13.04.2013 Views

historia da riqueza do homem

historia da riqueza do homem

historia da riqueza do homem

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

SURGEM NOVAS IDÉIAS 47<br />

A Igreja ensinava que havia o certo e o erra<strong>do</strong> em to<strong>da</strong>s as<br />

ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> <strong>homem</strong>. O padrão <strong>do</strong> que era certo ou erra<strong>do</strong><br />

na ativi<strong>da</strong>de religiosa não diferia <strong>da</strong>s demais ativi<strong>da</strong>des sociais<br />

ou, mais importante ain<strong>da</strong>, <strong>do</strong> padrão <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des econômicas.<br />

As regras <strong>da</strong> Igreja sobre o bem e o mal aplicavam-se a to<strong>do</strong>s<br />

os setores, igualmente.<br />

Hoje em dia, é possível fazer,. num negócio comercial, a um<br />

estranho, o que não faríamos a um amigo ou vizinho. Temos padrões<br />

diferentes para os negócios, e que não se aplicam a outras<br />

ativi<strong>da</strong>des. Assim, o industrial fará tu<strong>do</strong> ao seu alcance para esmagar<br />

um concorrente. Venderá com prejuízo, se empenhará<br />

numa guerra comercial, conseguirá descontos especiais, tentará<br />

to<strong>do</strong>s os recursos possíveis para encurralar seu rival. Essas ativi<strong>da</strong>des<br />

arruinarão o competi<strong>do</strong>r O industrial ou comerciante<br />

sabe disso, mas não obstante continua a realizá-las, por que “negócio<br />

é negócio”. No entanto essa mesma pessoa não permitiria,<br />

nem por um minuto, que um amigo ou vizinho passasse fome.<br />

Essa existência de um padrão para a ativi<strong>da</strong>de econômica e outro<br />

para a ativi<strong>da</strong>de não-econômica era contrária aos ensinamentos<br />

<strong>da</strong> Igreja na I<strong>da</strong>de Média. E a maioria <strong>da</strong>s pessoas acreditava<br />

geralmente nos ensinamentos <strong>da</strong> Igreja.<br />

A Igreja ensinava que, se o lucro <strong>do</strong> bolso representava a<br />

ruína <strong>da</strong> alma, o bem-estar espiritual é que estava em primeiro<br />

lugar. “Que lucro terá o <strong>homem</strong>, se ganhar to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> e<br />

perder sua alma?” 38 Se alguém obtivesse numa transação mais<br />

<strong>do</strong> que o devi<strong>do</strong>, estaria prejudican<strong>do</strong> a outrem, e isso estava<br />

erra<strong>do</strong>. Santo Tomás de Aquino, o maior pensa<strong>do</strong>r religioso <strong>da</strong><br />

I<strong>da</strong>de Média, condenou a “ambição <strong>do</strong> ganho”. Embora se admitisse,<br />

com relutância, que o comércio era útil, os comerciantes<br />

não tinham o direito de obter numa transação mais <strong>do</strong> que<br />

o justo pelo seu trabalho.<br />

Os homens <strong>da</strong> Igreja na I<strong>da</strong>de Média teriam condena<strong>do</strong> fortemente<br />

o intermediário que, alguns séculos mais tarde, se tornara,<br />

segun<strong>do</strong> a definição de Disraeli, “um <strong>homem</strong> que trapaceia<br />

de um la<strong>do</strong> e saqueia <strong>do</strong> outro”. A moderna noção de que<br />

qualquer transação comercial é lícita desde que seja possível<br />

realizá-la não fazia parte <strong>do</strong> pensamento medieval. O <strong>homem</strong> de<br />

negócios bem sucedi<strong>do</strong> de hoje, que compra pelo mínimo e vende<br />

pelo máximo, teria si<strong>do</strong> duas vezes excomunga<strong>do</strong> na I<strong>da</strong>de<br />

Média. O comerciante, porque exercia um serviço público ne-<br />

38 S Mateus, XVI, 26.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!