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historia da riqueza do homem

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“A VELHA ORDEM MUDOU...” 159<br />

estivessem até melhor. Na ver<strong>da</strong>de, de uma forma ou de outra,<br />

os camponeses haviam poupa<strong>do</strong> bastante de sua insignificante<br />

ren<strong>da</strong>, depois de pagas as muitas taxas, para comprar a terra.<br />

Por cem anos ou mais antes <strong>da</strong> Revolução, os camponeses compraram<br />

proprie<strong>da</strong>des, de forma que, quan<strong>do</strong> o ano de 1789 chegou,<br />

cerca de um terço <strong>da</strong>s terras <strong>da</strong> França estava em suas<br />

mãos. Isso, porém, apenas os deixou mais descontentes <strong>do</strong> que<br />

antes. Por quê?<br />

Eram famintos de terra. Puderam satisfazer um pouco dessa<br />

fome. Que impedia seu avanço? O peso esmaga<strong>do</strong>r que lhes impunham<br />

o Esta<strong>do</strong> e as classes privilegia<strong>da</strong>s. Passaram a ver,<br />

com maior clareza, que, se atirassem fora o far<strong>do</strong>, poderiam ficar<br />

eretos — elevar-se <strong>da</strong> situação de animal para a de <strong>homem</strong>.<br />

O simples fato de ter sua posição melhora<strong>da</strong> um pouco abriulhes<br />

os olhos para o que poderiam ser, se... 170<br />

Isso não queria dizer que os camponesa <strong>da</strong> França (e de outros<br />

países <strong>da</strong> Europa ocidental) não tivessem pensa<strong>do</strong> em acabar<br />

com os pagamentos e restrições feu<strong>da</strong>is. Pensaram. Houve<br />

revoltas camponesas, antes. Embora não tivessem consegui<strong>do</strong><br />

derrubar to<strong>da</strong>s as regulamentações feu<strong>da</strong>is, melhoraram a sorte<br />

<strong>do</strong>s camponeses. Mas para se libertarem totalmente, estes precisavam<br />

de auxílio e liderança.<br />

Encontraram-nos na nascente classe média.<br />

Foi essa classe média, a burguesia, que provocou a Revolução<br />

Francesa, e que mais lucrou com ela. A burguesia provocou<br />

a Revolução porque tinha de fazê-lo. Se não derrubasse seus<br />

opressores, teria si<strong>do</strong> por eles esmaga<strong>da</strong>. Estava na mesma situação<br />

<strong>do</strong> pinto dentro <strong>do</strong> ovo que chega a um tamanho em que<br />

tem de romper a casca ou morrer. Para a crescente burguesia os<br />

regulamentos, restrições e contenções <strong>do</strong> comércio e indústria, a<br />

concessão de monopólios e privilégios a um pequeno grupo, os<br />

obstáculos ao progresso cria<strong>do</strong>s pelas obsoletas e retrógra<strong>da</strong>s<br />

corporações, a distribuição desigual <strong>do</strong>s impostos, continuamente<br />

aumenta<strong>do</strong>s, a existência de leis antigas e a aprovação de<br />

novas sem que fosse ouvi<strong>da</strong>, o grande enxame de funcionários<br />

governamentais bisbilhoteiros e o crescente volume <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong><br />

governamental — to<strong>da</strong> essa socie<strong>da</strong>de feu<strong>da</strong>l decadente e corrupta<br />

— era a casca que devia ser rompi<strong>da</strong>. Não desejan<strong>do</strong> ser as-<br />

170 Cf L. Madelin, The French Revolution, William Heinemann, Londres,<br />

1922, p. 11.

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