417408649765983
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
A partir dessas ideias fiz, com a maioria dos alunos, um esboço da história. Ao terminar<br />
essa ação, um estudante se empolgou em fazer uma continuação:<br />
Simone: O mais bacana é que o final da história indica continuidade.<br />
Gi: Já pensamos em fazer a segunda parte, prô!<br />
Simone: mas esse ano não vai dar tempo.<br />
Gi: A gente se reúne ano que vem e faz, que tal?<br />
Simone: Ok, vamos terminar a história com direito a uma continuação. (8 a<br />
D, 16/09).<br />
Em vários momentos os jovens demonstraram o desejo de ficarem mais tempo juntos,<br />
de continuar o trabalho no ano seguinte. Ao iniciar o projeto, percebia pequenos grupos, mas<br />
ao desenvolver os trabalhos eles foram se aproximando até o momento de as duas turmas<br />
interagirem e compartilharem suas experiências.<br />
São jovens de uma mesma geração, que enfrentam conflitos similares, estão juntos<br />
desde a 5ª série. Um desses conflitos pode estar na relação com o mundo adulto. Entendemos<br />
haver uma cultura dos adultos em conflito com o universo jovem, nela eles às vezes são<br />
considerados adultos, outras vezes crianças. Os jovens são, portanto, meio crianças e meio<br />
adultos, ao mesmo tempo, não são nem crianças, nem adultos. Pais (1996, p.40) afirma:<br />
Fala-se de rupturas, conflitos ou crises intergeracionais quando as<br />
descontinuidades entre as gerações se traduzem numa clara tensão ou<br />
confrontação. Por se encontrarem num estado de disponibilidade, de<br />
aprendizagem da vida social e de algumas permeabilidades ideológicas, os<br />
jovens viveriam esses processos de uma maneira muito própria, formando-se<br />
entre eles uma consciência geracional.<br />
Percebemos que mudar de escola, de grupo de amigos, de sala de aula, estava causando<br />
uma angústia nesses meninos e meninas. Notamos ainda que o trabalho aproximou o grupo<br />
fazendo ficar mais forte a necessidade de não se separarem. A escola não tem Ensino Médio,<br />
os meninos terminam a 8ª série e vão para outros colégios; nesse momento do trabalho eles já<br />
sabiam para que escola iriam no ano seguinte, e que não ficariam juntos. A Arte, de certa<br />
forma, possibilitava, naquele momento, um registro do que estavam vivendo juntos e que<br />
poderia ser uma lembrança “do encontro”.<br />
De acordo com Dayrell (2007, p. 1109),<br />
Com todos os limites dados pelo lugar social que ocupam, não podemos<br />
esquecer o aparente óbvio: eles são jovens, amam, sofrem, divertem-se,<br />
pensam a respeito das suas condições e de suas experiências de vida,<br />
posicionam-se diante dela, possuem desejos e propostas de melhorias de<br />
vida. Na trajetória de vida desses jovens, a dimensão simbólica e expressiva<br />
tem sido cada vez mais utilizada como forma de comunicação e de um<br />
posicionamento diante de si mesmos e da sociedade. A música, a dança, o<br />
vídeo, o corpo e seu visual, dentre outras formas de expressão, têm sido os<br />
mediadores que articulam jovens que se agregam para trocar ideias, para<br />
66