historia da riqueza do homem
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150 HISTÓRIA DA RIQUEZA DO HOMEM<br />
víduo fazer de sua proprie<strong>da</strong>de o que melhor lhe agra<strong>da</strong>sse, desde<br />
que não prejudicasse a outros. Atrás de sua argumentação a<br />
favor <strong>do</strong> comércio livre está a convicção de que o agricultor devia<br />
ter permissão para produzir o que quisesse, para vender<br />
onde desejasse. Naquela época, não só era proibi<strong>do</strong> man<strong>da</strong>r cereais<br />
para fora <strong>da</strong> França sem pagar imposto, como o próprio<br />
trânsito <strong>do</strong> produto de uma parte <strong>do</strong> país para outra era taxa<strong>do</strong>.<br />
A isso se opunham os fisiocratas. Mercier de la Rivière, autor<br />
<strong>da</strong> melhor exposição <strong>do</strong>s princípios defendi<strong>do</strong>s pelos fisiocratas,<br />
assinalou que a liber<strong>da</strong>de completa era essencial ao gozo<br />
<strong>do</strong>s direitos de proprie<strong>da</strong>de: “Não poderá haver grande abundância<br />
de produção sem grande liber<strong>da</strong>de... ...Não é ver<strong>da</strong>de<br />
que um direito que não pode ser exerci<strong>do</strong> deixa de ser um direito?<br />
Portanto, é impossível pensar nos direitos de proprie<strong>da</strong>de<br />
sem liber<strong>da</strong>de... ...O <strong>homem</strong> não empreende na<strong>da</strong> se não tiver o<br />
estímulo <strong>do</strong> desejo de desfrutar o que faz; ora, esse desejo não<br />
nos pode atingir, se for separa<strong>do</strong> <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de de desfrutar.” 159<br />
Os fisiocratas abor<strong>da</strong>vam to<strong>do</strong>s os problemas sob o ângulo<br />
de seus efeitos na agricultura. Argumentavam ser a terra a única<br />
fonte de <strong>riqueza</strong>, e o trabalho na terra o único trabalho produtivo.<br />
Em sua correspondência com Carlos Frederico, Mirabeau<br />
disse: “Nosso camponês, em sua capaci<strong>da</strong>de de lavra<strong>do</strong>r, dedica-se<br />
ao trabalho produtivo e é apenas desse trabalho que procuramos<br />
lucro, desconta<strong>da</strong>s as despesas; em sua quali<strong>da</strong>de de<br />
tecelão, o trabalho que executa é estéril; desempenha uma parte<br />
na totali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s serviços, mas na<strong>da</strong> produz” 160<br />
Diziam os fisiocratas que somente a agricultura fornece as<br />
matérias-primas essenciais à indústria e comércio. Embora concor<strong>da</strong>ssem<br />
que os artesãos podiam ter um papel útil na transformação<br />
<strong>da</strong> matéria-prima em produto acaba<strong>do</strong>, julgavam que ele<br />
não contribuía para aumentar a <strong>riqueza</strong>. Depois de trabalha<strong>da</strong>, a<br />
matéria-prima valia mais, mas o seu aumento de valor não era<br />
igual ao total gasto para pagar ao artesão seu trabalho. Não havia<br />
aumento de <strong>riqueza</strong>. Isso não ocorria com a agricultura, diziam<br />
eles. Enquanto a indústria era estéril, a agricultura era proveitosa.<br />
Muito acima <strong>do</strong> custo <strong>do</strong> trabalho agrícola e <strong>do</strong> lucro<br />
<strong>do</strong> <strong>do</strong>no <strong>da</strong> terra,. havia um produto líqui<strong>do</strong> — devi<strong>do</strong> à generosi<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> Natureza — que representava um ver<strong>da</strong>deiro aumento<br />
159 Le Mercier de la Rivière, L’Ordre Natuvel et Essentiel des Sociétes<br />
Politlques (1767), Geuthner, Paris, 1910, p. 24.<br />
160 C. Knies, op. cit., p. 32.