Bubble Gum – Lolita Pille Página 1 - CloudMe
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cabine telefônica e disquei o número do Georges. Um bando de jovens desocupados me olhou<br />
com maldade. Os vidros da cabine estavam cobertos de anúncios: "Alma danada procura<br />
caubói armado para encontrar um barato no outro mundo". Quase escorrego numa poça de<br />
cerveja. Georges atendeu.<br />
— Alô — disse ele.<br />
— George — disse eu —, é Manon.<br />
Seguiu-se um silêncio.<br />
— Você vai bem? — perguntou Georges.<br />
— Estou em Paris. Acabei de chegar.<br />
— Ah?<br />
— A gente pode se encontrar?<br />
— Ehhh, desculpe, mas... Manon quem?<br />
— Manon, vinte anos, um metro e setenta e dois, portanto um metro e setenta, quarenta e<br />
oito quilos.<br />
Silêncio de Georges.<br />
— Morena. Olhos azuis.<br />
Silêncio de Georges.<br />
— Que bebe Coca-Cola .sem ser light.<br />
Então, abracadabra:<br />
— Ah, Manon! Como vai você, Manon? Você veio, finalmente?<br />
— Finalmente.<br />
— Você tem parentes aqui?<br />
— Não.<br />
— Onde é que você vai dormir?<br />
— Não sei.<br />
— E o que foi que você veio fazer aqui?<br />
— Arrumadeira. Florista. Assassina de aluguel. Modelo.<br />
— Está livre para almoçar?<br />
— Pode-se dizer que sim.<br />
Georges marcou encontro comigo às três horas no Trying So Hard, algum lugar perto da praça<br />
de l'Alma. Desliguei e saí da cabine. Perguntei qual era a direção para o bando de jovens e o<br />
bando de jovens me disse:<br />
— Que porra você estava fazendo dentro da cabine?<br />
— Ninguém telefona mais das cabines.<br />
— Está pensando que está onde?<br />
— Suma daqui, pegue o metrô, é direto.<br />
— Sua puta escrota de cabine.<br />
No metrô, primeiro eu me perdi, mas um camelô de rabo-de-cavalo, em troca de dois euros e<br />
a mão na minha bunda, me mostrou finalmente qual era a estação certa.<br />
Eu saí em frente ao Trying So Hard com menos de vinte minutos de atraso e a sensação de ter<br />
atravessado duas galáxias. Eu esperava que achassem que minha sacola de viagem fosse bolsa<br />
de mão. Georges estava à minha espera folheando uma revista chamada Esquire, ele estava<br />
ainda mais bronzeado que da última vez. Eu fiquei plantada na frente da varanda. Ele<br />
levantou-se, estendeu-me a mão e ofereceu um lugar defronte a ele.<br />
— Bonito short — disse ele.<br />
— O que é que você está lendo? — perguntei.<br />
— Eu não leio, só dou uma espiada.<br />
— Ah é? — respondi.<br />
Ele me mostrou a publicação.<br />
— Olhe essa, ela é boa, parece com a minha filha.<br />
— Talvez seja ela — disse eu.<br />
— Espero que você esteja brincando, minha filha não precisaria ser retocada.<br />
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