historia da riqueza do homem
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“EU ANEXARIA OS PLANETAS, SE PUDESSE...” 253<br />
mos que uma equipe de futebol esteja pronta a iniciar o jogo,<br />
mas lhe falta a bola. Surge então a oportuni<strong>da</strong>de de arranjar<br />
uma. Hesitará em pagar o preço dela? Não. Suponhamos, porém,<br />
que tem quatro bolas, e lhe surge a oportuni<strong>da</strong>de de comprar<br />
uma quinta. Apressa-se com a mesma rapidez a pagar o<br />
preço pedi<strong>do</strong>? Realmente, não. A utili<strong>da</strong>de marginal <strong>da</strong>s bolas<br />
caiu, para ela, tanto que provavelmente nem se preocupa em<br />
comprar uma quinta bola.<br />
Quanto mais temos de uma coisa, tanto menos desejamos <strong>da</strong><br />
mesma coisa. Se tivermos dez ternos de roupa, é evidente que<br />
um novo terno significará muito menos <strong>do</strong> que um segun<strong>do</strong> terno<br />
para quem só tenha um. Jevons formula a mesma idéia,<br />
usan<strong>do</strong> a água como ilustração. “A água, por exemplo, pode<br />
ser classifica<strong>da</strong> como a mais útil de to<strong>da</strong>s as substâncias. Um<br />
litro de água por dia tem a grande utili<strong>da</strong>de de salvar uma pessoa<br />
de morte horrível. Vários litros por dia têm muita utili<strong>da</strong>de<br />
para cozinhar e lavar; mas depois de assegura<strong>do</strong> uni abastecimento<br />
suficiente para essas utili<strong>da</strong>des, qualquer quanti<strong>da</strong>de<br />
adicional é indiferente. Tu<strong>do</strong> o que podemos dizer é que a<br />
água, — até certa quanti<strong>da</strong>de, é indispensável; que quanti<strong>da</strong>des<br />
maiores terão graus variáveis de utili<strong>da</strong>de, mas que além de certo<br />
ponto a utili<strong>da</strong>de parece cessar... ...os mesmos artigos variam<br />
de utili<strong>da</strong>de segun<strong>do</strong> tenhamos mais ou menos quanti<strong>da</strong>de desses<br />
artigos.” 296<br />
Essa idéia <strong>da</strong> utili<strong>da</strong>de marginal é usa<strong>da</strong> para explicar a diferença<br />
entre pão e diamante, por exemplo. À primeira vista,<br />
poderíamos pensar que o pão deveria custar mais que os diamantes,<br />
por ser de muito mais utili<strong>da</strong>de. Mas a oferta de pão é<br />
tão grande que um ou <strong>do</strong>is pães a mais não fazem diferença, ao<br />
passo que a oferta de diamantes é tão pequena em relação ao<br />
número de pessoas ricas dispostas a pagar muito por eles, que<br />
seu preço é bem alto.<br />
O argumento de que a utili<strong>da</strong>de não corresponde ao valor,<br />
pois de outro mo<strong>do</strong> o ferro custaria mais <strong>do</strong> que o ouro, confunde<br />
irremediavelmente a importância <strong>do</strong> to<strong>do</strong> de uma merca<strong>do</strong>ria<br />
com a média comum de avaliação, a uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> merca<strong>do</strong>ria<br />
toma<strong>da</strong> isola<strong>da</strong>mente e vendi<strong>da</strong> isola<strong>da</strong>mente. As finali<strong>da</strong>des<br />
a que a merca<strong>do</strong>ria útil atende são concebi<strong>da</strong>s como to<strong>da</strong>s<br />
as finali<strong>da</strong>des, toman<strong>do</strong>-se to<strong>da</strong>s em conjunto... ...O mun<strong>do</strong> diz<br />
Cairnes, viveria melhor sem ouro <strong>do</strong> que sem ferro — ou seja,<br />
296 Jevons, op. cit., p. 52