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• A casa era amarela, pois esta é a cor da escola.<br />
• O corpo do homem estava no chão sem tapete e sem moscas.<br />
• E o triângulo foi feito no peito, para que pudesse ficar maior.<br />
Quando apresentei essas mudanças para o grupo, a reação da Letícia foi:<br />
Letícia: Simone, não sei como conseguiu colocar tantas ideias e ainda assim<br />
deixar a história tão incrível.<br />
Simone: Lembre que eu organizei, as ideias foram de vocês. (8ª D, 25/11).<br />
Em vários momentos, Luana e eu nos questionamos sobre as histórias que, apesar de<br />
terem sido escritas em momentos e turmas diferentes, ficaram semelhantes, repleta de crimes,<br />
intrigas, lutas e, claro, romance.<br />
Dayrell (2007, p.1112) afirma:<br />
Essas diferentes dimensões da condição juvenil são influenciadas pelo<br />
espaço onde são construídas, que passa a ter sentidos próprios,<br />
transformando-se em lugar, o espaço do fluir da vida, do vivido, sendo o<br />
suporte e a mediação das relações sociais, investido de sentidos próprios,<br />
além de ser a ancoragem da memória, tanto individual quanto coletiva. Os<br />
jovens tendem a transformar espaços físicos em espaços sociais, pela<br />
produção de estruturas particulares de significados.<br />
Entendemos, assim, que a escola deveria ser um espaço de cruzamento cultural. Dessa<br />
forma, poderia fazer o papel de mediadora, sendo capaz de provocar em seus participantes<br />
uma reflexão sobre essas diversas influências e diferentes culturas ali presentes. É preciso ter<br />
em mente ainda que não se trata apenas da cultura e lógica escolar, mas das práticas sociais<br />
das famílias. Refletir sobre essa diversidade pode auxiliar anão simplificar quaisquer<br />
dificuldades em relação à escolarização. Barbosa (2007, p. 1062)alerta:<br />
Para refletir sobre a escolarização das crianças brasileiras contemporâneas é<br />
preciso compreender as dimensões do ser criança e viver a infância neste<br />
momento histórico e neste país; conhecer as novas estruturas familiares e<br />
suas culturas que estão sendo cotidianamente vividas e praticadas pelas<br />
crianças, como também repensar a legitimidade dos conhecimentos escolares<br />
e dos modos convencionais de socialização da escola, numa sociedade onde<br />
a multiplicidade de socializações pressupõe o confronto e o entrelaçamento<br />
entre as culturas.<br />
A autora afirma, ainda, que esse capital cultural familiar não é apenas transmitido pelos<br />
pais, mas também pelas pessoas que convivem com essas crianças, especialmente os irmãos<br />
mais velhos, que proporcionam oportunidades para a construção de competências, interesse e<br />
valorização das práticas escolares. Quanto mais próximos os modos de socialização familiar<br />
estiverem dos modos de socialização escolar, maior é a perspectiva de sucesso da escola.<br />
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