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Conquistas e desafios de um processo de diálogo social

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A VISÃO DOS ATORES SOCIAISPORTUGUÊS6.2. EmpregadoresOs representantes da bancada <strong>de</strong> empregadoresentrevistados foram Dagoberto Lima Godoy, da Confe<strong>de</strong>raçãoNacional da Indústria (CNI), Lúcia MaríaRondon Linhares, da CNI, e Magnus Ribas Apostólico,da Fe<strong>de</strong>ração Nacional dos Bancos (FENABAN).6.2.1. Dagoberto Lima Godoy (CNI)A experiência do FNT foi extremamente saudávelno âmbito da indústria, principalmente por parte daCNI, e com <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> dose <strong>de</strong> esperança que a revisãoe a atualização da legislação do trabalho no paíspu<strong>de</strong>ssem finalmente acontecer. Especialmente pelapeculiar condição do Presi<strong>de</strong>nte da República, e pelofato <strong>de</strong> ele ter anunciado, no evento <strong>de</strong> lançamentodo FNT, o seu compromisso com a mo<strong>de</strong>rnização dasrelações do trabalho no Brasil.Isso foi entendido não só como <strong>um</strong>a oportunida<strong>de</strong>ímpar mas como <strong>um</strong> direcionamento muito favorávelàs expectativas empresariais no Brasil. De imediatopassou-se a acompanhar o <strong>processo</strong> e houve até <strong>um</strong>episódio interessante na se<strong>de</strong> da CNI, antes da constituiçãodo FNT, on<strong>de</strong> foi realizada <strong>um</strong>a reunião dospresi<strong>de</strong>ntes das Confe<strong>de</strong>rações Empresariais com osdas principais Centrais <strong>de</strong> Trabalhadores. Naquelaoportunida<strong>de</strong>, as questões colocadas eram as seguintes:como po<strong>de</strong>riam atuar empregadores e trabalhadoresna perspectiva do fór<strong>um</strong> tripartite? Como po<strong>de</strong>riamatuar em torno <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> vista comuns para bloquear<strong>um</strong>a eventual hegemonia do terceiro pólo, ouseja, o Estado?Nessa mesma reunião houve — na minha opinião— <strong>um</strong>a precipitação quando os presi<strong>de</strong>ntes dasConfe<strong>de</strong>rações patronais sinalizaram claramente coma legitimação das Centrais Sindicais como entida<strong>de</strong>ssindicais, com capacida<strong>de</strong> jurídica para participar dasnegociações, das convenções, dos acordos coletivos.As perspectivas eram altamente favoráveis e a únicaressalva que faziam os atores era sobre a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> eventualmente o Estado manipular o FNT, fazendoprevalecer as suas opiniões, suas idéias, seusobjetivos. A seguir, já na instalação do FNT surgiu <strong>um</strong>problema mais ou menos sintonizado com esse receio,quando o MTE publicou o regimento interno. Aí se <strong>de</strong>uo primeiro <strong>de</strong>svio da idéia <strong>de</strong> fór<strong>um</strong> tripartite, <strong>de</strong> <strong>diálogo</strong>realmente aberto e vamos dizer assim, paritário,equilibrado entre as três partes.Nesse regimento havia <strong>um</strong>a série <strong>de</strong> pontos quepareceram aos empregadores autoritários, mas principalmente<strong>um</strong>, que marcaria todo o <strong>de</strong>senvolvimentodo fór<strong>um</strong>. Era <strong>um</strong> dispositivo que dizia que nas questõesem que não fosse logrado o consenso permaneceriaa opinião do governo. Houve <strong>um</strong> protesto formalpor parte da bancada dos empregadores, mas acabouprevalecendo a posição do governo, sob o arg<strong>um</strong>ento<strong>de</strong> que o Estado tem o po<strong>de</strong>r e não po<strong>de</strong> abrir mão<strong>de</strong>le. Mas prevalecia, evi<strong>de</strong>ntemente, a disposição <strong>de</strong>participação e <strong>um</strong>a expectativa muito favorável, principalmentecom a mo<strong>de</strong>rnização das relações <strong>de</strong> trabalho,cujo conceito certamente apontava para <strong>um</strong>averda<strong>de</strong>ira reforma.No <strong>de</strong>senrolar do Fór<strong>um</strong> começaram a surgir questõesextremamente críticas. A primeira <strong>de</strong>las foi a seleçãodos participantes, especialmente do lado dostrabalhadores.Do lado das entida<strong>de</strong>s empresariais, se surgiramcríticas pela indicação das Confe<strong>de</strong>rações Empresariais,elas não tiveram maior dimensão, tendo em vistaa pacificação da questão da representativida<strong>de</strong> nomeio empresarial. Se há alg<strong>um</strong>a dispersão do movimentoassociativista na área empresarial no Brasil, elase dá mais em questões <strong>de</strong> natureza econômica. Asquestões trabalhistas não ocupam o primeiro plano.Conseqüentemente não são incidências, mas movimentosalternativos. Então, na área empresarial a escolhados representantes ocorreu com tranqüilida<strong>de</strong>.Mas do lado dos trabalhadores surgiu <strong>um</strong> protestomuito gran<strong>de</strong>, especialmente por parte das Confe<strong>de</strong>raçõesnacionais <strong>de</strong> trabalhadores. Essa questão dalegitimida<strong>de</strong> da representação dos trabalhadores noFNT se manteve até hoje. Até hoje é questionada.Outro ponto importante que surgiu no transcorrerdos trabalhos foram sinais claros <strong>de</strong> que havia <strong>um</strong>aproximida<strong>de</strong> bastante gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> objetivos entre a bancadado governo e as Centrais Sindicais. Isso apareciacomo <strong>um</strong>a concentração <strong>de</strong> interesses <strong>de</strong>ssas duasbancadas em torno <strong>de</strong> questões que para os empregadoresnem eram as principais e também não representavampontos <strong>de</strong> sintonia com governo e trabalhadores.Em primeiro lugar, a preocupação <strong>de</strong> reforçar asCentrais Sindicais não apenas em termos <strong>de</strong> sua legitimaçãocomo representantes sindicais em nível dasconfe<strong>de</strong>rações, mas também em nível das empresas.Isso não soou bem.6. A VISÃO DOS ATORES SOCIAIS<strong>Conquistas</strong> e <strong><strong>de</strong>safios</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>diálogo</strong> <strong>social</strong>: Reflexões dos atores para o futuro37

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