417408649765983
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Distante de nosso objetivo, os alunos precisaram ser alertados quanto às intenções<br />
daquele momento, por isso direcionamos sua atenção. Orientar e auxiliar é função da escola,<br />
essa é uma situação tutorada, parte das regras da escola.<br />
Esse foi um convite aos estudantes, já que tentávamos seduzi-los para o trabalho. Não<br />
concebemos que houve uma imposição de sentidos, nem que tentamos usar uma atitude, como<br />
escreve Freire (2013, p.90), “mandonista, rígida, que não conta com nenhuma criatividade do<br />
educando”.<br />
A proposta, desde o início, era que juntos construíssemos as histórias. Após assistirmos<br />
aos filmes, a professora pediu que fizessem um resumo, ou um relatório, fez isso como parte<br />
de um exercício de escrita para a construção da história. No entanto, os alunos não gostaram<br />
da ideia e foi preciso mais uma negociação:<br />
Luana: Para que nós assistimos ao filme?<br />
Carol: Prá descontrair.<br />
Simone: O combinado não era assistir o filme, para termos ideias sobre<br />
oque vamos escrever?<br />
Carol: Então, mas não era prá fazer um resumo.<br />
Luana: Estou pedindo um resumo que é para partirmos de algum lugar.<br />
Carol: Então, não precisa escrever, vai perguntando se alguém tem alguma<br />
ideia.<br />
Luana: Jessica, para que assistir ao filme?<br />
Jessica: Pra ter ideia, não pra fazer resumo. (13/09, 8ª C).<br />
Alguns alunos negociaram a entrega do relatório, mas a Luana fez sua pesquisa<br />
oralmente conforme sugerido pelos alunos, perguntando a todos o que haviam gostado ou<br />
não, quem eram os atores e personagens e o que aconteceu no filme. Os jovens começaram a<br />
falar e quase todos deram suas opiniões espontaneamente, mas Luana no fim fez questão de<br />
pedir a opinião daqueles que não haviam falado, convidando os alunos à participação.<br />
Várias ideias foram surgindo, como usar a mesa de pingue-pongue, recorrer a chaves<br />
escondidas para abrir caixas, mencionar datas importantes, símbolos, plano cartesiano, usar o<br />
piano, fazer um mapa, usar a quadra, usar o Teorema de Pitágoras para alturas etc. Foi nessa<br />
troca de informações, questionamentos, argumentações e até de reclamações que nossa<br />
criação textual se iniciou, com alguns alunos entregando seus relatórios, mas com a maioria<br />
participando oralmente.<br />
De acordo com Freire (2013), ensinar exige disponibilidade para o diálogo. O autor<br />
assinala que é necessário estar aberto aos outros, disponível à curiosidade, à vida e a seus<br />
desafios. Para ele, viver essa abertura respeitosa aos outros e, conforme o momento,<br />
aproveitar-se dela e fazer uma reflexão crítica deve ser parte do ser docente.<br />
57