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historia da riqueza do homem

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94 HISTÓRIA DA RIQUEZA DO HOMEM<br />

mas na prática seu valor era de apenas a metade <strong>do</strong> valor anterior.<br />

Ora, se <strong>do</strong>ze ovos são troca<strong>do</strong>s habitualmente por um pe<strong>da</strong>ço<br />

de pão, não devemos esperar continuar a receber um pe<strong>da</strong>ço<br />

<strong>do</strong> mesmo tamanho, se oferecermos apenas seis ovos —<br />

mesmo que chamemos a essa meia dúzia de dúzia inteira. Da<br />

Mesma forma, não seria possível continuar receben<strong>do</strong> pelo dinheiro<br />

desvaloriza<strong>do</strong> o mesmo que se recebia antes pelo dinheiro<br />

antigo mais forte. A prata nele conti<strong>da</strong> era menor, portanto o<br />

pe<strong>da</strong>ço de pão <strong>da</strong><strong>do</strong> em troca teria de ser menor também. O valor<br />

<strong>da</strong>s moe<strong>da</strong>s em circulação dependia <strong>do</strong> valor de seu conteú<strong>do</strong><br />

metálico, e assim, quanto menos ouro ou prata houvesse<br />

numa moe<strong>da</strong>, tanto menor o seu valor, apesar de continuar a ter<br />

o mesmo nome. Dizer que a moe<strong>da</strong> valia menos é dizer simplesmente<br />

que ela compra menos coisa. Em outras palavras, os<br />

preços sobem.<br />

Tu<strong>do</strong> que os reis viam, porém, era o lucro imediato que lhes<br />

advinha <strong>da</strong> desvalorização <strong>da</strong> moe<strong>da</strong>. A vEr<strong>da</strong>de, porém, é que<br />

quan<strong>do</strong> o dinheiro se modifica de valor o comércio é afeta<strong>do</strong>;<br />

quan<strong>do</strong> os preços se elevam, os pobres e os que têm ren<strong>da</strong> fixa<br />

são prejudica<strong>do</strong>s — isso podia ter pouca importância para o rei,<br />

mas era fun<strong>da</strong>mental para alguns de seus súbitos. A maioria <strong>da</strong>s<br />

pessoas, freqüentemente até mesmo o rei, não via essa ligação<br />

entre a desvalorização <strong>da</strong> moe<strong>da</strong> e a elevação <strong>da</strong>s preços. Mas<br />

houve quem visse. Depois de 17 modificações no valor <strong>da</strong>s<br />

moe<strong>da</strong>s de prata, na França, no perío<strong>do</strong> de também 17 meses —<br />

de outubro de 1358 a março de 1360 — escrevia um parisiense:<br />

“Em conseqüência <strong>da</strong> taxa excessiva <strong>da</strong>s moe<strong>da</strong>s de ouro e prata,<br />

merca<strong>do</strong>rias, alimentos e outros artigos de que to<strong>do</strong>s necessitam<br />

para consumo tornaram-se tão caros que as pessoas comuns<br />

não têm como viver.” 97<br />

Nicholas Oresme, bispo de Lisieux em 1377, escreveu um<br />

livro famoso sobre o dinheiro, mostran<strong>do</strong> que a desvalorização<br />

<strong>da</strong> moe<strong>da</strong> — fonte de lucro temporário para o rei — de certa<br />

forma era um roubo ao povo: “as medi<strong>da</strong>s <strong>do</strong> trigo, vinho e outras<br />

coisas menos importantes são freqüentemente marca<strong>da</strong>s<br />

com selo publico <strong>do</strong> rei, e se alguém as frau<strong>da</strong>r é considera<strong>do</strong><br />

como falsifica<strong>do</strong>r infame. Da mesma forma, as inscrições coloca<strong>da</strong>s<br />

numa moe<strong>da</strong> indicam a exatidão de seu peso e quali<strong>da</strong>de.<br />

97 E Levasseur, Histoire des classes ouvriéres et de l’industrie em<br />

France avant 1789, vol. 1, p. 685. Rousseau, Paris, 1900/1901.

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