13.07.2015 Views

Conquistas e desafios de um processo de diálogo social

Conquistas e desafios de um processo de diálogo social

Conquistas e desafios de um processo de diálogo social

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

PORTUGUÊSA VISÃO DOS ATORES SOCIAIS6. A VISÃO DOS ATORES SOCIAISconseguimos, com força no <strong>diálogo</strong> ac<strong>um</strong>ulado ao longo<strong>de</strong>sse <strong>processo</strong>, fazer que o Congresso consagreessa idéia <strong>de</strong> <strong>um</strong> Conselho Tripartite <strong>de</strong> Relações doTrabalho, vamos não só institucionalizar a prática do<strong>diálogo</strong> mas também erigir <strong>um</strong> novo espaço, que talvezconsiga contornar <strong>de</strong> maneira mais efetiva a série<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> obstáculos que o Fór<strong>um</strong> Nacionaldo Trabalho enfrentou. Portanto, no meu modo <strong>de</strong>ver, a proposta que tem origem no Fór<strong>um</strong> representaa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> institucionalização da própria experiênciado Fór<strong>um</strong>, sobre novas bases. Ela po<strong>de</strong> tornarperene o <strong>diálogo</strong> <strong>social</strong> sobre os temas das relaçõesdo trabalho e, ainda, se aprovada a idéia do conselho,esse conselho será, sem dúvida nenh<strong>um</strong>a, <strong>um</strong> fór<strong>um</strong>privilegiado para o encaminhamento da Reforma, naeventualida<strong>de</strong>, sob <strong>um</strong> novo governo, iniciado <strong>um</strong>novo mandato.Eu consi<strong>de</strong>ro que a experiência do Fór<strong>um</strong> merece<strong>um</strong>a avaliação mais aprofundada. Ela representa,sem dúvida, <strong>um</strong> inegável avanço na tentativa <strong>de</strong> sevalorizar o <strong>diálogo</strong> <strong>social</strong>, o recurso da prática da negociaçãotripartite como forma <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> conflitos,em particular como caminho para a construção <strong>de</strong> <strong>um</strong>or<strong>de</strong>namento jurisdicional das relações do trabalho noBrasil em bases <strong>de</strong>mocráticas. Qualquer nova tentativa<strong>de</strong> tratar esse tema terá que consi<strong>de</strong>rar a experiênciado Fór<strong>um</strong> Nacional do Trabalho.A experiência do Fór<strong>um</strong> representa a oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> se consagrar <strong>um</strong> novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> relação entre opo<strong>de</strong>r público e os atores das relações do trabalho.Des<strong>de</strong> o primeiro momento, na idéia subjacente doFór<strong>um</strong>, estava presente a expectativa <strong>de</strong> que nós po<strong>de</strong>ríamosinstaurar, também nas esferas <strong>de</strong> relaçõesdo trabalho, <strong>um</strong> espaço <strong>de</strong> <strong>diálogo</strong> tripartite, que tivesse<strong>um</strong> caráter institucional perene. Ou seja, que nãoservisse apenas ao objetivo <strong>de</strong> conduzir <strong>um</strong>a reforma<strong>de</strong>ssa natureza, mas que pu<strong>de</strong>sse abarcar <strong>um</strong> conjunto<strong>de</strong> temas que dizem respeito às relações do trabalho.De certa forma, essa idéia já estava consubstanciadano próprio Projeto da Reforma Sindical, como a proposiçãoda criação do Conselho Nacional <strong>de</strong> Relaçõesdo Trabalho (CNRT).Outro aspecto que eu consi<strong>de</strong>ro bastante positivoé a própria proposta que se formulou. Tanto a PEC 369quanto o Anteprojeto <strong>de</strong> Lei po<strong>de</strong>m ser criticados sobvários aspectos. Mas é inegável que houve <strong>um</strong> esforçoamplo <strong>de</strong> todos os lados no sentido <strong>de</strong> vencer resistências,<strong>de</strong> superar visões corporativas e <strong>de</strong> construirnovas bases <strong>de</strong> <strong>um</strong> relacionamento. Assim, a propostado Fór<strong>um</strong> Nacional do Trabalho é a única que trata dasquestões relativas ao direito sindical em toda a suaextensão. Ela é bastante ampla e po<strong>de</strong> ser criticadaaqui e ali, mas traz, no meu modo <strong>de</strong> ver, inegáveisavanços. Qualquer <strong>de</strong>bate que se queira fazer no CongressoNacional a respeito <strong>de</strong>sses temas irá, em largamedida, consi<strong>de</strong>rar essas questões. É interessantenotar que, no <strong>de</strong>bate havido na Comissão Permanentedo Trabalho da Câmara dos Deputados, muitas daspropostas que foram apresentadas como substitutivasincorporaram inúmeras idéias surgidas no Fór<strong>um</strong> Nacionaldo Trabalho, mesmo quando essas idéias eramapresentadas como crítica.A Proposta final do Fór<strong>um</strong> não esgotou ainda apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> influenciar o <strong>de</strong>bate futuro.O que me parece complicado em relação à experiênciado Fór<strong>um</strong>? O primeiro aspecto que <strong>de</strong>ve serconsi<strong>de</strong>rado e que, <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>a forma, já tinha pautadoa experiência anterior à época do ministro Walter Barelli,é que <strong>um</strong> Fór<strong>um</strong> <strong>de</strong>ssa dimensão, <strong>de</strong>ssa envergadura,representa já, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, <strong>um</strong>a dificulda<strong>de</strong>para <strong>um</strong>a solução negociada, pelo fato <strong>de</strong> ter <strong>um</strong>agama muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> atores envolvidos na negociação.Segundo, porque da maneira como o sistema <strong>de</strong>relações do trabalho está montado, ainda que as entida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cúpula tenham o <strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato <strong>de</strong> negociar,esse <strong>de</strong>sejo enfrenta a resistência dos sindicatos <strong>de</strong>base, que <strong>de</strong>têm o monopólio da representação e daarrecadação e relutam em perdê-los. Isso vale tantopara os trabalhadores quanto para os empregadores.Terceiro, porque esse gran<strong>de</strong> conjunto <strong>de</strong> sindicatosexerce, direta e indiretamente, influência sobre o CongressoNacional. Muitas vezes o posicionamento dosparlamentares em relação a essa matéria não se pautapor questões doutrinárias. Os próprios parlamentares,na verda<strong>de</strong>, têm como base <strong>de</strong> apoio os sindicatos.Portanto, não é só do interesse do sindicato perpetuaressa condição atual, mas muitas vezes é <strong>de</strong> interessedo parlamentar, que tem no sindicato ou na figura dosindicalista seu cabo eleitoral. Isso é outra força queconspira contra mudanças e projetos que queiram <strong>de</strong>alg<strong>um</strong>a forma consagrar novos preceitos <strong>de</strong> organizaçãosindical e do direito do trabalho no Brasil.Outro aspecto ainda que não po<strong>de</strong> ser menosprezadoé o peso que outros atores têm nesse <strong>de</strong>bate,como as associações dos chamados operadores doDireito. Essas associações, como a ANPT (Associa-44 <strong>Conquistas</strong> e <strong><strong>de</strong>safios</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>diálogo</strong> <strong>social</strong>: Reflexões dos atores para o futuro

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!