Bubble Gum – Lolita Pille Página 1 - CloudMe
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que teria feito isso por você! Eu criei um mundo para você, Manon, para que você se sentisse<br />
bem! E você diz que eu arruinei a sua vida! Mas,cocota, eu só estraguei a sua vida no dia em<br />
que decidi sair dela. E, se você me houvesse amado, eu nunca teria saído dela.<br />
— Me dê o controle remoto,<br />
— Não, é o meu controle remoto. A verdade, Manon, é que você não passa de uma<br />
criaturazinha vagabunda de clipe.<br />
— É mentira!<br />
Ela atira numa caixa de som e o Requiem emudece.<br />
— Você não passa de uma safadinba tarada, uma safadinha deslumbrada capaz de qualquer<br />
coisa! Você mataria pai e mãe para estrear numa novela! Você daria para o Homem Elefante<br />
se o Homem Elefante fosse um diretor que valesse a pena! Você jogaria ácido sulfurico na cara<br />
da sua irmã se ela descolasse um papel no seu lugar!<br />
— Eu não tenho irmã.<br />
Ela atira em outra caixa e as Valquírias param de cavalgar.<br />
— O seu argentino foi uma boa foda, sua puta?<br />
— O quê?<br />
— O seu argentino, o seu jogador de pólo que comeu você que nem uma puta no banco de<br />
trás daquela Lamborghini alugada dele.<br />
— Sim, foi uma boa foda, uma ótima foda, a melhor foda da minha vida, eu urrei naquela<br />
noite, Derek, acordei Mônaco inteira!<br />
— Ah, foi? — digo eu, e minha ação diversionária funcionou uma vez que, enquanto berrava os<br />
insultos, consegui chegar até a minha poltrona, onde está a minha capa, e no bolso de dentro<br />
da minha capa está a minha arma. — Ah, é? Repita isso para mim — peço, enquanto tiro o<br />
objeto.<br />
— Eu tive três orgasmos vaginais!<br />
— Très?<br />
— Três.<br />
— É mentira — urro —, você é frígida!<br />
Eu atiro numa caixa e Lou Reed se cala.<br />
— Eu não sou frígida — responde ela, e atira numa outra caixa e Kurt Cobain se cala.<br />
— Pare de ficar atirando nas caixas! — é a minha vez de urrar antes de atirar eu mesmo, por<br />
reflexo, naquela que ampliava o som dos Guns, e os Guns se calam.<br />
— Não — diz ela, fazendo do verbo ação, e o Coro do Exército Vermelho se cala e, como agora<br />
o barulho diminuiu bastante, eu posso falar sem berrar.<br />
— Sabe, eu sofri muito quando soube a respeito do argentino.<br />
Ela suspira.<br />
— Você teria um pouquinho de pó?<br />
— Sim, está em cima da mesa, sobrou uma sobrancelha. A esquerda.<br />
Ela se ajoelha diante da mesa e levanta os cabelos antes de tirar uma nota gasta de pouco<br />
valor do bolso do jeans. Ela enrola a cédula, os olhos abaixados, e seu gesto está impregnado<br />
de lassidão e eu sinto, de repente, um tristeza infinita.<br />
— Você quer uma nota de quinhentos? Estou cheio delas.<br />
— Não, assim está bom, é muito gentileza, obrigada — responde ela antes de cheirar a boca, o<br />
nariz e os dois olhos.<br />
— Puxa, você tem um fôlego danado, agora — digo eu com admiração.<br />
— Obrigada — responde ela modestamente —, é o hábito. Você tem alguma coisa para beber?<br />
Eu passo para ela a minha garrafinha quase vazia.<br />
— Ah, essas porras de miniaturas — diz ela —, eu gostaria de saber quem é a porra do pastel<br />
que as inventou.<br />
Em seguida, ela bebe no gargalo e, ao descansar a garrafínha, me olha com um ar estranho, e<br />
eu percebo que está chorando.<br />
— Por que você está chorando? — pergunto.<br />
<strong>Bubble</strong> <strong>Gum</strong> <strong>–</strong> <strong>Lolita</strong> <strong>Pille</strong> <strong>Página</strong> 101