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meio da história, precisamos de um começo, vamos ler a outra [outra aluna também havia<br />

trazido uma ideia]” (8ª C, 20/09).<br />

Vemos mais uma vez a importância do diálogo entre professor e aluno. A docente, nesse<br />

momento, não desfez do trabalho de João, mas sim o elogiou. Luana permitiu ainda que João<br />

explicasse suas ideias, pois o texto estava confuso, foi possível perceber nessa atitude de<br />

Luana o que Freire (2013) chama de “boniteza da docência e da discência”. De acordo com o<br />

autor é esta uma das tarefas do educador, apoiar o educando para que ele vença suas<br />

dificuldades e para que sua “curiosidade, compensada e gratificada pelo êxito da compreensão<br />

alcançada, seja mantida e, assim, estimulada a continuar a busca permanente que o processo<br />

de conhecer implica” (FREIRE, 2013, p.116). Dessa forma, entendemos que a Luana<br />

respeitou a história de João e possibilitou que ele mesmo percebesse o quanto ela ainda estava<br />

confusa diante de outras narrativas.<br />

Mesmo com a explicação oral, a turma não gostou. No entanto, permitir que o aluno se<br />

manifestasse, sem críticas, serviu de incentivo para que outros participassem com suas ideias,<br />

lendo seus textos e depois explicando oralmente. Para Passos e Oliveira (2007, p. 122),<br />

a literatura é por excelência um espaço de síntese da experiência humana,<br />

das emoções e, por isso, seu uso tem sido destacado em diversos estudos<br />

como privilegiados para o trabalho interdisciplinar. O texto nas aulas de<br />

matemática contribui para a formação de alunos leitores, possibilitando a<br />

autonomia de pensamento e também o estabelecimento de relações e<br />

inferências, com as quais o aluno pode fazer conjecturas, expor e contrapor<br />

pontos de vista.<br />

Entendemos que existe na escola uma superioridade da linguagem escrita sobre a<br />

linguagem oral. Sempre há uma comparação entre ambas, cria-se, assim, uma resistência ao<br />

uso da oralidade, cristalizando a mentalidade dessa superioridade da escrita, em uma<br />

insistência para se ignorar a existência da oralidade, condenando-a ao erro.<br />

De acordo com Dolz e Schneuwly (1999, p.6), “as práticas de linguagem implicam<br />

dimensões, por vezes, sociais, cognitivas e linguísticas do funcionamento da linguagem numa<br />

situação de comunicação particular”. Para analisar e interpretar essas situações é preciso<br />

reconhecer a identidade social dos atores e das representações que eles têm dos usos e funções<br />

dessa linguagem. Assim, “as práticas sociais são o lugar de manifestações do individual e do<br />

social na linguagem” (DOLZ; SCHNEUWLY, 1999, p.6).<br />

Para os autores, a atividade de linguagem funciona como uma interface entre o sujeito e<br />

o meio e responde a um motivo geral de representação-comunicação. Sua origem está nas<br />

situações de comunicação, e desenvolvendo-se em zonas de cooperação social determinadas,<br />

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