13.04.2013 Views

historia da riqueza do homem

historia da riqueza do homem

historia da riqueza do homem

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

110 HISTÓRIA DA RIQUEZA DO HOMEM<br />

to <strong>do</strong> que temos de pagar hoje, e os ovos — eram praticamente<br />

de graça!<br />

Os tesouros americanos chegavam primeiro à Espanha, e foi<br />

ali que o aumento <strong>do</strong>s preços se fez sentir primeiro. Nicolas<br />

Cleynaerts, holandês que viajou pela Espanha e Portugal em<br />

1536, assustou-se com os altos preços ali vigentes. O custo de<br />

uma barba era tão alto que o levou a escrever para casa a seguinte<br />

nota alegre: “Em Salamanca, tive de pagar meio-real para fazer a<br />

barba, e por isso não me espantei com o fato de haver na Espanha<br />

maior número de homens barba<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que em Flandres.” 113<br />

Depois que a prata americana se espalhou <strong>da</strong> Espanha por<br />

to<strong>da</strong> a Europa, os preços altos que surpreenderam tanto os turistas<br />

de Flandres vigoravam por to<strong>da</strong> parte. O <strong>homem</strong> comum não<br />

compreendia a razão. Não sabia que a revolução <strong>do</strong>s preços era<br />

internacional, e que não se limitava à sua região. Protestava, e<br />

procurava uma causa, culpan<strong>do</strong> a mal<strong>da</strong>de desta ou <strong>da</strong>quela pessoa<br />

avara. Assim, num Discurso sobre o Bem Comum deste<br />

Reino <strong>da</strong> Inglaterra, escrito no século XVI, o autor mostra<br />

como o lavra<strong>do</strong>r atribui os altos preços aos arren<strong>da</strong>mentos exorbitantes<br />

exigi<strong>do</strong>s pelos <strong>do</strong>nos de terras, ao passo que os cavaleiros<br />

alegam serem os arren<strong>da</strong>mentos eleva<strong>do</strong>s devi<strong>do</strong>s aos preços<br />

exorbitantes pedi<strong>do</strong>s pelos produtos agrícolas:<br />

“Agricultor: Creio que é culpa vossa, senhores, dessa escassez,<br />

porque atribuís às vossas terras tal preço que os homens<br />

que nela vivem precisam vender caro, ou não poderão pagar o<br />

arren<strong>da</strong>mento.<br />

“Cavaleiro: E eu digo que é culpa vossa, agricultores, de<br />

sermos obriga<strong>do</strong>s a elevar nossos arren<strong>da</strong>mentos, pois temos<br />

de comprar tão caro tu<strong>do</strong> o que nos forneceis, como milho,<br />

ga<strong>do</strong>, gansos, porcos, capões, frangos, manteiga e ovos. O que<br />

há com to<strong>da</strong>s essas coisas, que são agora vendi<strong>da</strong>s mais caro,<br />

com um aumento de mais de metade <strong>do</strong> preço pelo qual foram<br />

vendi<strong>da</strong>s nestes últimos oito anos? Não se recor<strong>da</strong>m os vizinhos<br />

desta ci<strong>da</strong>de de que, dentro desses oito anos, podíamos<br />

comprar o melhor porco ou ganso por apenas 4 dinheiros, e<br />

que hoje me custam 8 dinheiros. E um bom capão por três ou<br />

quatro dinheiros, um frango por um dinheiro, uma galinha por<br />

<strong>do</strong>is dinheiros, e que hoje me custam o <strong>do</strong>bro dessa importân-<br />

113 La Réponse de Jean Bodin à M. de Matestroit (1568). Colin, Paris,<br />

1932. Introdução, p. 16.<br />

114 A Discourse of the Common Weal of this Realm of England<br />

(1581).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!