historia da riqueza do homem
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176 HISTÓRIA DA RIQUEZA DO HOMEM<br />
dessa forma o exército de infelizes sem terra, que tinham de<br />
vender sua força de trabalho em troca de salário, aumentou tremen<strong>da</strong>mente.<br />
Enquanto os fechamentos <strong>do</strong> século XVI encontraram<br />
muita resistência, não só <strong>do</strong>s prejudica<strong>do</strong>s, mas também<br />
<strong>do</strong> governo, receoso de violência <strong>da</strong> parte <strong>da</strong>s massas leva<strong>da</strong>s à<br />
fome, os fechamentos <strong>do</strong> século XVIII foram realiza<strong>do</strong>s com a<br />
proteção <strong>da</strong> lei. “Leis de Fechamento” baixa<strong>da</strong>s por um governo<br />
de latifundiários e para os latifundiários eram a ordem <strong>do</strong> dia. O<br />
trabalha<strong>do</strong>r com terra tornou-se o trabalha<strong>do</strong>r sem terra —<br />
pronto, portanto, a ir para a indústria como assalaria<strong>do</strong>.<br />
Embora o movimento de fechamento seja mais típico na Inglaterra,<br />
ocorreu em proporções menores também no continente<br />
europeu. Prova disso é a queixa seguinte <strong>do</strong>s camponeses de<br />
Cheffes, na França, feita aos seus deputa<strong>do</strong>s nos Esta<strong>do</strong>s-Gerais<br />
em 1790: “Os camponeses de Cheffes, em Anjou, tomam a<br />
liber<strong>da</strong>de de vos apresentar... ...seus desejos, necessi<strong>da</strong>des e reclamações<br />
em relação às terras comuns de sua região, de que<br />
certos indivíduos, ricos e poderosos, ou ambiciosos, se apropriaram<br />
injustamente... ...A comuni<strong>da</strong>de dessa aldeia foi delas<br />
priva<strong>da</strong> pelo julgamento <strong>do</strong> Conselho, que se manifestou a favor<br />
<strong>do</strong>s senhores de Cheffes... ...Os camponeses só tem as ditas<br />
terras para o pastoreio <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>, e, delas priva<strong>do</strong>s presentemente,<br />
não têm recursos, fican<strong>do</strong> reduzi<strong>do</strong>s à extrema pobreza. Um<br />
novo sistema cria<strong>do</strong> pelos economistas procura fazer crer ao<br />
povo que as terras comuns não são boas para a agricultura; senhores<br />
poderosos, homens com dinheiro, se enriqueceram com<br />
os espólios <strong>da</strong>s regiões invadin<strong>do</strong> suas terras comuns... ...Na<strong>da</strong><br />
é mais precioso a certas aldeias <strong>do</strong> que as terras de pasto; sem<br />
elas, os agricultores não podem ter ga<strong>do</strong>, sem ga<strong>do</strong> não podem<br />
arar, e como poderão esperar boa colheita sem arar?” 187<br />
A per<strong>da</strong> <strong>do</strong>s direitos comuns, de que se queixam esses camponeses<br />
franceses, também atingiu duramente os ingleses. Para<br />
uma boa plantação é necessário prover a manutenção de animais.<br />
Quan<strong>do</strong> os camponeses perderam o direito às terras comuns,<br />
isso para eles foi um desastre. Naturalmente sentiram-se<br />
irrita<strong>do</strong>s contra os senhores que lhes roubavam esse direito, e<br />
187 Collections de <strong>do</strong>cumentas Inédits sur l’Histoire Economique de la<br />
Revolution Française. Les Comités de Droits Féo<strong>da</strong>ux et la Législation<br />
et l’Abolition du Régence Seigneurial, 1789-1793. Documentos publica<strong>do</strong>s<br />
por P. Sagnac e P. Caren. lmprimerie Nationale, Paris, 1907.