historia da riqueza do homem
historia da riqueza do homem
historia da riqueza do homem
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O ELO MAIS FRACO 283<br />
go nas indústrias mais sujeitas a perío<strong>do</strong>s de depressão e desemprego.”<br />
334<br />
Hobson defende seu ponto de vista de forma convincente. E<br />
como muitos se perturbam com as evidências de miséria e dificul<strong>da</strong>de<br />
à nossa volta, estamos inclina<strong>do</strong>s a acreditar que esse<br />
argumento em favor de maiores salários e maior assistência social<br />
está certo. Mas não devemos por isso aceitá-lo integralmente.<br />
Lembramos, a essa altura, que o objetivo <strong>da</strong> produção no sistema<br />
capitalista é obter lucro. Hobson diz que as crises ocorrem<br />
pelo fato de os capitalistas investirem demais; que os trabalha<strong>do</strong>res<br />
não recebem o bastante em salários para adquirir as merca<strong>do</strong>rias<br />
produzi<strong>da</strong>s pela indústria supercapitaliza<strong>da</strong>; que por<br />
isso os lucros caem.<br />
Mas o Prof. Hayek diz que não é ver<strong>da</strong>de, O Prof. Hayek<br />
diz que os lucros caem porque os capitalistas não investem bastante.<br />
Ele advoga não a ampliação <strong>da</strong> assistência social, mas sua<br />
redução; não o aumento de salários, mas sua redução: “Certos<br />
tipos de ação estatal, causan<strong>do</strong> um desvio na procura <strong>do</strong>s bens<br />
<strong>do</strong> produtor para os bens <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, podem provocar um<br />
retraimento na estrutura capitalista <strong>da</strong> produção, e, portanto,<br />
uma estagnação prolonga<strong>da</strong> A concessão de crédito aos consumi<strong>do</strong>res,<br />
recentemente defendi<strong>da</strong> como cura para a depressão,<br />
teria na ver<strong>da</strong>de um efeito contrário; um aumento relativo na<br />
procura de bens <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r apenas pioraria a situação?” 335<br />
É impossível fazer justiça, numas poucas páginas, à complica<strong>da</strong><br />
teoria <strong>do</strong> Prof. Hayek. Mas para nós basta assinalar que<br />
Hobson e Hayek encontram causas exatamente opostas para a<br />
que<strong>da</strong> de preços que constitui uma crise; para curá-la, receitam<br />
remédios diametralmente opostos.<br />
E o interessante é que estão ambos certos e erra<strong>do</strong>s. Hobson<br />
tem razão em argumentar que salários mais altos e maior<br />
assistência social proporcionariam um merca<strong>do</strong> necessário<br />
para a maior oferta de merca<strong>do</strong>rias; está erra<strong>do</strong> ao afirmar que<br />
a elevação <strong>do</strong>s salários significa a redução <strong>do</strong>s lucros imediatos<br />
<strong>da</strong> produção. Hayek tem razão ao afirmar que menores salários<br />
e menor assistência social aumentariam os lucros imediatos<br />
<strong>da</strong> produção; está erra<strong>do</strong> ao afirmar que a redução <strong>do</strong>s sa-<br />
334 J. A. Hobson, Poverty in Plenty, Allen & Unwin, Londres, 1931,<br />
pp. 54, 63, 64, 67.<br />
335 F. a. von Hayek, op. cit., pp. 85, 86, 111, 112.