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Conquistas e desafios de um processo de diálogo social

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PORTUGUÊSA VISÃO DOS ATORES EXTERNOSvarmos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já a autorização para que o sindicatová a juízo, principalmente em direitos homogêneos,direito genérico dos trabalhadores daquele segmento,ou daquela empresa, porque po<strong>de</strong>mos inverter o raciocínio.Os trabalhadores <strong>de</strong> <strong>um</strong> sindicato que agissepassariam a acreditar mais na existência do sindicatoe divulgar a importância <strong>de</strong>le para outros colegas quenão têm sindicato que os represente.Talvez isso fosse criando, divulgando <strong>um</strong>a idéiada importância <strong>de</strong> se ter <strong>um</strong> sindicato que verda<strong>de</strong>iramenteo represente, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, que tenha coragem<strong>de</strong> ir a juízo contra o empregador, porque, quandoo colega <strong>de</strong>le disser que o seu sindicato entrou emjuízo e que a situação foi reparada, então o colega irádizer: “Mas por quê o meu sindicato não faz isso?”. Elepassará a questionar. Invertemos o pólo do raciocíniopara <strong>um</strong> novo encaminhamento da questão. Tenho aimpressão <strong>de</strong> que seria importante para efeito <strong>de</strong> <strong>um</strong>aação no Direito do Trabalho, sem dizer ainda <strong>de</strong> <strong>um</strong>aspecto da justiça <strong>social</strong>, <strong>de</strong> <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> trabalhadoresnossos que vivem à margem da proteçãoda legislação trabalhista exatamente por não terementida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classes que pu<strong>de</strong>ssem reivindicar, negociarem nomes <strong>de</strong>les.Não vi <strong>de</strong>feitos no projeto. Gostei muito das concepçõesdo Fór<strong>um</strong>. Fiquei admirado <strong>de</strong> que, em muitascoisas, houvesse até o consenso. Ele abrange aspectosdiversos dos mais importantes.Não me agradou a questão do sindicato <strong>de</strong>rivado.Creio que aquilo passou <strong>um</strong> pouco a impressão <strong>de</strong><strong>um</strong>a vonta<strong>de</strong> da continuida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> certo privilégio paramanter <strong>um</strong>a espécie <strong>de</strong> <strong>um</strong> monopólio. Creio que aquilocriou certa reação.Por outro lado, houve alg<strong>um</strong>a <strong>de</strong>sconfiança emrelação ao sistema <strong>de</strong> arrecadação em que se fortaleciamenormemente os órgãos <strong>de</strong> cúpula. Enten<strong>de</strong>-seque na concepção <strong>de</strong> <strong>um</strong> novo mo<strong>de</strong>lo, em que talvezse partisse para o contrato coletivo em nível nacional,os órgãos <strong>de</strong> cúpula do sistema sindical fossem fortalecidos,mas não com aquela intensida<strong>de</strong>, que passavapraticamente o sindicato a ser mero caudatário dosórgãos superiores, quando a força nasce embaixo,quando sem <strong>um</strong>a base, que são os sindicatos, <strong>um</strong>abase sólida, forte, a cúpula não tem <strong>um</strong>a maneira <strong>de</strong>sustentação apropriada, <strong>de</strong>vida.Isso criou o temor <strong>de</strong> que a situação ficaria muitono nível da cúpula, <strong>de</strong> <strong>um</strong>a minoria que, volto a dizer,não é própria <strong>de</strong> <strong>um</strong> sistema <strong>de</strong>mocrático, em que hámais a participação <strong>de</strong> todos. Aí, em vez <strong>um</strong>a forçaque nascesse <strong>de</strong>baixo com todos e fosse em <strong>um</strong> crescendopara cúpula, haveria <strong>um</strong>a força superior como<strong>um</strong>a espécie <strong>de</strong> <strong>um</strong> comando <strong>de</strong> marionetes para ossindicatos lá embaixo. Mas são aspectos...Lógico que em <strong>um</strong> projeto daquela dimensãohaveria sempre alguns aspectos que – mera opiniãopessoal – po<strong>de</strong>riam ter alg<strong>um</strong>a outra restrição. De <strong>um</strong>modo geral, o projeto, técnica e sistematicamente, tem<strong>um</strong> seu conteúdo admirável, que se acorda com questõestão importantes. E foi visto que, se houve divergênciaforte foi muito pouca coisa.Tivemos, em <strong>um</strong> dado momento, <strong>um</strong>a esperançamuito maior no sucesso, mas, a pesar <strong>de</strong> aparentementehaver acordo quanto a certas questões, houve<strong>um</strong> esfriamento em momento posterior. Isso ocorreuporque alg<strong>um</strong>as pessoas, muitas vezes, não tinahmcoragem <strong>de</strong> dizer abertamente o que pensavam.Não vimos <strong>um</strong> empenho, digamos, <strong>de</strong> todas asclasses ali representadas. Posso até admitir que certasclasses já não concordavam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início e essas,portanto, eram contra, mas aquelas que estavamsentadas ali, por meio da sua li<strong>de</strong>rança, tinham obrigaçãomoral <strong>de</strong> sair em massa em <strong>de</strong>fesa do projeto, eisso não senti.Eu gostaria <strong>de</strong> enfatizar ainda aquilo que eu já disse.Temos que insistir e tentar alg<strong>um</strong>a coisa. Entendoque o País não po<strong>de</strong> ficar como está. Tenho dito queo número <strong>de</strong> ações trabalhistas no País – em médiadois milhões nos últimos anos —, embora signifique<strong>um</strong>a confiança do trabalhador na Justiça do Trabalho,é <strong>um</strong> sintoma <strong>de</strong> que o nosso sistema <strong>de</strong> relações dotrabalho está doente.Não se concebe esse número <strong>de</strong> ações trabalhistas.Significa que há <strong>um</strong> <strong>de</strong>scompasso, seja por partedos trabalhadores, seja por parte dos empregadores,seja por parte dos sindicatos, seja por parte do Ministériodo Trabalho, dos órgãos <strong>de</strong> fiscalização. Significa,enfim, que algo precisa ser modificado com urgência,porque não há sentido para a efetivida<strong>de</strong> dos nossosdireitos, para o <strong>de</strong>senvolvimento da economia, que setenha esse número <strong>de</strong> ações trabalhistas a cada ano.Isso é algo que não po<strong>de</strong> persistir, porque a tendênciaé tornar-se cada vez mais grave.Por isso também é que concordo com a instalaçãodo Conselho Nacional <strong>de</strong> Relações <strong>de</strong> Trabalho. Acho52 <strong>Conquistas</strong> e <strong><strong>de</strong>safios</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>diálogo</strong> <strong>social</strong>: Reflexões dos atores para o futuro

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