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Jesser não tinha escolhido ser um personagem, mas foi eleito pelos colegas. Isso fez
com que ele pouco se envolvesse. Nesse momento de conversa com a Luana, isso fica
evidente e, mais uma vez, em um processo de negociação, a professora decide mudar seu
personagem.
A turma sugeriu o Leo e ele aceitou. Faltava ainda incluir alguns dos meninos que
haviam faltado no momento da escolha dos personagens, fizemos isso e, em seguida,
começamos as primeiras fotos.
Simone: [para Luana] O que você acha de hoje fazer o teorema e a gente já
pode fotografar os dois meninos, a gente já tem as camisetas e já dá pra
fazer o braço.
Luana: Vamos mandar bala!
João: Deixa eu por sangue?
Simone: Tá louco pra por sangue! (8 a C, 18/10).
O João fez toda a parte de maquiagem, sempre com muito cuidado e atenção.
As meninas reclamaram de terem sido colocadas no papel das crianças jogando bola.
Ficamos um tempo discutindo quem seriam as crianças na cena do parque, já que elas não
quiseram este papel.
Luana: Na verdade foi alguém que sugeriu colocar vocês.
Giovana: Todo mundo reclama porque minha voz é chata.
Simone: Mas Gi, é foto, não tem voz. (8 a C, 18/10).
No teatro, é bastante comum o ator não simpatizar com este ou aquele personagem. A
escolha é um processo de negociação. Para Strazzacappa (2012, p.35),
A formação do artista cênico, a escolha de uma técnica ou da outra deve ser
objeto de discussão entre o aluno e o professor, entre o artista e o diretor. [...]
Professor, diretor e coreógrafo devem estar atentos não somente à escolha
estética, mas também à escuta do corpo dos artistas. Assim fica a cargo do
diretor a agudeza de saber escolher sem perder de vista o objetivo final: o
espetáculo.
Ficou então combinado que as meninas seriam as moradoras interrogadas pelos policiais
em Volta Redonda e os meninos seriam os garotos jogando bola na praça (Foto 40), que
encontrariam o corpo.
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