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historia da riqueza do homem

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ENTRA EM CENA O COMERCIANTE 41<br />

de liber<strong>da</strong>de variava consideravelmente, de forma que é tão difícil<br />

apresentar um quadro geral <strong>do</strong>s direitos, liber<strong>da</strong>des e organização<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de medieval quanto <strong>do</strong> feu<strong>do</strong>. Havia ci<strong>da</strong>des totalmente<br />

independentes, como as ci<strong>da</strong>des-repúblicas <strong>da</strong> Itália e<br />

Flandres; havia comunas livres com graus diversos de independência;<br />

e havia ci<strong>da</strong>des que apenas superficialmente conseguiram<br />

arrebatar uns poucos privilégios de seus senhores feu<strong>da</strong>is,<br />

mas na reali<strong>da</strong>de permaneciam sob seu controle. Mas, fossem<br />

quais fossem os direitos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, seus habitantes tinham o cui<strong>da</strong><strong>do</strong><br />

de obter uma carta que os confirmasse. Isso aju<strong>da</strong>va a evitar<br />

disputas, se alguma vez o senhor ou seus representantes por<br />

acaso se esquecessem desses direitos. Eis aqui o início de uma<br />

carta <strong>da</strong><strong>da</strong> pelo Conde de Ponthieu à ci<strong>da</strong>de de Abbeville, em<br />

1184. Logo na primeira linha, o próprio conde apresenta uma<br />

<strong>da</strong>s razões por que os habitantes <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des tanto prezavam as<br />

cartas e as guar<strong>da</strong>vam cui<strong>da</strong><strong>do</strong>samente a sete chaves — por vezes<br />

chegan<strong>do</strong> mesmo a transcrevê-las em letras de ouro, nos<br />

muros <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de ou <strong>da</strong> igreja. “Como o que se deixa escrito fica<br />

mais bem guar<strong>da</strong><strong>do</strong> na memória humana, eu, Jean, Conde de<br />

Ponthieu, faço saber a to<strong>do</strong>s os presentes, e aos que virão, que<br />

meu avô, Conde Guillaume Talvas, ten<strong>do</strong> vendi<strong>do</strong> à ci<strong>da</strong>de de<br />

Abbeville o direito de manter uma comuna, e não ten<strong>do</strong> a ci<strong>da</strong>de<br />

uma cópia autentica<strong>da</strong> desse contrato de ven<strong>da</strong>, concedeulhe...<br />

o direito de manter uma comuna e perpetuamente...” 31<br />

Cento e oitenta e seis anos depois, em 1370 os ci<strong>da</strong>dãos de<br />

Abbeville passaram a ter um novo senhor, o próprio rei de França.<br />

Decerto, o movimento em prol <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de progredira<br />

rapi<strong>da</strong>mente durante esse perío<strong>do</strong>, porque o rei em ordem<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong> a seus funcionários, fora longe com suas promessas:<br />

“Concedemos e transmitimos certos privilégios, pelos quais fica<br />

patente, inter alia [entre outras coisas], que nunca, por qualquer<br />

motivo, ou ocasião que seja, fixaremos, manteremos, multaremos<br />

ou imporemos, nem seremos causa ou toleraremos que sejam<br />

fixa<strong>do</strong>s, manti<strong>do</strong>s, estabeleci<strong>do</strong>s ou impostos na referi<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

de Abbeville, ou nas demais ci<strong>da</strong>des <strong>do</strong> con<strong>da</strong><strong>do</strong> de Ponthieu,<br />

quaisquer imposições, aju<strong>da</strong>s, ou outros subsídios, de<br />

qualquer natureza, se não se destinarem à ren<strong>da</strong> <strong>da</strong>s menciona<strong>da</strong>s<br />

ci<strong>da</strong>des e a seu pedi<strong>do</strong>... razão pela qual nós, consideran<strong>do</strong><br />

o amor e obediência sinceros a nós devota<strong>do</strong>s pelos ditos suplicantes,<br />

ordenamos que permita a to<strong>do</strong>s os burgueses, habi-<br />

31 A. Luchaire, Les communes, françaises à l’epoque des Capétiens<br />

Directs, p. 112. Hachette et Cie., Paris, 1890.

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