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Conquistas e desafios de um processo de diálogo social

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A VISÃO DOS ATORES SOCIAISPORTUGUÊS<strong>de</strong> modo a garantir <strong>um</strong> novo sistema sindical. Por essemotivo, evitamos o <strong>de</strong>bate baseado em concepçõessindicais preestabelecidas. Rejeitamos a idéia apresentadainicialmente, voltada a <strong>de</strong>finir, em primeiro lugar,o mo<strong>de</strong>lo sindical a ser seguido: o da liberda<strong>de</strong> ouo da unicida<strong>de</strong> sindical. Creio que se iniciássemos poreste caminho o FNT não resistiria a duas reuniões.Para ilustrar o referido, rememoro a pauta da primeirareunião do Grupo Temático sobre OrganizaçãoSindical. Os participantes respon<strong>de</strong>ram às seguintesindagações: 1) As centrais <strong>de</strong>vem ser reconhecidasjuridicamente como organizações sindicais? 2) Quantaspo<strong>de</strong>rão contar com o reconhecimento jurídico darepresentação sindical? 3) Na hipótese da existêncialegal <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> <strong>um</strong>a central, quais <strong>de</strong>vem ser os critériospara conferir a representação que garantirá suasatribuições e prerrogativas?A metodologia utilizada no Fór<strong>um</strong> enfrentou <strong>de</strong>forma concreta as contradições no nosso sistema.Não convivemos mais com <strong>um</strong> sistema baseado naunicida<strong>de</strong>, nem tão pouco com o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>.Ao respon<strong>de</strong>r cada indagação e enfrentar cadacontradição diagnosticada no atual sistema, o FNT foiformulando e acordando soluções sem se pren<strong>de</strong>r ao<strong>de</strong>bate teórico que marca as divergências históricasdo movimento sindical brasileiro (a tese da liberda<strong>de</strong>sindical contra a <strong>de</strong>fesa da unicida<strong>de</strong>).No campo dos <strong>de</strong>feitos, talvez o principal tenhasido o equívoco quanto ao baixo peso político atribuídoao velho sindicalismo no Congresso Nacional.O que se percebeu foi que esse setor do movimentosindical tem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mobilização consi<strong>de</strong>rávelquando se trata <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a manutenção da baseinstitucional sindical vigente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 30 do séculopassado.Para se ter <strong>um</strong>a idéia das dificulda<strong>de</strong>s, é só levarem conta que hoje nasce <strong>um</strong> sindicato e meio por diano país. A maioria são entida<strong>de</strong>s sindicais <strong>de</strong> carimbo.Isso quer dizer que a cada dia nasce pelo menos <strong>um</strong>sindicato que não quer mudar coisa alg<strong>um</strong>a, pois seuscriadores não querem per<strong>de</strong>r as vantagens pessoaisque o monopólio da representação e a receita financeiragarantida por lei lhes asseguram.Sabíamos que a Reforma Sindical seria <strong>um</strong>a tarefamuito difícil. Trabalhamos todo o tempo com a certeza<strong>de</strong> que ela é necessária e é possível ser realizada.Apesar <strong>de</strong> <strong>de</strong>morar mais tempo do que gostaríamos,a reforma virá. O lado bom do sindicalismo brasileirosabe que o atual mo<strong>de</strong>lo está se <strong>de</strong>teriorando.Cada vez mais as organizações sindicais são menosrepresentativas. O resultado disso é a precarizaçãodas relações <strong>de</strong> trabalho e, infelizmente, quemper<strong>de</strong> mais com isso são os trabalhadores. Mas asempresas também per<strong>de</strong>m, pois acabam construindopassivos trabalhistas <strong>de</strong>vido à insegurança jurídicaproduzida por entida<strong>de</strong>s sindicais que visam apenas àarrecadação do imposto sindical e das taxas assistenciale confe<strong>de</strong>rativa.Qualquer <strong>processo</strong> <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong>mora anos. Oimportante é que as entida<strong>de</strong>s vivas e representativasque compõem gran<strong>de</strong> parte do movimento sindical tiverama coragem <strong>de</strong> iniciar esse <strong>processo</strong> <strong>de</strong> reforma.Reforma essa que não se conclui com as mudançasno sistema sindical. É preciso, também, que realizemosa Reforma Trabalhista, sem a qual não a<strong>de</strong>quaremoso país a <strong>um</strong> sistema <strong>de</strong> relação <strong>de</strong> trabalho verda<strong>de</strong>iramente<strong>de</strong>mocrático e condizente com os avançostecnológicos e os novos métodos <strong>de</strong> organização dotrabalho.Por fim, gostaria <strong>de</strong> enfatizar os impactos imediatosda experiência do FNT sobre as relações <strong>de</strong> trabalhono Brasil. A problemática que representa o caosdo sistema <strong>de</strong> organização sindical e a insegurançajurídica causada pela <strong>de</strong>ficiência da legislação trabalhistanão fazia parte das discussões do conjunto dasocieda<strong>de</strong>.O movimento sindical conhecido pela socieda<strong>de</strong>é aquele que <strong>de</strong>senvolve suas ações em <strong>de</strong>fesa dosseus representados. Com a discussão do FNT, veio àtona a parte ruim <strong>de</strong>sse sistema, até então <strong>de</strong>sconhecidapelo público em geral.A baixa representativida<strong>de</strong>, a existência <strong>de</strong> sindicatosfantasma, o comércio <strong>de</strong> compra e venda <strong>de</strong> sindicatos,além das contribuições compulsórias ilegaise abusivas, do custo dos passivos trabalhistas paraas empresas (gerados por <strong>um</strong>a legislação que protegeo trabalhador somente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>mitido), são alg<strong>um</strong>asdas mazelas que graças ao FNT ganharam espaçosno noticiário nacional.O confronto <strong>de</strong> posições travadas <strong>de</strong> forma francae aberta sobre os problemas relacionados à organizaçãosindical e às relações <strong>de</strong> trabalho contribuiu paraque os atores sociais concordassem com a necessida<strong>de</strong>do estabelecimento <strong>de</strong> instr<strong>um</strong>entos <strong>de</strong> <strong>diálogo</strong>permanente entre as organizações sindicais <strong>de</strong> trabalhadorese <strong>de</strong> empregadores e o governo. A medida6. A VISÃO DOS ATORES SOCIAIS<strong>Conquistas</strong> e <strong><strong>de</strong>safios</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>diálogo</strong> <strong>social</strong>: Reflexões dos atores para o futuro47

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