral, e Rômulo, anestesista. Em ordem, seguem os dez
filhos do casal: Raul, Romeu, Lourdes Conceição, Jacy Terezinha, Renê Lamberto,
Rui, Rômulo (83 anos), Marta, Elvira (76 anos) e Abrelina. Rômulo e Elvira são os
únicos vivos.
19 Gabino Prates da Fonseca (1889-1973) “foi fundador e presidente da primeira
comissão executiva do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, tornando-se figura
destacada na busca da regulamentação do exercício da medicina. Esta meta era
expressa através do Boletim do Sindicato Médico, publicação oficial da entidade
criada em 1931, da qual Doutor Gabino era um dos redatores” (ACERVO MUHM).
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MUSEU DE HISTÓRIA DA MEDICINA - MUHM: um acervo vivo que se faz ponte entre o ontem e o hoje