historia da riqueza do homem
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“A VELHA ORDEM MUDOU...” 157<br />
conten<strong>do</strong> a lista de to<strong>da</strong>s as pessoas a quem o governo <strong>da</strong>va<br />
pensões. Entre elas estava o nome de Ducrest, um barbeiro. Por<br />
que tinha ele direito a uma pensão de 1.700 libras anuais? Por<br />
que havia si<strong>do</strong> o cabeleireiro <strong>da</strong> filha <strong>do</strong> Conde d’Artois. O fato<br />
de que essa filha tivesse morri<strong>do</strong> ce<strong>do</strong>, antes de ter cabelos para<br />
pentear, não tinha importancia. Ducrest recebia sua pensão.” 168<br />
Esse é um exemplo <strong>da</strong> forma insensata pela qual as finanças<br />
francesas eram administra<strong>da</strong>s. Há milhares de outros. Ao invés<br />
de regular a despesa pela receita, a receita era determina<strong>da</strong> pela<br />
despesa. Gastos ociosos, sem finali<strong>da</strong>des, significavam a necessi<strong>da</strong>de<br />
de recolher maior quanti<strong>da</strong>de de dinheiro com impostos.<br />
E como as classes privilegia<strong>da</strong>s não contribuíam com sua parte<br />
(pelo contrário, impunham aos plebeus taxas próprias), e como<br />
os membros mais ricos <strong>do</strong> Terceiro Esta<strong>do</strong> conseguiam, por tortuosos<br />
caminhos, isentar-se <strong>do</strong>s impostos diretas, to<strong>do</strong> o peso<br />
recaía sobre os pobres. Era um peso difícil. Um quadro ver<strong>da</strong>deiro<br />
<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> mostraria o camponês curva<strong>do</strong> carregan<strong>do</strong> em<br />
suas costas o rei, o padre e o nobrc.<br />
Um francês famoso, De Tocqueville, mostrou o que representava<br />
esse peso <strong>do</strong>s impostos na vi<strong>da</strong> diária <strong>do</strong> camponês:<br />
“Imagine o leitor um camponês francês <strong>do</strong> século XVIII...<br />
...apaixona<strong>da</strong>mente enamora<strong>do</strong> <strong>da</strong> terra, ao ponto de gastar to<strong>da</strong>s<br />
as suas economias para adquiri-la... ...Para completar essa<br />
compra, ele tem primeiro de pagar um imposto Finalmente, a<br />
terra é dele; seu coração nela está enterra<strong>do</strong>, com as sementes<br />
que semeia... ...Mas novamente seus vizinhos o chamam <strong>do</strong> ara<strong>do</strong>,<br />
obrigam-no a trabalhar para eles sem pagamento. Tenta defender<br />
sua nascente plantação contra as manobras <strong>do</strong>s senhores<br />
de terra; estes novamente o impedem. Quan<strong>do</strong> ele cruza o rio,<br />
esperam-no para cobrar uma taxa. Encontra-os no merca<strong>do</strong>,<br />
onde lhe vendem o direito de vender seus produtos; e quan<strong>do</strong>,<br />
de volta a casa, ele deseja usar o restante <strong>do</strong> trigo para sua própria<br />
alimentação... ...não pode tocá-lo enquanto não o tiver moí<strong>do</strong><br />
no moinho e cozi<strong>do</strong> no forno <strong>do</strong>s mesmos senhores de terras.<br />
Uma parte <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> de sua pequena proprie<strong>da</strong>de é gasta em pagar<br />
taxas a esses senhores... ...Tu<strong>do</strong> o que fizer, encontra sempre<br />
esses vizinhos em seu caminho... e quan<strong>do</strong> estes desaparecem,<br />
surgem outros com as negras vestes <strong>da</strong> Igreja, para levar o<br />
168 Cf. Cambridge Modern History, vol. VIII, p. 72