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Conquistas e desafios de um processo de diálogo social

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A VISÃO DOS ATORES EXTERNOSPORTUGUÊSvolvendo a reforma trabalhista. O governo gastou <strong>um</strong>ano na preparação dos materiais pedagógicos paraexplicar para a população.Então aqui no Brasil o que havia <strong>de</strong> importantíssimoa fazer era explicar para a população os motivos<strong>de</strong> <strong>um</strong>a Reforma Trabalhista para valer. A ReformaTrabalhista não é para tirar direito <strong>de</strong> quem tem, é paradar direito a quem não tem. Nós temos 48 milhões <strong>de</strong>trabalhadores sem direitos e 32 milhões com direitos.A Reforma Trabalhista é para ampliar o número <strong>de</strong>protegidos. Portanto, não vai tirar direito <strong>de</strong> ninguém,vai dar direito para quem não tem. E mesmo assim,gradualmente, porque nada se faz da noite para o dia.Para fazer isso é preciso <strong>um</strong>a li<strong>de</strong>rança, alguém queesteja disposto a ir à televisão e ao rádio.O futuro, ao meu ver, <strong>de</strong>ve cuidar das reformaspontuais. Começar por partes, começar <strong>de</strong>vagar,passar aquilo que é possível, porque não vai haverli<strong>de</strong>rança para fazer <strong>um</strong>a coisa gran<strong>de</strong> que o Brasilprecisa. O Brasil vai sofrer mais tempo, a reforma vaiser homeopática. Precisa regulamentar o art. 8º, porexemplo, <strong>um</strong>a reforma cosmética. Quem quer mexerna área sindical vai por aí. Na área trabalhista, o i<strong>de</strong>alé fazer <strong>um</strong> simples trabalhista para micro e pequenasempresas, fazer aquilo que a lei ordinária permite.E passo a passo, por aí, acho que temos <strong>um</strong> cenárioa percorrer, que no meu enten<strong>de</strong>r é único. A não serque haja <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> mudança, que apareça <strong>um</strong> lí<strong>de</strong>rcapaz <strong>de</strong> ass<strong>um</strong>ir essa tarefa e mostrar para a Naçãoque isso é <strong>um</strong>a coisa boa, que não é para matar direito,não é para fazer sangria, que é para tornar a vidamais civilizada entre empregados e empregadores.Até por isso eu sou favorável ao Conselho Nacional <strong>de</strong>Relações <strong>de</strong> Trabalho. O Conselho é <strong>um</strong>a agência reguladoradas relações <strong>de</strong> trabalho. É <strong>um</strong> instr<strong>um</strong>entoimportante. Lancei essa idéia, vi em outros países, trabalheiem Conselhos <strong>de</strong>sse tipo, mas não é para ficarfalando que esse Conselho tem que fazer a ReformaTrabalhista. Não, ele <strong>de</strong>ve ter atribuições do dia-a-dia,<strong>de</strong> monitoramento.Deve ter, ainda, atribuições <strong>de</strong> acompanhar a vidado trabalho e do sindicato, os dois lados, acompanharos problemas gerais, a empresa e do emprego. Deveser <strong>um</strong> Conselho Econômico e Trabalhista, olhando ebuscando solucionar os entraves do ponto <strong>de</strong> vista trabalhistada regulação.No início achava que <strong>de</strong>veria ser <strong>um</strong> organismo separadodo governo, como é em todos os países. Depoisé que me foi explicado que se fosse para conce<strong>de</strong>rregistro <strong>de</strong> sindicato, não po<strong>de</strong>ria excluir o Estado.Acabei convencido <strong>de</strong> que <strong>de</strong>veria ser tripartite.Um dos principais problemas do FNT foi o fechamentoda bancada do governo com a dos Trabalhadorescontra a Reforma Trabalhista. Esse é <strong>um</strong> fechamentoque po<strong>de</strong> ser camuflado, e manipulado; elepo<strong>de</strong> vir com <strong>um</strong>a verborragia diferente, dizendo quenão está fechado, mas para mim está fechado.As Reformas Sindical e Trabalhista <strong>de</strong>veriam serconcomitantes e graduais.O tempo não foi perdido. Foi <strong>um</strong>a experiência positiva,foi construtiva apesar das ressalvas mencionadas.E o que é que sobra? Sobram muitos conceitosque estão <strong>de</strong>ntro do próprio anteprojeto. Eles po<strong>de</strong>mser aproveitados na retórica <strong>de</strong> empregados e <strong>de</strong> empregadores.Na verda<strong>de</strong>, já estão incorporados. Estásurgindo <strong>um</strong>a subcultura a respeito <strong>de</strong> representativida<strong>de</strong>,<strong>um</strong>a coisa útil. Parece pouco, mas não é. Essesconceitos não existiam no Brasil e hoje já não se discutenem se questiona mais. Não vi nem ouvi questionamentossobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representativida<strong>de</strong>até agora.O que sobra também é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as partesse encontrarem para examinar problemas específicos<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa idéia <strong>de</strong> reformas parciais. Eu cost<strong>um</strong>oescrever isso nos meus livros. Eu insisto nisso porquevocê tem que ter <strong>um</strong>a utopia, que é <strong>um</strong> parâmetro paravocê falar: o i<strong>de</strong>al é isso. É possível? Não sei. Vamosver se chegamos lá aos poucos.<strong>Conquistas</strong> e <strong><strong>de</strong>safios</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>diálogo</strong> <strong>social</strong>: Reflexões dos atores para o futuro57

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