historia da riqueza do homem
historia da riqueza do homem
historia da riqueza do homem
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
SURGEM NOVAS IDÉIAS 57<br />
ções feu<strong>da</strong>is e <strong>do</strong>s direitos sobre as aldeias. Essa instituição<br />
imortal, mas sem alma, com sua <strong>riqueza</strong> de registros minuciosos,<br />
não cedia uma polega<strong>da</strong>, nem libertava nenhum servo ou<br />
arren<strong>da</strong>tário. Na prática, o senhor secular era mais humano, por<br />
ser menos cui<strong>da</strong><strong>do</strong>so, por necessitar de dinheiro imediato, porque<br />
ia morrer... é contra eles [os sacer<strong>do</strong>tes] que os camponesa<br />
se queixam com mais energia.” 49<br />
Os camponeses não se limitavam a fazer queixas enérgicas.<br />
Por vezes, invadiam a proprie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Igreja, lançavam pedras nas<br />
janelas, derrubavam portas e espancavam padres. Freqüentemente,<br />
eram aju<strong>da</strong><strong>do</strong>s nisso pelos burgueses <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des, habitualmente<br />
também às turras com os senhores de terras, religiosos ou não.<br />
A liber<strong>da</strong>de estava no ar e coisa alguma detinha os camponeses<br />
em sua ânsia de conquistá-la. Quan<strong>do</strong> ela não lhes era<br />
concedi<strong>da</strong> de boa vontade, tentavam tomá-la pela força. Foi em<br />
vão que os senhores obstina<strong>do</strong>s e a Igreja lutaram contra a<br />
emancipação. A pressão <strong>da</strong>s forças econômicas foi grande demais<br />
para resistir. A liber<strong>da</strong>de chegara ao fim.<br />
A Peste Negra foi um grande fator para a liber<strong>da</strong>de. Nós, que<br />
vivemos em países civiliza<strong>do</strong>s, onde a medicina realizou grandes<br />
progressos, a higiene é ensina<strong>da</strong> e pratica<strong>da</strong>, na<strong>da</strong> sabemos <strong>da</strong>s<br />
pestes que assolaram continentes inteiros na I<strong>da</strong>de Média. A manifestação<br />
mais pareci<strong>da</strong> que conhecemos é uma epidemia ocasional<br />
de escarlatina ou de influenza, que nos horroriza se o número<br />
de mortes se eleva a centenas. A Peste Negra, porém, matou<br />
mais gente na Europa, no século XIV, <strong>do</strong> que a 1 Guerra<br />
Mundial, com seus quatro anos de morticínio organiza<strong>do</strong>, com<br />
máquinas especialmente fabrica<strong>da</strong>s para isso. Poucos anos depois<br />
<strong>da</strong> Peste Negra, Boccacio, famoso autor italiano, assim a descreveu:<br />
“No ano de N. S de 1348, ocorreu em Florença, a mais bela<br />
ci<strong>da</strong>de de to<strong>da</strong> a Itália, uma peste terrível, que, seja devi<strong>do</strong> à influência<br />
<strong>do</strong>s planetas, ou seja como castigo de Deus aos nossos<br />
peca<strong>do</strong>s, surgira alguns anos antes no Levante, e, depois de passar<br />
de um lugar para outro, provocan<strong>do</strong> grandes <strong>da</strong>nos em to<strong>da</strong><br />
parte, atingiu depois o Ocidente. Aqui, a despeito de to<strong>do</strong>s os<br />
meios que a arte e a previsão humana poderiam sugerir, como<br />
manter a ci<strong>da</strong>de limpa, exclusão de to<strong>da</strong>s as pessoas suspeitas de<br />
moléstia e publicação de copiosas instruções para a preservação<br />
<strong>da</strong> saúde e não obstante as múltiplas e humildes súplicas<br />
49 F. Pollock e F. W. Maitland, History of England Law Before the<br />
Time of Edward I, vol. 1, Cambridge University Press, pp. 378-9