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Conquistas e desafios de um processo de diálogo social

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PORTUGUÊSA VISÃO DOS ATORES SOCIAIS6. A VISÃO DOS ATORES SOCIAISempregadores. Isso também não andou e acabou nacobrança da Reforma Trabalhista. As questões estruturais,<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>um</strong> certo tempo, ficaram vinculadascom a Reforma trabalhista por imposição dos empregadores.Não tinha como avançar.Outro problema diz respeito à falta <strong>de</strong> acúmulopara o <strong>de</strong>bate. Nós discutimos coisas muito complexas.Precisaríamos <strong>de</strong> mais tempo e apoio técnico. Nofim, saímos bem, mas no curso do <strong>processo</strong> esse aspectodificultou.Mas muitas coisas ficaram. Hoje é fundamentaldiscutir a representativida<strong>de</strong>. Cada vez mais os sindicatosestão afastados dos trabalhadores, em funçãoda baixa representativida<strong>de</strong>. Mas é preciso discutir arepresentativida<strong>de</strong> em números reais. Com as condiçõesque hoje nós temos <strong>de</strong> emprego no país, nãohá como a entida<strong>de</strong> sindical fugir da discussão da representativida<strong>de</strong>.Por mais conservadora que ela seja,não tem como não discutir representativida<strong>de</strong>. Masisso <strong>de</strong>ve ser feito com base em números. Não é combase em 30% do total dos representados. O FNT chegoua <strong>um</strong>a referência <strong>de</strong> corte elevada. O sistema que<strong>de</strong>veríamos trabalhar é o <strong>de</strong> piso. Se a entida<strong>de</strong> nãoalcançar <strong>um</strong> <strong>de</strong>terminado piso, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter prerrogativassindicais.No campo das principais virtu<strong>de</strong>s e problemas, euacho que a nossa maior <strong>de</strong>ficiência foi a falta <strong>de</strong> assessoriajurídica. Essa discussão não chegou aos advogados.Os advogados acharam que estavam saindodo <strong>processo</strong> e então trabalharam contra. Os advogadossindicais, na sua maioria, trabalharam contra osprojetos. Outro problema foi gerado pelas ConferênciasEstaduais, que geraram muitas expectativas.Em relação ao campo temático, o problema principalfoi o tamanho do Anteprojeto <strong>de</strong> Lei. O texto entrouem muitos pontos polêmicos e acabou assustandomuita gente. O tema é muito pesado. Para os contráriosficou muito fácil. Bastava confundir. Eu cheguei aparticipar <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates tão pesados contra a Reformaque no meio das discussões eu perguntava: quem havialido o projeto? Ninguém tinha lido. Ou seja, fico<strong>um</strong>uito fácil ser do contra. Além disso, tínhamos muitadificulda<strong>de</strong> em transmitir à base do movimento o queestava acontecendo. O vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> informações eramuito gran<strong>de</strong> e a equipe <strong>de</strong> difusores, pequena.Mesmo assim ficou muita coisa boa. Nós temos <strong>um</strong>gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> sindicatos na Força Sindical trabalhandocom base na representativida<strong>de</strong>. Alguns temasmexeram com o movimento sindical.Bem ou mal, o FNT acabou criando <strong>um</strong>a pauta. É<strong>um</strong>a pauta que hoje está em discussão. A Força Sindicalestá implantando em muitas realida<strong>de</strong>s a proposta<strong>de</strong> enquadramento não por categoria, mas por setor<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> econômica e por ramo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> econômica.Isso foi muito positivo.A experiência do FNT <strong>de</strong>ixou clara a importância<strong>de</strong> <strong>um</strong> Conselho Permanente <strong>de</strong> Relações <strong>de</strong> Trabalho.Sou, portanto, plenamente favorável ao Conselhopermanente, organizado <strong>de</strong> forma tripartite, com competênciageral, mas também para a solução <strong>de</strong> conflitosentre sindicatos. Esse Conselho <strong>de</strong>ve contar coma participação do Estado. Um Conselho sem vínculocom o Estado não teria legitimida<strong>de</strong> perante as própriasentida<strong>de</strong>s sindicais.De <strong>um</strong> modo geral, acho que o <strong>processo</strong> do FNTnão po<strong>de</strong>ria parar. Acho que tem que fazer <strong>um</strong>a avaliaçãodos pontos que realmente contribuíram, e nãoparar. Acho que essa discussão não pára mais. Atéporque os conflitos estão aí.6.1.3 Denise Motta Dau (CUT)A CUT, historicamente, sempre pautou sua agendana interlocução com o parlamento, visando alterar alegislação sindical brasileira. A iniciativa do governo <strong>de</strong>tentar fazer a Reforma Sindical por meio <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>processo</strong><strong>de</strong> <strong>diálogo</strong> <strong>social</strong>, entretanto, foi <strong>um</strong>a iniciativamuito positiva.Nós da CUT achávamos que não seria fácil. Isso,com base na nossa experiência <strong>de</strong> anos no sentido <strong>de</strong>tentar alterar, sem êxito, a conjuntura sindical brasileiraem temas fundamentais como a unicida<strong>de</strong> sindical,o imposto sindical, o po<strong>de</strong>r normativo da Justiça doTrabalho. Achávamos, portanto, que com a propostado FNT, <strong>de</strong> construir <strong>um</strong>a alternativa a partir do <strong>de</strong>batetripartite, no qual as partes vão ass<strong>um</strong>indo compromissocom o conteúdo <strong>de</strong>finido <strong>de</strong> com<strong>um</strong> acordo, teríamos<strong>um</strong>a perspectiva melhor. Teríamos assim melhoresperspectivas.Esperávamos também que o compromisso com oque foi construído fosse mais objetivo e direto. Mas, aolongo do <strong>processo</strong>, quando a proposta tomou forma e aPEC foi apresentada ao Congresso, vimos que algunssetores que participaram do FNT não tiveram o menorenvolvimento na sustentação política da proposta, queficou sem sustentação. A<strong>de</strong>mais, boas perspectivas32 <strong>Conquistas</strong> e <strong><strong>de</strong>safios</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>diálogo</strong> <strong>social</strong>: Reflexões dos atores para o futuro

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